Dangerous Younger Cousin

Sabe, de vez em quando, a gente esbarra num filme que, à primeira vista, parece uma coisa, mas depois, na memória, ele vai crescendo, ganhando contornos que a gente não tinha percebido. É o que aconteceu comigo com Dangerous Younger Cousin, lançado lá em 2021. Já se passaram quatro anos desde que Kim Tae-hoon nos trouxe essa obra, e ele ainda me cutuca de um jeito peculiar, me fazendo revisitar aquelas cenas, aqueles olhares carregados de algo mais.

Eu lembro da primeira vez que li a sinopse – ou o que eu esperava dela, dado o título e a tag “softcore” entre os géneros Drama e Família. Minha mente, como a de muitos, provavelmente saltou para certas conclusões, e não vou mentir, uma dose de ceticismo pairava no ar. Afinal, quantas vezes o rótulo “softcore” é apenas uma desculpa para o superficial, para a ausência de profundidade real? Mas Dangerous Younger Cousin desafiou essa expectativa, ou pelo menos tentou, e é por isso que ele ainda pulsa na minha mente. Não é uma obra-prima inquestionável, longe disso, mas possui uma honestidade crua, quase incômoda, sobre as linhas tênues que separam o afeto familiar da atração proibida.

A premissa, como o próprio título sugere, mergulha nas complexidades e nos perigos implícitos nas relações de parentesco, especialmente quando a juventude e a inexperiência colidem com desejos que deveriam permanecer adormecidos. O diretor Kim Tae-hoon não hesita em nos colocar numa sala onde o ar está pesado, onde a respiração de um personagem parece ecoar as batidas aceleradas do nosso próprio coração. Não é sobre o que acontece explicitamente, mas sobre a iminência, sobre o silêncio preenchido por anseios não ditos, pelos tremores de mãos que mal conseguem conter a si mesmas. Pense naqueles jantares de família onde o sorriso de um é forçado, e o olhar do outro se demora um pouco demais. É essa tensão palpável que o filme tenta capturar e explorar.

O que me intrigou, e ainda intriga, é como ele tenta equilibrar o elemento “softcore” com o drama familiar genuíno. É fácil cair no sensacionalismo, mas Dangerous Younger Cousin parece mais interessado em explorar o motivo por trás da quebra de tabus, as cicatrizes emocionais que tais atos podem deixar. Os membros do elenco principal – 윤율, Yoo Ji-hyun, Lee Chae-dam, 민도윤 e Ji Min-iI – embora sem nomes de personagens definidos para nós aqui, parecem se entregar a essa dança delicada. Eles não são meros peões; vemos neles uma humanidade frágil, as consequências de suas escolhas ecoando em seus olhos. É um jogo de nuances: um toque que se estende por um segundo a mais do que o socialmente aceitável, um diálogo que, na superfície, é inocente, mas nas entrelinhas, carrega uma carga erótica e perigosa.

AtributoDetalhe
DiretorKim Tae-hoon
Elenco Principal윤율, Yoo Ji-hyun, Lee Chae-dam, 민도윤, Ji Min-iI
GêneroDrama, Família
Ano de Lançamento2021

Kim Tae-hoon, com sua direção, parece entender que o verdadeiro perigo não está no ato em si, mas na teia de emoções, culpa e desejo que o antecede e o sucede. Ele usa a câmara para nos fazer cúmplices, para nos fazer sentir o desconforto e a atração que os personagens experimentam. É um espelho, tá ligado? Ele reflete as partes de nós mesmos que preferiríamos não encarar, aquelas curiosidades mórbidas sobre o que acontece quando as convenções sociais são jogadas pela janela.

Claro, não é um filme para todos. A mescla de drama familiar com o componente “softcore” pode ser indigesta para alguns, e é compreensível. Há momentos em que o roteiro vacila, em que a promessa de profundidade parece se esvair em prol de cenas mais… previsíveis. Mas mesmo nessas falhas, há uma tentativa de dizer algo sobre a natureza humana, sobre a linha tênue entre amor e obsessão, sobre a inocência perdida e os segredos guardados a sete chaves.

Olhando para trás, de setembro de 2025, para esse filme de 2021, percebo que Dangerous Younger Cousin me deixou mais perguntas do que respostas, e talvez seja esse o seu maior trunfo. Ele não é sobre julgar, mas sobre observar. Ele nos força a questionar: o que torna um primo perigoso? É a idade, a beleza, a proximidade, ou algo mais profundo e incontrolável que reside em nós mesmos? No final das contas, talvez o maior perigo não esteja no outro, mas na permissão que damos aos nossos próprios desejos de subverter a ordem estabelecida. E por me fazer pensar nisso, mesmo anos depois, acho que Dangerous Younger Cousin cumpriu seu papel, deixando uma marca estranhamente persistente na minha memória.

Ofertas Imperdíveis na Shopee

Que tal uma pausa? Confira as melhores ofertas do dia na Shopee!

Aproveite cupons de desconto e frete grátis* em milhares de produtos. (*Consulte as condições no site).

Ver Ofertas na Shopee