Dasim

Dasim: Um Terror que Assombra (e Deixa Marcas)

Lançado em 2025, Dasim chegou aos cinemas prometendo um terror sobrenatural de tirar o fôlego, e, em boa parte, cumpre a promessa. A sinopse oficial, discreta em detalhes para evitar spoilers, nos apresenta Salma e Arman, um casal que se envolve em eventos perturbadores relacionados a um jinn, mergulhando-os num mundo de possessão, mistério e horrores sobrenaturais. A presença de um mistério central, ancorado em um suposto incidente real, já me deixou intrigado antes mesmo da sessão.

A direção de Ginanti Rona Tembang Asri é um ponto alto. A construção da atmosfera opressiva é magistral, utilizando-se habilmente de sombras, silêncios e momentos de suspense calculados milimetricamente para manter o público na ponta da cadeira. As escolhas estéticas, inclusive, remetem a clássicos do terror asiático, mas sem cair na mera imitação, encontrando uma identidade própria. A fotografia, escura e granulada em vários momentos, intensifica a sensação de claustrofobia e mal estar.

O roteiro, assinado por uma equipe competente, apesar de um ou outro tropeço narrativo (alguns diálogos poderiam ter sido mais concisos), demonstra um bom domínio do gênero. A trama, embora se apoie em elementos comuns do terror sobrenatural – jinn, possessão demoníaca, rituais religiosos -, consegue evitar a repetição e apresenta alguns reviravoltas surpreendentes. O mito do jinn é explorado com respeito e inteligência, sem cair em estereótipos preconceituosos, o que é um ponto positivo a ser destacado em um gênero que frequentemente os utiliza.

As atuações são, em sua maioria, excelentes. Zulfa Maharani como Salma e Omar Daniel como Arman conseguem transmitir a fragilidade e o desespero dos personagens diante do sobrenatural com uma credibilidade impressionante. Meriam Bellina, em um papel menor, mas crucial, entrega uma performance marcante, acrescentando camadas de mistério à narrativa. No entanto, algumas atuações secundárias poderiam ter sido mais trabalhadas para adicionar profundidade à história.

Um dos pontos fortes de Dasim é, sem dúvida, a sua capacidade de provocar medo real, não apenas sustos baratos. O filme se concentra na construção psicológica do terror, explorando a vulnerabilidade dos personagens e a crescente sensação de pavor que os envolve. Por outro lado, um ponto fraco – e que me incomodou um pouco – é a resolução do mistério. Apesar de satisfatória em termos de impacto emocional, achei a explicação final um pouco apressada, deixando algumas pontas soltas que poderiam ter sido melhor amarradas.

Dasim explora temas complexos como fé, crença, e a fragilidade da mente humana diante do inexplicável. A exploração do contexto religioso indonésio, sem ser didática, adiciona riqueza à narrativa, tornando-a ainda mais fascinante. A mensagem implícita do longa-metragem – a importância da fé e da resiliência em tempos difíceis – embora sutil, ressoa com o espectador muito depois dos créditos finais.

Em resumo, Dasim é um filme de terror que vale a pena ser visto. Apesar de alguns pequenos defeitos, as qualidades técnicas, as atuações sólidas e o clima de suspense cuidadosamente construído compensam amplamente os aspectos menos satisfatórios. Recomendo fortemente a experiência, principalmente aos fãs do gênero que apreciam um terror mais psicológico e atmosférico do que repleto de cenas de gore gratuitas. A expectativa para o impacto de Dasim em plataformas digitais, após sua exibição em cinemas, é alta. Aguardemos os comentários da crítica especializada e a reação do público após o lançamento em streaming, que será uma excelente medida do sucesso deste trabalho. Se você busca um terror que realmente o perturbe, 21 de Setembro de 2025 foi um dia memorável para o gênero, e Dasim será lembrado.