De Pernas pro Ar

De Pernas pro Ar: Uma Comédia Familiar que Envelheceu Bem (ou Não?)

Dezesseis anos se passaram desde que De Pernas pro Ar (2009) chegou aos cinemas, e a nostalgia me impulsionou a revisitar essa comédia familiar estrelada por Danny DeVito, um elenco com Brie Larson numa fase inicial da carreira e a sempre ótima Katey Sagal. O filme acompanha um pai (DeVito) que, prestes a desfrutar da aposentadoria, toma medidas drásticas para motivar seus filhos adultos, ainda dependentes, a se tornarem independentes. É uma premissa simples, e talvez aí esteja a chave para entender o que funciona e o que não funciona tão bem neste longa.

A Direção, o Roteiro e as Atuações: Um Mix Desigual

Sam Harper, responsável pela direção e roteiro, opta por um humor físico e situações exageradas, típicos das comédias americanas do final dos anos 2000. O problema é que, em 2025, essa fórmula, apesar de ter seus momentos divertidos, parece um tanto datada. Há um ritmo irregular: alguns gags funcionam muito bem, arrancando boas risadas, enquanto outros caem completamente por terra, resultando em momentos de constrangimento até para o espectador mais tolerante.

As atuações são o ponto alto. Danny DeVito, como sempre, é um show à parte. Sua energia contagiante e a capacidade de transitar entre o hilário e o terno sustentam boa parte do filme. Brie Larson, ainda longe do Oscar, mostra uma capacidade de comédia que, infelizmente, não teve tanta oportunidade de florescer em sua carreira posterior. Katey Sagal, por sua vez, cumpre seu papel com a naturalidade e o talento que a caracterizam, sendo a personificação da matriarca sofrida e amorosa. Os demais membros do elenco, porém, ficam em um segundo plano, sem grande impacto na narrativa.

Pontos Fortes e Fracos: Uma Análise Implacável

Um dos grandes acertos do filme reside em sua premissa. A ideia de um pai tomando medidas desesperadas para ver os filhos “voarem do ninho” é universal e ressoa com muitas famílias. A dinâmica familiar, apesar de caricata, consegue ser tocante em momentos. O humor, apesar de, como mencionei, um pouco ultrapassado, tem seus momentos de brilho e consegue ser eficaz em algumas situações.

Por outro lado, o roteiro peca por não aprofundar os personagens. As motivações dos filhos, além da dependência financeira, ficam superficiais. Há uma certa preguiça em desenvolver conflitos mais complexos, optando por soluções fáceis e previsíveis. O ritmo irregular e a insistência em certos tipos de piadas, que não funcionam com a mesma eficácia que há 16 anos, também atrapalham a experiência.

Temas e Mensagens: A Busca pela Independência

Apesar de suas falhas, De Pernas pro Ar explora temas relevantes sobre a transição para a vida adulta, a dependência familiar e a importância da independência. A comédia serve como um veículo para abordar essas questões, mas de forma leve e sem pretensões de profundidade. É uma mensagem simples, mas que pode ter ressonância com o público, especialmente aqueles que se identificam com a complexa relação entre pais e filhos adultos.

Conclusão: Vale a Pena Revisitar?

De Pernas pro Ar é um filme que envelheceu de forma desigual. Há momentos brilhantes, especialmente nas atuações de Danny DeVito e Brie Larson, e a premissa ainda consegue entreter. No entanto, o humor datado e o roteiro pouco elaborado impedem que o longa alcance seu pleno potencial. Recomendo sua exibição apenas para aqueles que apreciam comédias leves e sem grandes pretensões, ou para quem busca um filme para assistir em família, lembrando que o humor pode não ser compatível com a sensibilidade de todos os públicos. Se você espera uma comédia sofisticada e com nuances dramáticas, procure em outro lugar. Mas se busca uma forma de matar a saudade de alguns bons atores em um filme despretensioso que você pode encontrar facilmente em alguma plataforma digital, De Pernas pro Ar pode ser uma opção razoável para uma tarde de domingo descompromissada.