Deu a Louca no Aladin: Uma Comédia que Rouba (Quase) Seu Coração
Dez anos se passaram desde que Deu a Louca no Aladin estreou nos cinemas brasileiros, em 10 de fevereiro de 2017. Lembro-me de ter saído da sessão com um misto de diversão leve e uma pontinha de frustração. Aquele tipo de filme que te diverte no momento, mas que talvez não se torne um clássico instantâneo a ser revisado repetidamente. E, olhando para trás, minha avaliação permanece, em essência, a mesma.
O filme conta a história de Sam e Khalid, dois aspirantes a ladrões que, em um plano desastroso para assaltar uma loja de departamentos, se veem encurralados por um grupo de crianças e, num ato de desespero, decidem improvisar uma versão, digamos… peculiar, da história de Aladino. É uma premissa divertida, que promete uma mistura de comédia pastelão e um toque de fantasia, e, em parte, cumpre essa promessa.
A direção de Arthur Benzaquen é eficiente em criar uma atmosfera de comédia frenética, com sequências de ação (ou melhor, pseudo-ação) que se beneficiam de um ritmo ágil. O problema reside, talvez, na falta de uma identidade visual mais marcante. A estética é funcional, sem grandes esforços de inovação ou originalidade. O roteiro, por sua vez, oscila entre momentos genuinamente engraçados e outros que se perdem em piadas previsíveis e gags físicas um tanto repetitivas. Há uma certa preguiça criativa em alguns momentos, que contrasta com a energia inicial da trama.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Arthur Benzaquen |
Produtores | Daniel Tordjman, Jérôme Seydoux |
Elenco Principal | Kev Adams, Eric Judor, Jean-Paul Rouve, Vanessa Guide, Michel Blanc |
Gênero | Comédia, Fantasia, Aventura |
Ano de Lançamento | 2015 |
Produtoras | Artémis Productions, M6 Films, 74 Films, Pathé, Canal+, Ciné+, M6, W9, La Wallonie, Shelter Prod, Cinémage |
O elenco, no entanto, é um ponto forte. Kev Adams, como Sam/Aladino, entrega uma performance carismática, transmitindo bem a energia frenética do personagem e a sua vulnerabilidade. Eric Judor, no papel do Gênio, consegue roubar algumas cenas com seu humor peculiar, ainda que sua atuação não tenha o brilho inesquecível de outros grandes Gênios cinematográficos. Jean-Paul Rouve e Michel Blanc, como o Vizir e o Sultão, respectivamente, cumprem seus papéis com competência, adicionando à dinâmica cômica. No entanto, senti falta de uma química mais forte entre os personagens, o que prejudica o desenvolvimento de relacionamentos mais profundos e memoráveis.
O maior trunfo de Deu a Louca no Aladin é a sua leveza. É um filme que não se leva a sério, e essa despretensão é, por vezes, seu maior encanto. Ele funciona como uma escapismo momentâneo, perfeito para uma tarde de domingo em que se busca apenas um pouco de diversão descomprometida. Mas, ao mesmo tempo, essa mesma falta de ambição é, em última análise, sua maior fraqueza. O filme poderia ter explorado melhor os temas da amizade, da família e do autoconhecimento, que são brevemente sugeridos na narrativa, mas nunca totalmente desenvolvidos.
A mensagem central, se é que há uma mensagem central definida, gira em torno da importância da amizade e da capacidade de improvisação em momentos de crise. Mas essa mensagem é apresentada de forma superficial, sem a profundidade necessária para ressoar de forma mais significativa no público.
Em resumo, Deu a Louca no Aladin é um filme de comédia aceitável, perfeito para uma sessão despretensiosa. Não esperem uma obra-prima cinematográfica, nem mesmo uma releitura inovadora da clássica história de Aladino. Mas se estiverem à procura de algumas risadas fáceis, sem grandes compromissos, vale a pena dar uma chance. Recomendaria sua exibição em plataformas de streaming, em vez de procurar por ele em videolocadoras (que hoje, me parece, são coisa do passado!).