Doula

Doula: Uma Comédia que Toca nos Pontos Certos (e em Outros Nem Tanto)

Confesso, ao ver a sinopse de Doula pela primeira vez em 2022, meus olhos quase rolaram para cima. Mais uma comédia romântica sobre gravidez? Já não bastam? Mas algo naquela pequena descrição – uma doula não convencional, um triângulo amoroso inesperado – me picou a curiosidade. Três anos depois, tendo finalmente assistido ao filme, posso dizer que Doula não é exatamente a revolução que o cinema precisava, mas consegue ser uma comédia leve e surpreendentemente tocante, mesmo com seus tropeços.

A história acompanha Deb e Silvio, um casal esperando seu primeiro filho. A morte repentina da parteira de Deb leva Silvio a contratar Sascha, o filho da falecida, como doula, sem consultar a esposa. A dinâmica entre Deb e Sascha, que inicialmente é tensa, evolui para uma amizade inesperada, enquanto Silvio se sente cada vez mais à margem. É um cenário que, nas mãos erradas, poderia se tornar um desastre melodramático. Felizmente, Doula opta pelo caminho da comédia, com pitadas de drama que funcionam como um tempero na receita.

A direção de Cheryl Nichols é competente, conseguindo equilibrar o humor com momentos de sensibilidade. Não há grandes inovações visuais, mas a narrativa flui bem, conduzindo o espectador pela jornada da protagonista com eficácia. O roteiro, escrito pelo próprio Arron Shiver (que também interpreta Silvio), apresenta alguns clichês do gênero, mas sabe usá-los a seu favor. Os diálogos são, em sua maioria, bem-humorados e naturais, evitando o tom artificial que muitas comédias românticas sofrem.

As atuações são o ponto forte do filme. Troian Bellisario entrega uma performance carismática e convincente como Deb, transmitindo sua vulnerabilidade e força ao mesmo tempo. Will Greenberg, como Sascha, rouba a cena com sua interpretação divertida e descolada, criando um personagem memorável e cativante. Arron Shiver, apesar de cair em alguns estereótipos masculinos, demonstra um bom timing cômico e consegue gerar empatia, mesmo quando seu personagem se mostra um tanto quanto…insuportável. O elenco de apoio, com Ally Maki e Amanda Walsh, completa o quadro com atuações sólidas.

Doula não foge de temas importantes como a pressão sobre as mulheres grávidas, a mudança de dinâmica nos relacionamentos após a chegada de um filho, e a importância do apoio emocional durante a gestação. Entretanto, a abordagem é superficial, o que pode ser visto tanto como um ponto forte quanto um ponto fraco. A superficialidade permite que o filme mantenha um tom leve e divertido, sem se perder em complexidades desnecessárias. Por outro lado, isso impede uma exploração mais profunda dessas questões, que poderiam ter adicionado mais peso e complexidade à narrativa.

O grande defeito de Doula, na minha opinião, reside na sua previsibilidade. O arco narrativo é bastante óbvio, e quem estiver familiarizado com o gênero de comédia romântica conseguirá prever boa parte dos acontecimentos. Isso, em grande medida, diminui o impacto emocional das situações e torna a experiência um pouco menos gratificante.

No fim das contas, Doula, lançado no Brasil em 21 de julho de 2022, é um filme que eu recomendo para uma noite de entretenimento leve e despretensioso. Ele não irá revolucionar o gênero, nem se destacará na filmografia de seus protagonistas, mas proporciona risadas genuínas e momentos de identificação para quem já passou (ou está passando) por experiências semelhantes à gestação. Se você busca uma comédia romântica divertida e sem grandes pretensões, Doula pode ser uma boa opção disponível em plataformas digitais. Apenas não espere ser surpreendido a cada esquina. Afinal, assistir Doula em 2025 é como rever um amigo querido: já sabemos a história, mas apreciamos a companhia.