Dragon Inn Parte 1: A Cidade da Tristeza

Dragon Inn Parte 1: A Cidade da Tristeza – Uma Ode à Violência Estilizada (e às Suas Falhas)

Cinco anos se passaram desde que Dragon Inn Parte 1: A Cidade da Tristeza chegou às telas, em 2020, e, mesmo com o tempo, a memória das suas cenas brutais e coreografias de luta visceral ainda me assombram – no melhor sentido da palavra, claro. Este filme de ação sul-coreano, dirigido por Choi Sang-hun e escrito por Han Seung-yeop, apresenta uma organização secreta de justiceiros que opera nas sombras de uma cidade corrompida. A trama gira em torno de seus esforços para combater a criminalidade desenfreada, mas, como esperado, a interferência com os criminosos mais poderosos gera consequências devastadoras.

A sinopse, em poucas palavras, esconde uma montanha de ação bruta e personagens complexos. Não espere sutileza ou nuances psicológicas profundas; “Dragon Inn Parte 1” é um filme que se joga de corpo e alma na violência, e isso, por si só, já é um trunfo considerável. A trama, apesar de simples, serve como um excelente pretexto para mostrar a capacidade de luta impecável dos protagonistas, com destaque para o carismático Cheol-min, interpretado por Ji-il-ju.

A Coreografia da Violência e o Peso da Interpretação

A direção de Choi Sang-hun merece aplausos. Ele consegue equilibrar a frenética coreografia das lutas com momentos de tensão calculada, criando uma experiência visualmente gratificante. As cenas de ação são, sem sombra de dúvidas, o ponto alto do filme. Cada movimento é preciso, cada golpe é carregado de peso, e a câmera acompanha a ação de forma inteligente, sem jamais deixar o espectador se perder no turbilhão de socos e chutes. A edição contribui de forma significativa para a energia frenética e impactante das cenas de ação.

Entretanto, as atuações, embora competentes, não atingem o mesmo nível de excelência. Ji-il-ju, como Cheol-min, carrega o filme em seus ombros com uma presença de tela inegável, mas alguns dos outros personagens se perdem em meio à avalanche de violência. A falta de desenvolvimento de alguns personagens secundários prejudica a imersão na narrativa. Apesar disso, a química entre Ji-il-ju e Park Jung-hwa (como Ji-hye) consegue criar uma dinâmica interessante e mantém o espectador engajado.

Um Banquete de Ação com Temperos Inconstantes

O roteiro de Han Seung-yeop peca por sua simplicidade. A trama é funcional, servindo como um estopim para as sequências de ação, mas pouco mais que isso. A ausência de profundidade na narrativa é, ao mesmo tempo, um ponto fraco e um ponto forte. Ele permite que o filme se concentre naquilo que faz de melhor: a ação visceral e a estética visualmente chamativa. Para aqueles que buscam um enredo denso e cheio de reviravoltas, “Dragon Inn Parte 1” pode decepcionar. Mas se você curte um filme de ação sem rodeios, direto ao ponto, este é para você.

O filme também aborda temas interessantes, como a falha do sistema legal e a justiça pelas próprias mãos, mas esses temas são tratados de forma superficial. É uma pena, pois com um pouco mais de profundidade, o filme poderia ter se elevado a outro nível.

Recomendação e Considerações Finais

Cinco anos depois de seu lançamento, Dragon Inn Parte 1: A Cidade da Tristeza continua sendo uma experiência cinematográfica interessante e válida, principalmente para os amantes de ação hardcore. Apesar de suas falhas narrativas, a qualidade da direção e a coreografia impecável das lutas elevam o filme acima da média. Se você busca um longa-metragem que prioriza a ação brutal e a estética visual, não hesite em procurar por ele nas plataformas digitais. A ausência de profundidade na narrativa pode ser um obstáculo para alguns, mas a energia e a intensidade da violência compensam, em grande parte, essa deficiência. Recomendo-o, com a ressalva de que você não deve esperar um filme de grandes reflexões filosóficas ou um enredo complexo. Este é um filme para assistir com os sentidos aguçados, pronto para ser transportado para o frenesi da ação coreografada.