Echo Boomers: A Geração Esquecida

Echo Boomers: Um assalto à alma, não apenas aos bancos

Cinco pós-graduados, frustrados com a realidade de um mercado de trabalho inclemente e um futuro nebuloso, decidem tomar o destino em suas próprias mãos – ou melhor, nas mãos de outros, mais especificamente, nas mãos dos ricos. Em “Echo Boomers”, acompanhamos essa jornada audaciosa que se equilibra entre a comédia negra e o drama visceral de jovens à beira de um colapso existencial. Lançado em 2020, e chegando ao Brasil em 11 de junho de 2021, o filme, para mim, permanece como um dos longas mais interessantes e perturbadores que vi nos últimos anos.

A direção de Seth Savoy é, sem dúvida, um dos pontos altos. Concordo com a crítica que aponta a energia cinética do filme, uma pulsação frenética que acompanha a crescente tensão do plano dos protagonistas. Savoy, junto a Jason Miller e Kevin Bernhardt, construiu um roteiro que, apesar de alguns deslizes narrativos que comentarei a seguir, transborda personalidade. Não se trata de um roteiro previsível; há reviravoltas inteligentes e momentos de pura adrenalina que me mantiveram grudado na tela do começo ao fim. A referência a um cineasta favorito é pertinente, já que o filme bebe da mesma fonte de energia visual e narrativas inusitadas. Mas aqui, Savoy demonstra ter construído sua própria assinatura.

O elenco entrega atuações sólidas. Michael Shannon, como sempre, se destaca com sua intensidade contida, e Alex Pettyfer entrega uma performance surpreendentemente convincente como o líder do grupo. Lesley Ann Warren, Patrick Schwarzenegger e Oliver Cooper completam o elenco com interpretações que, embora não sejam tão memoráveis quanto as dos protagonistas principais, contribuem para a dinâmica do grupo e suas complexas relações.

Entretanto, o filme não é perfeito. A trama, apesar de sua energia frenética, apresenta alguns buracos e incongruências. Certos desenvolvimentos narrativos parecem apressados, quase forçados a conduzir a narrativa rumo ao clímax. A relação entre a dimensão social que o filme aborda – a crise de valores da geração pós-crise financeira – e a escolha pelo roubo como forma de revolta poderia ter sido explorada com mais profundidade. Apesar de abordar a angústia e a frustração dessa geração, o filme, em alguns momentos, parece simplificar demais as motivações dos personagens.

Apesar dos seus pontos fracos, “Echo Boomers” acerta em cheio ao retratar a angústia de uma geração perdida. É um filme sobre a busca por significado em um mundo que parece oferecer cada vez menos oportunidades. A escolha do “heist” como elemento central da narrativa não é apenas um dispositivo de enredo, mas uma metáfora da própria luta pela sobrevivência e pela busca de um futuro melhor. O filme toca em temas importantes, que ecoam muito além das telas, resonando com a realidade de muitos que se sentem marginalizados e esquecidos em um sistema econômico que parece favorecer apenas uma minoria.

Para concluir, “Echo Boomers” é um longa-metragem imperfeito, mas fascinante. Se você gosta de thrillers com um toque de drama existencial e não se importa com algumas imperfeições narrativas, este filme é uma ótima pedida. Considerando a data de hoje, 23 de setembro de 2025, ainda recomendo fortemente procurar por ele nas plataformas digitais. É um filme que, apesar de seus defeitos, provocou em mim reflexões e discussões muito tempo depois de ter assistido, e acredito que terá o mesmo efeito em outros espectadores. Recomendo-o com reservas, para um público que valoriza mais a experiência e os temas abordados do que a perfeição técnica.