Elio: Uma Aventura Cósmica que Transcende as Estrelas (ou Não?)
Confesso: cheguei ao cinema em 13 de setembro de 2025 com expectativas altíssimas para Elio. A Pixar, afinal, raramente decepciona. E as prévias prometiam uma jornada espacial vibrante, repleta de humor e coração. Mas, como um bom crítico, devo dizer que “Sickeningly incredible” – como alguns descreveram – talvez seja um exagero. Elio é bom, sim, muito bom em alguns aspectos, mas longe de ser perfeito, e a experiência, para mim, foi mais complexa do que uma simples declaração de “genialidade”.
A sinopse, basicamente, resume tudo: Elio, um garoto solitário e imaginativo, é inadvertidamente transportado para o Comuniverso, um lugar repleto de criaturas alienígenas bizarras e maravilhosas. Confundido com o embaixador da Terra, ele embarca em uma aventura épica, enfrentando perigos e forjando amizades improváveis. Mas essa jornada, na verdade, é uma metáfora para a busca pela identidade e o amadurecimento.
A direção, assinada por um trio talentoso (Madeline Sharafian, Domee Shi e Adrian Molina), é visualmente deslumbrante. A Pixar mais uma vez se supera na qualidade da animação em CGI, criando um universo alienígena rico em detalhes e visualmente fascinante. A paleta de cores é uma delícia, e a animação das expressões faciais dos personagens, especialmente as criaturas extraterrestres, é simplesmente fantástica. No entanto, senti que a narrativa, às vezes, ficou um pouco presa a si mesma, perdendo o fôlego em alguns momentos de transição, o que deixou a aventura um pouco menos emocionante do que poderia ter sido.
Atributo | Detalhe |
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Diretores | Madeline Sharafian, Domee Shi, Adrian Molina |
Roteiristas | Julia Cho, Mark Hammer, Mike Jones |
Produtora | Mary Alice Drumm |
Elenco Principal | Yonas Kibreab, Zoe Saldaña, Remy Edgerly, Brandon Moon, Brad Garrett |
Gênero | Animação, Família, Comédia, Aventura, Ficção científica |
Ano de Lançamento | 2025 |
Produtora | Pixar |
O roteiro, escrito por Julia Cho, Mark Hammer e Mike Jones, é onde as coisas ficam mais complexas. Ele equilibra com sucesso o humor, a aventura e a profundidade emocional, mas a tentativa de abordar temas complexos como solidão, aceitação e a busca pelo propósito, em um filme infantil, resulta em momentos um tanto didáticos e previsíveis. A construção do vilão, Lord Grigon, por exemplo, é bastante estereotipada, faltando aquela complexidade que tornaria a trama mais intrigante. A relação entre Elio e sua tia Olga, interpretada com competência por Zoe Saldaña, é um dos pontos altos, mas poderia ter sido ainda mais explorada.
As Estrelas e os Pontos Fracos
Entre os pontos fortes, a dublagem em inglês merece destaque. Yonas Kibreab traz uma doçura e vulnerabilidade cativantes para Elio. O elenco de apoio, com nomes como Remy Edgerly, Brandon Moon e Brad Garrett, também cumpre bem sua função. As criaturas alienígenas são uma verdadeira festa para os olhos e têm personalidades únicas e memoráveis. O uso criativo de elementos de ficção científica, como o rádio amador e a comunicação interestelar, também adiciona um toque interessante à narrativa. A cena pós-créditos, aliás, foi uma grata surpresa.
Por outro lado, Elio sofre de um ritmo irregular. Alguns momentos se arrastam, enquanto outros passam muito rápido. A trama, embora emocionante em sua maior parte, apresenta alguns buracos narrativos que podem deixar os espectadores mais atentos um pouco insatisfeitos. E, sinceramente, alguns diálogos soaram um pouco forçados na busca por um humor mais leve e infantil.
Uma Mensagem para Além das Galáxias
O filme explora temas relevantes para crianças e adolescentes, como a busca por pertencimento, a importância da amizade e a aceitação das diferenças. A mensagem central, no entanto, é um tanto óbvia e já muito explorada em outros filmes do gênero. A jornada de Elio para se encontrar e aceitar quem ele é é inspiradora, mas poderia ter sido mais sutil e menos explícita.
Veredito
Elio, apesar de seus defeitos, é um filme divertido e visualmente deslumbrante. A Pixar demonstra mais uma vez sua capacidade de criar animações de alta qualidade e histórias que conseguem cativar crianças e adultos. Ele não é uma obra-prima revolucionária, como alguns podem ter declarado antes mesmo do lançamento em 19 de junho de 2025 no Brasil, mas sim uma agradável aventura espacial que vale a pena ser vista. Recomendo especialmente para famílias com crianças de pré-adolescentes, que irão se divertir com as aventuras de Elio e, quem sabe, se identificar com sua jornada de autodescoberta. Afinal, mesmo as estrelas mais brilhantes podem ter algumas manchas.