Confined: Uma descida aos infernos que te deixará sem fôlego (mas talvez não totalmente satisfeito)
Três anos se passaram desde que Em Confinamento estreou nos cinemas brasileiros em 16 de novembro de 2022. Lembro-me bem da expectativa em torno do filme, um thriller promissor com Henry Thomas no elenco – o próprio Elliott de E.T.! A premissa era simples, mas eficaz: um encanador testemunha um assassinato e se vê preso em um porão por bandidos implacáveis, numa corrida contra o tempo para sobreviver. A promessa de suspense claustrofóbico e uma dose generosa de tensão era tentadora. Será que Em Confinamento cumpriu essa promessa? A resposta, como a maioria das coisas na vida, é complexa.
Um roteiro que prende… até um certo ponto
Jacob D. Wehrman nos entrega um roteiro que, na sua primeira metade, funciona como uma máquina bem oleada. A construção da tensão é gradual, os personagens são apresentados de forma eficaz (apesar de alguns arquétipos um tanto óbvios), e o mistério por trás da fortuna roubada te deixa fisgado. A atmosfera de pequena cidade, corrompida pela presença de drogas e exploração ilegal de madeira, é palpavelmente densa, contribuindo para a sensação de claustrofobia que se intensifica à medida que Robert, o encanador interpretado por um convincente Henry Thomas, vai sendo encurralado. A dinâmica entre ele e os criminosos, em especial o ameaçador Sterling (Bradley Stryker), é palpável. Você sente a impotência de Robert, a sua luta pela sobrevivência.
Porém, no segundo ato, o roteiro patina. Algumas reviravoltas são previsíveis, outras parecem existir apenas para alongar a duração do filme, que, por sinal, poderia ter sido mais conciso. A trama se complica demais, e a resolução, embora não totalmente insatisfatória, não possui o impacto que se espera após tanta construção. Acho que a ideia central, a luta pela sobrevivência em um espaço confinado, poderia ter sido explorada com mais profundidade, em detrimento de algumas sub-tramas que se mostram dispensáveis.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | L. Gustavo Cooper |
Roteirista | Jacob D. Wehrman |
Produtores | Steven Paul, Scott Karol |
Elenco Principal | Henry Thomas, Bradley Stryker, C. Ernst Harth, Jennifer Robertson, Olivia Taylor Dudley |
Gênero | Thriller, Crime, Terror |
Ano de Lançamento | 2022 |
Produtoras | SP Media Group, Wonder Street, Front Street Pictures |
Direção eficiente, atuações sólidas
L. Gustavo Cooper demonstra competência na direção, mantendo a tensão por um bom tempo. A fotografia é eficaz em criar a atmosfera opressiva do porão, e a edição contribui para o ritmo frenético dos momentos mais tensos. As atuações, em geral, são sólidas. Henry Thomas entrega uma performance crível, mostrando o desespero e a resiliência de Robert. Bradley Stryker também se destaca como o antagonista, transmitindo uma aura de perigo sem precisar de grandes excessos. O restante do elenco cumpre o seu papel, embora alguns personagens fiquem pouco explorados.
Pontos fortes e fracos: um thriller com potencial desperdiçado
Os pontos fortes de Em Confinamento residem na sua atmosfera tensa, nas atuações convincentes e na premissa envolvente. A construção da primeira metade do filme é exemplar, te mantendo na ponta da cadeira. O filme se destaca também pela sua exploração de temas como a corrupção policial e a luta pela sobrevivência em situações extremas.
Por outro lado, o roteiro se perde em suas próprias complexidades na segunda metade, tornando-se previsível e pouco original em alguns momentos. A resolução, como mencionei, poderia ter sido mais impactante e satisfatória.
Uma mensagem sobre resiliência e sobrevivência?
Em Confinamento explora, de forma superficial, a resiliência humana diante da adversidade. Robert, apesar de estar em uma situação desesperadora, não se entrega. A luta pela sobrevivência se torna, por si só, um poderoso motor da narrativa. Mas, na minha opinião, o filme poderia ter aprofundado esse tema, explorando as motivações de Robert e suas reações emocionais com mais nuances.
Conclusão: vale a pena assistir?
Apesar dos seus defeitos, Em Confinamento ainda consegue ser um thriller eficiente, capaz de te prender por um bom tempo. Se você busca um filme com suspense constante e uma atmosfera claustrofóbica, vale a pena dar uma chance. Entretanto, não espere uma obra-prima. A experiência de assistir a Em Confinamento é como encontrar um diamante bruto – brilhante em alguns aspectos, mas com potencial desperdiçado em outros. Recomendo a sua exibição, mas vá com expectativas realistas. Você poderá encontrá-lo em diversas plataformas de streaming atualmente.