Enola Holmes 2: A Consolidação de uma Estrela e o Mistério que a Fez Brilhar
Três anos se passaram desde que Enola Holmes 2 invadiu nossas telas em 2022, e, reafirmo sem pestanejar, este longa-metragem não é apenas uma sequência que se sustenta; ele eleva o patamar, solidificando a jornada de sua protagonista de forma notável. Já não é surpresa para ninguém que a saga da irmã mais nova de Sherlock Holmes, interpretada com brilho por Millie Bobby Brown, conquistou corações ao redor do globo. Mas, se o primeiro filme nos apresentou a uma jovem destemida e cheia de potencial, o segundo nos entregou uma detetive em plena ascensão, com um mistério que faz jus ao sobrenome que carrega.
Não há como negar: havia uma pressão considerável sobre este filme. Como manter o charme e o frescor do original, ao mesmo tempo em que se aprofunda na trama e no desenvolvimento dos personagens? A resposta veio com uma confiança contagiante, uma aposta certeira que transformou a experiência. O que antes era uma aventura com toques de mistério, agora se tornou um mistério com pitadas de aventura – uma distinção sutil, mas crucial, que os trechos de críticas da época já apontavam, e que hoje reafirmo com ainda mais convicção. A “vibe Enola Holmes” não foi deixada para trás, mas sim amadurecida, permitindo que a personagem e a narrativa florescessem em um território mais complexo e gratificante.
Um Caso de Verdade para a Detetive Holmes
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Harry Bradbeer |
Roteirista | Jack Thorne |
Produtores | Mary Parent, Alex Garcia, Ali Mendes, Paige Brown, Millie Bobby Brown |
Elenco Principal | Millie Bobby Brown, Henry Cavill, David Thewlis, Louis Partridge, Susan Wokoma |
Gênero | Aventura, Mistério, Crime |
Ano de Lançamento | 2022 |
Produtoras | Legendary Pictures, PCMA Productions |
A trama nos reencontra com Enola, agora uma detetive de aluguel em seu próprio direito, buscando estabelecer-se em um mundo que ainda vê com ceticismo uma mulher em tal profissão. Sua agência recém-aberta mal consegue clientes, até que uma jovem operária de fósforos, Bessie (interpretada por Serafina Drysdale), a procura desesperadamente em busca de sua irmã desaparecida, Sarah Chapman. O que começa como um caso trivial, rapidamente se desenrola em uma teia de intrigas muito maior, revelando uma perigosa conspiração industrial que coloca em risco não apenas a vida de Sarah, mas a própria estrutura social da Londres vitoriana. Para desvendar este emaranhado, Enola terá que contar com a ajuda de rostos familiares, incluindo seu famoso irmão, Sherlock (Henry Cavill), e até mesmo a inesperada aparição de sua mãe.
O roteirista Jack Thorne (com história de Harry Bradbeer & Jack Thorne) merece aplausos por tecer uma narrativa que é ao mesmo tempo intrincada e acessível. A forma como o desaparecimento de Sarah se conecta com questões sociais reais da época, como as greves das operárias de fósforos, é um toque de mestre. Não é apenas um mistério a ser resolvido; é um espelho de injustiças históricas, elevando o filme de um simples entretenimento a algo com mais ressonância temática. O roteiro se permite ser mais ousado, dando a Enola um caso que exige inteligência genuína, dedução e uma boa dose de perigo, afastando-a de ser apenas uma sombra do irmão.
A Mão Habilidosa de Harry Bradbeer e as Estrelas que Brilham
A direção de Harry Bradbeer mantém a energia contagiante do primeiro filme, mas com um senso de propósito mais acentuado. A quebra da quarta parede, característica marcante de Enola, continua presente, mas agora serve para aprofundar a conexão da personagem com o público, convidando-nos para dentro de seus pensamentos e frustrações como uma parceira no crime. Bradbeer orquestra as cenas de ação com dinamismo, mas nunca perde de vista o coração da história: o desenvolvimento de Enola. As ruas e vielas da Londres vitoriana ganham vida com uma cinematografia vibrante e um design de produção impecável, que nos transporta diretamente para a era.
E o elenco? Ah, o elenco! Millie Bobby Brown emana um charme e uma inteligência que são difíceis de resistir. Sua Enola é mais madura, sim, mas não perde a vivacidade e a vulnerabilidade que a tornam tão cativante. Ela carrega o filme com uma destreza impressionante, mostrando que não é apenas uma estrela adolescente, mas uma atriz de profundidade. A química com Henry Cavill, como Sherlock, é um dos pilares do filme. Aqui, Sherlock não é um mero figurante; ele é um personagem integral, e a forma como a rivalidade e o carinho fraternal se entrelaçam é deliciosa de assistir. É fascinante ver a dinâmica entre os dois, como eles se desafiam e, eventualmente, se apoiam. Cavill consegue trazer uma humanidade e uma leveza ao icônico detetive que raramente vemos, especialmente quando interage com sua irmã peculiar.
Louis Partridge, como Lord Tewkesbury, continua a ser um contraponto charmoso e um interesse romântico que, para minha surpresa, adiciona mais do que apenas um flerte; ele oferece apoio genuíno e momentos de doçura. David Thewlis, no papel de Grail, entrega um antagonista que é ao mesmo tempo ameaçador e astuto, adicionando uma camada de perigo real. E a presença de Susan Wokoma como Edith, a dona da escola de luta de Enola, oferece um olhar importante sobre a agitação social da época e serve como um guia moral para nossa jovem detetive.
Temas, Mensagens e a Coragem de Ser Diferente
Enola Holmes 2 é um filme que celebra a independência feminina e a busca por identidade em um mundo que tenta impor limites. Enola não quer ser apenas “a irmã de Sherlock”; ela quer forjar seu próprio caminho, sua própria reputação. Este é um dos pontos fortes mais evidentes do filme: a exploração da “detetive feminina” em uma era dominada por homens, desafiando as expectativas sociais e provando sua capacidade. A trama da conspiração das operárias de fósforos é um aceno claro ao feminismo vitoriano e à luta por condições de trabalho justas, conferindo ao mistério um peso moral e social que o torna ainda mais relevante.
Se há um ponto que talvez pudesse ser ligeiramente mais aprofundado, seria a relação de Enola com sua mãe (Helena Bonham Carter), que, embora crucial para a resolução, aparece de forma mais esporádica. Dito isso, a forma como ela se integra na narrativa final é satisfatória e emocionalmente ressonante. Este é um detalhe mínimo em um oceano de acertos.
Um Veredito Sem Mistério
Em última análise, Enola Holmes 2 é uma sequência que não apenas honra o legado do original, mas o supera em ambição e execução. É um filme que abraça o mistério de forma mais plena, permitindo que Enola amadureça como personagem e como detetive. A coesão do roteiro, a direção vibrante e as atuações inspiradas, especialmente de Millie Bobby Brown e Henry Cavill, solidificam este longa-metragem como uma joia do gênero de aventura e crime.
Para quem busca uma história envolvente, com uma protagonista carismática, um mistério inteligente e um toque de crítica social, este filme é uma recomendação sem ressalvas. Três anos depois de seu lançamento nas plataformas digitais, Enola Holmes 2 permanece tão fresco e divertido quanto em 2022, provando que Enola Holmes tem um lugar cativo não apenas no universo de Sherlock, mas em nossos corações. Que venham mais mistérios para essa detetive singular!