Enrolados: Uma Aventura que Resiste ao Tempo (ou, Por que 2010 Foi um Ano Incrível para a Animação)
Em 2025, olhando para trás para o ano de 2010, percebo o quão impactante ele foi para a animação. E Enrolados, apesar de ter sido lançado no Brasil em 7 de janeiro de 2011, permanece como um exemplo brilhante daquela safra de filmes. A sinopse é simples: Rapunzel, uma jovem com cabelos mágicos de 21 metros, vive presa numa torre desde o nascimento. Sua vida monótona é abalada pela chegada de Flynn Rider, um bandido charmoso que se refugia em seu esconderijo e, sem querer, se torna seu prisioneiro. O que se segue é uma aventura repleta de humor, música e ação, que os leva a descobrir a verdade sobre o passado de Rapunzel e a enfrentar uma vilã memorável.
A direção de Nathan Greno e Byron Howard é impecável. A animação, mesmo para os padrões atuais, se mantém vibrante e detalhada, com cenários exuberantes que transportam o espectador para um mundo de fantasia encantador. O estilo visual, uma mistura de traços clássicos Disney com uma modernidade sutil, é um acerto. O roteiro de Dan Fogelman, embora previsível em alguns pontos – quem espera reviravoltas radicais num conto de fadas? – é inteligente o suficiente para equilibrar com maestria o humor, o drama e o romance. A construção dos personagens é outro ponto forte, com destaque para a dinâmica entre Rapunzel e Flynn, ambos complexos e com arcos de desenvolvimento convincentes.
As atuações de voz são igualmente primorosas. Mandy Moore empresta sua voz doce e determinada à Rapunzel, enquanto Zachary Levi consegue ser ao mesmo tempo encantador e um pouco canalha como Flynn. Donna Murphy, como a Mãe Gothel, rouba a cena com uma interpretação malévola e ao mesmo tempo compreensível, revelando uma complexidade que a torna uma vilã memorável, muito melhor do que as caricaturas que vemos em muitas produções. Essa vilã, aliás, é o que eu destacaria como a força da produção: o seu desenvolvimento, as suas motivações… é tudo muito bem feito, e deixa o filme acima da média do gênero.
Atributo | Detalhe |
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Diretores | Nathan Greno, Byron Howard |
Roteirista | Dan Fogelman |
Produtor | Roy Conli |
Elenco Principal | Mandy Moore, Zachary Levi, Donna Murphy, Ron Perlman, M.C. Gainey |
Gênero | Animação, Família, Aventura |
Ano de Lançamento | 2010 |
Produtoras | Walt Disney Animation Studios, Walt Disney Pictures |
Apesar dos méritos, Enrolados não é isento de falhas. Como alguns críticos já apontaram, o camaleão Pascal, o animal de estimação de Rapunzel, às vezes se torna um pouco repetitivo. E, sim, ele tem a função clássica de “cão” dentro da trama, servindo como um apoio “engraçado” – e isso é algo que alguns consideram uma fórmula batida. Apesar disso, é impossível ignorar o poder da narrativa, a beleza visual e a química irresistível entre os protagonistas.
O filme explora temas como a descoberta da identidade, a importância da família (ou da ausência dela), a manipulação e o poder da redenção. A mensagem central de autodescoberta e a busca pela liberdade ressoa em diversos níveis, transformando Enrolados numa experiência com um apelo multigeracional. A ideia de que nossa própria identidade, e nossa “cura” – seja ela física ou emocional – depende da superação de nossos medos e da autoaceitação, é algo que torna o filme relevante mesmo em 2025.
Ao final da projeção, me peguei sorrindo e refletindo sobre a jornada dos personagens. Embora alguns possam argumentar que Enrolados se aproxima demais dos clichês do conto de fadas clássico, a execução impecável, a animação primorosa e a atuação cativante dos dubladores superam quaisquer pequenas falhas. É um filme que transcende a mera animação para se tornar uma experiência verdadeiramente encantadora. Recomendo fortemente Enrolados para quem busca uma aventura familiar divertida, emocionante e visualmente deslumbrante. A disponibilidade em plataformas digitais o torna uma ótima opção para uma sessão de cinema em casa com a família – ou até mesmo uma sessão solo, para se deleitar com a beleza do filme em qualquer ocasião.