Era Uma Vez no México: Um Espetáculo de Violência Estilizada, ou Uma Ode à Exaustão?
Confesso, cheguei a Era Uma Vez no México em 2025 com expectativas altas, mas também com uma certa apreensão. Afinal, três décadas depois de sua estreia em 11 de setembro de 2003, como um longa-metragem se sustenta? E, mais importante: como ele se compara ao legado que Robert Rodriguez construiu? A resposta, como a maioria das coisas na vida, é complexa e repleta de nuances.
O filme nos apresenta El Mariachi (Antonio Banderas), um músico aposentado forçado a voltar à ação após ser recrutado pelo agente da CIA, Jeffrey Sands (Johnny Depp), para deter um plano de assassinato do presidente do México por parte do implacável Barillo. Uma sinopse enxuta, repleta de ação, sangue e um quê de conspiração política. É o tipo de premissa que promete adrenalina pura, e em parte cumpre.
Rodriguez, tanto na direção quanto no roteiro, entrega o que se esperaria: um festival de tiroteios estilizados, cores vibrantes e uma violência exagerada, mas com uma estética característica que, diga-se de passagem, já demonstrava sinais de desgaste em 2003. A câmera se move com a energia frenética de um Mariachi em plena apresentação, porém, a coreografia de ação, embora criativa, soa repetitiva em alguns momentos. É como se o cineasta estivesse repetindo os truques que o consagraram, sem arriscar em novas fórmulas. A crítica de que o roteiro é “reduzido ao mínimo” é verdadeira. Há uma certa falta de profundidade nos personagens secundários, que se perdem no mar de explosões e balacelas.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Robert Rodriguez |
| Roteirista | Robert Rodriguez |
| Produtores | Elizabeth Avellan, Robert Rodriguez, Carlos Gallardo |
| Elenco Principal | Antonio Banderas, Johnny Depp, Cheech Marin, Salma Hayek Pinault, Mickey Rourke |
| Gênero | Ação, Crime, Thriller |
| Ano de Lançamento | 2003 |
| Produtoras | Columbia Pictures, Dimension Films, Troublemaker Studios |
As atuações, por sua vez, são um caso à parte. Banderas é um El Mariachi eficaz, mas sem a mesma energia crua de seu antecessor. Depp, por sua vez, parece mais um convidado de honra do que um ator realmente engajado no projeto; sua atuação é caricatural, quase uma piada interna que não encontra o tom ideal. Já Mickey Rourke e Salma Hayek, apesar de seus momentos de brilho, não conseguem evitar a sensação de que estão num filme maior do que seus papéis. Cheech Marin, por outro lado, entrega um alívio cômico que funciona com a precisão e timing de um cronômetro.
A força do filme reside na sua estética visual impactante. A saturação das cores, a violência explícita, a trilha sonora frenética – todos esses elementos combinam para criar um clima único, um espetáculo frenético que prende a atenção, mesmo que por instantes. Porém, é justamente essa dependência do visual que torna o longa-metragem superficial. A trama, por mais simples que seja, carece de substância. A corrupção política, a vingança, o peso da violência – todos temas presentes, são apenas roçados, sem uma exploração mais profunda, mais visceral. É aqui que o filme falha, ficando preso em sua própria estética, sem explorar o potencial dramático de sua premissa. A crítica de que “há uma enorme lista de atores com nada para fazer” não é injusta.
Em 2025, Era Uma Vez no México se apresenta como um marco estilístico interessante, uma cápsula do tempo que demonstra a criatividade, mas também os limites, de Robert Rodriguez. É um filme divertido, repleto de ação, mas que não se sustenta além de sua estética exuberante. Recomendaria para quem aprecia filmes de ação estilizados e não se importa com a falta de profundidade narrativa. No entanto, quem busca uma narrativa mais consistente e personagens mais complexos, pode acabar sentindo uma certa exaustão – a exaustão de um estilo que, infelizmente, se esgotou antes do tempo.




