O Labirinto Que Não Nos Larga: Mergulhando em Escape Room 2: Tensão Máxima
Sabe aquela sensação de terminar um filme e, mesmo que a história tenha se encerrado, você se pega pensando nos personagens, nas suas escolhas, no terror que enfrentaram? Comigo, Escape Room 2: Tensão Máxima provocou algo parecido. Anos depois do seu lançamento em 2021, ele ainda me assombra, não pelo terror explícito de um filme slasher tradicional, mas pela astúcia e crueldade de seu conceito central. Por que eu, um fã um tanto calejado de filmes de suspense, ainda gasto tempo remoendo essa sequência? Porque ela nos joga de volta em um jogo de gato e rato que, de certa forma, espelha a nossa própria busca por saídas em labirintos da vida, só que, neste caso, a recompensa por falhar é a morte. É um espelho distorcido e sangrento, claro, mas um espelho, ainda assim.
O que me atraiu de volta a este universo, além da curiosidade mórbida, foi a promessa de que Adam Robitel, o diretor, elevaria a aposta. E ele fez. Imagine só: você sobreviveu a um inferno, viu seus amigos virarem pó e, quando pensa que está livre, o jogo te puxa de volta. É exatamente isso que acontece com Zoey Davis (Taylor Russell) e Ben Miller (Logan Miller), os sobreviventes traumatizados do primeiro filme. Eles não estão apenas tentando desmantelar a organização Minos; eles são, inadvertidamente, forçados a participar de uma nova rodada. E o choque inicial? Não estão sozinhos. Os outros “jogadores” são, cada um, sobreviventes de outros escape rooms mortais. Um verdadeiro “Torneio de Campeões” da desgraça, onde o prêmio é a própria vida.
A sacada de reunir esses “campeões” é genial, pois automaticamente eleva a tensão. Não são pessoas comuns tropeçando em um jogo de azar, são veteranos, cada um com sua bagagem de trauma e um conjunto de habilidades desenvolvido no fogo cruzado. Vemos Zoey, com aquele olhar de determinação ferida de Taylor Russell, se recusando a ser apenas uma vítima. Ela carrega o peso de sua experiência anterior, e a sua busca por respostas se torna a nossa. Logan Miller, como Ben, complementa essa dinâmica com uma vulnerabilidade que nos lembra o quão frágil é a sanidade quando se está constantemente à beira do abismo.
Agora, vamos falar das estrelas do show: as salas. Ah, as salas! O primeiro filme já havia nos impressionado com sua inventividade, mas ‘Tensão Máxima’ eleva o sarrafo para um patamar quase operístico. Eu me lembro de ficar de queixo caído com a primeira armadilha – um vagão de metrô se eletrocutando, virando uma câmara de gás enquanto você tenta decifrar um enigma com segundos contados. O visual é impecável, quase deslumbrante em sua malevolência. As cores vibrantes, os detalhes meticulosos que escondem a chave ou a armadilha, tudo contribui para uma experiência claustrofóbica e eletrizante. Pensei comigo: “Como alguém sequer cria essas coisas?” A engenhosidade é inegável, e é aqui que o filme realmente brilha, transformando o design de produção em um personagem por si só, talvez o mais sádico de todos.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Adam Robitel |
| Roteiristas | Maria Melnik, Daniel Tuch, Will Honley, Oren Uziel |
| Produtor | Neal H. Moritz |
| Elenco Principal | Taylor Russell, Logan Miller, Indya Moore, Holland Roden, Thomas Cocquerel |
| Gênero | Terror, Thriller, Mistério |
| Ano de Lançamento | 2021 |
| Produtoras | Original Film, Columbia Pictures, Shaken, Not Stirred Productions |
Contudo, e aqui entra a nuance que me impede de chamá-lo de obra-prima, a lógica por trás de alguns quebra-cabeças, e até mesmo de certas decisões narrativas, às vezes cambaleia. É como assistir a um malabarista exímio que, no meio de uma pirueta perfeita, deixa cair uma bola. Você fica tão impressionado com a maior parte do ato que quase perdoa o deslize, mas ele está lá. Em alguns momentos, a urgência e o espetáculo dominam a verossimilhança, e você precisa suspender um pouco a descrença para seguir em frente. Mas, ei, estamos falando de escape rooms mortais; talvez uma certa dose de ilogicidade faça parte do pacote. A complexidade do roteiro, assinado por uma equipe de quatro roteiristas (Maria Melnik, Daniel Tuch, Will Honley, Oren Uziel), talvez reflita essa busca por um equilíbrio entre o impacto visual e a coesão da trama.
O elenco que se junta a Zoey e Ben – Indya Moore (Brianna), Holland Roden (Rachel) e Thomas Cocquerel (Nathan) – traz novas faces à equação da sobrevivência. Cada um com sua própria história de superação e, é claro, seus próprios medos a serem explorados. É interessante observar as diferentes reações sob pressão extrema, as alianças frágeis que se formam e se desfazem como areia entre os dedos. A maneira como a câmera de Adam Robitel se detém nos closes, capturando o pavor nos olhos dos personagens, o suor escorrendo, o desespero de um fôlego final, é um lembrete constante da fragilidade da vida humana diante de um inimigo tão onipresente quanto invisível.
No fim das contas, Escape Room 2: Tensão Máxima não é apenas um filme sobre fugir de salas. É uma meditação, ainda que superficialmente embalada em terror e suspense, sobre trauma, resiliência e a persistência da maldade. A produção de Neal H. Moritz, junto com Columbia Pictures e Original Film, criou um playground sombrio que, mesmo com suas pequenas imperfeições, me manteve na ponta da cadeira e me fez refletir sobre a natureza do medo e da superação. Se você, como eu, sente um certo fascínio por quebra-cabeças mortais e pela capacidade humana de lutar pela vida, mesmo quando tudo parece perdido, então esta sequência merece um lugar na sua lista de filmes para revisitar. Ele pode não oferecer todas as respostas, mas com certeza vai te deixar com perguntas e, talvez, um friozinho na espinha que persiste por mais tempo do que você esperava.




