Eu Me Importo: Uma Tragicomédia Moralmente Ambígua que Gruda na Garganta
Rosamund Pike. Esse nome já é garantia de um certo nível de excelência, não importa o papel. E em Eu Me Importo, lançado em 19/02/2021 no Brasil, ela entrega mais uma performance memorável, que certamente entrará para a galeria de suas atuações icônicas. O filme, um thriller com pitadas de dark comedy e um núcleo dramático pungente, acompanha Marla Grayson, uma curadora de idosos que, digamos, se dedica um pouco demais ao bem-estar financeiro de suas clientes, explorando-as de forma implacável. Mas o que começa como um esquema aparentemente perfeito dará uma reviravolta surpreendente, colocando em xeque a própria inteligência – e a sanidade – de Marla.
A direção de J Blakeson é impecável. Ele equilibra o tom sombrio do crime com momentos de humor negro com uma precisão cirúrgica, sem jamais deixar o espectador perder o fio da meada. A construção da personagem de Marla é fascinante, oscilando entre o frio cálculo e momentos de fragilidade, revelados em lampejos que nos fazem questionar sua psique e suas motivações. O roteiro, também assinado por Blakeson, é inteligentemente construído, com reviravoltas bem-planejadas que mantêm a tensão em alta até o clímax. O ritmo é ágil, e a narrativa, apesar da complexidade moral da protagonista, nos prende do início ao fim.
Pike, como já mencionei, está simplesmente brilhante. Ela encarna Marla com uma convicção aterradora, retratando uma mulher fria, calculista e extremamente charmosa, capaz de manipular suas vítimas com uma facilidade desconcertante. A química com Peter Dinklage, no papel de Roman Lunyov, um personagem misterioso e imprevisível, é eletrizante, e a atuação contida, porém poderosa, de Dianne Wiest como Jennifer Peterson, a última vítima, adiciona uma camada de profundidade emocional à trama. Eiza González e Chris Messina completam o elenco com atuações sólidas, dando suporte à narrativa central.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | J Blakeson |
| Roteirista | J Blakeson |
| Produtores | J Blakeson, Teddy Schwarzman, Michael Heimler, Ben Stillman |
| Elenco Principal | Rosamund Pike, Peter Dinklage, Eiza González, Dianne Wiest, Chris Messina |
| Gênero | Crime, Thriller, Drama |
| Ano de Lançamento | 2021 |
| Produtoras | STXfilms, Black Bear Pictures, Crimple Beck |
Um dos pontos fortes do filme é sua capacidade de explorar temas complexos, como a fragilidade da velhice, a corrupção sistêmica em serviços sociais e a natureza da psicopatia, sem jamais cair no maniqueísmo. Marla, sem dúvida, é uma sociopata, talvez até uma psicopata, mas o filme não se contenta em apresentá-la como uma vilã unidimensional. Blakeson nos força a confrontar a moralidade ambígua de suas ações e a examinar as estruturas sociais que, de certa forma, a propiciam. Há uma sutil crítica ao capitalismo tardio e à falta de assistência adequada a idosos vulneráveis, que torna o filme mais do que apenas um thriller eficiente. A questão é: podemos responsabilizá-la totalmente, ou há uma parcela de culpa nas instituições que falham em proteger esses indivíduos? Essa é uma das perguntas que Eu Me Importo deixa ecoando na mente do espectador, muito tempo depois dos créditos finais.
Apesar de suas qualidades, o filme não está isento de defeitos. Alguns diálogos podem parecer um pouco forçados, e o final, embora surpreendente, poderia ser mais elaborado, explorando com maior profundidade as consequências das ações de Marla. Mas esses são pontos menores em um todo coeso e impactante.
Em suma, Eu Me Importo é um filme excepcional. Lançado em 2021, ele continua relevante em 2025, principalmente devido à sua abordagem inteligente e provocadora sobre temas atemporais. É um thriller eletrizante, uma comédia negra mordaz e um estudo de personagem profundamente perturbador. Se você gosta de filmes que te deixam pensando, com performances excepcionais e uma narrativa envolvente, não hesite em assistir. A recomendação é, sem sombra de dúvida, uma experiência cinematográfica imperdível.
