Ah, Operação Hunt… sabe, quando um filme te agarra pela gola e não solta até os créditos rolarem, e mesmo assim te deixa pensando dias a fio, esse é o tipo de experiência que eu adoro compartilhar. É por isso que tô aqui, com minhas anotações meio rabiscadas e o coração ainda acelerado de quando revi essa obra-prima sul-coreana. Pra mim, a magia do cinema reside justamente nessa capacidade de nos transportar, de nos fazer sentir na pele o drama e a adrenalina, e Lee Jung-jae, em sua estreia na direção, conseguiu isso com uma maestria que, sinceramente, me surpreendeu.
A gente já conhece o Lee Jung-jae como o astro de Round 6, um ator que domina a tela com uma presença magnética. Mas vê-lo por trás das câmeras, orquestrando um épico de espionagem com tanta inteligência e pulso firme? Cara, é outra história. E não é só um filme de ação frenética, não. É uma jornada que nos joga de cabeça na Coreia do Sul dos anos 80, um período sombrio e efervescente, onde a paranoia era tão densa que quase se podia tocar.
A premissa é simples, mas o desenrolar… ah, o desenrolar é um labirinto. Dois chefes de departamento do serviço secreto, Park Pyong-ho (interpretado pelo próprio Lee Jung-jae) e Kim Jung-do (um Jung Woo-sung simplesmente espetacular), são rivais quase que por natureza. Eles lideram equipes diferentes dentro da agência que é a versão sul-coreana da CIA, e o terreno já é minado por desconfiança. Mas quando a informação de que um espião norte-coreano, codinome “Donglim”, se infiltrou nas suas fileiras começa a circular, a paranoia atinge níveis estratosféricos. Uma tentativa de assassinato ao presidente em Washington DC só joga mais gasolina nessa fogueira de suspeitas. Quem é o traidor? E, mais importante, até onde se pode ir para desmascará-lo?
Essa caçada ao rato, ou melhor, ao “assassin”, não é apenas sobre pegar o bandido. É sobre a quebra da confiança, sobre a erosão dos valores num sistema que se auto-corrói. Park e Kim, com suas personalidades tão distintas e igualmente inflexíveis, embarcam numa disputa de gato e rato que vai muito além de uma simples investigação. Eles se enfrentam em duelos verbais que cortam como facas, em interrogatórios brutais e em sequências de ação que te deixam sem fôlego. E a gente, do lado de cá, fica se perguntando: quem tá certo? Quem é o monstro? Ou será que, nesse jogo sujo, todo mundo acaba com as mãos manchadas?
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Lee Jung-jae |
| Roteiristas | Lee Jung-jae, Jo Seung-hee |
| Produtores | Lee Jung-jae, 한재덕, Cho Jae-sang, 박민정 |
| Elenco Principal | Lee Jung-jae, 정우성, 전혜진, Heo Sung Tae, Go Youn-jung |
| Gênero | Ação, Mistério, Drama |
| Ano de Lançamento | 2022 |
| Produtoras | Sanai Pictures, Artist Studio |
A atuação de Lee Jung-jae como Park Pyong-ho é contida, mas exala uma intensidade que te fisga. Seus olhos parecem esconder segredos de anos, uma weariness que pesa na alma do personagem. Jung Woo-sung, como Kim Jung-do, é o contraponto perfeito: mais explosivo, mais impulsivo, mas igualmente determinado. A química entre os dois é palpável, uma dança perigosa de lealdade e traição que eleva o drama a um patamar altíssimo. E o elenco de apoio? Jeon Hye-jin como Bang Ju-kyung traz uma força silenciosa que é vital, enquanto Heo Sung Tae, interpretando Jang Chul-sung, consegue ser ameaçador e, de certa forma, até trágico em sua rigidez. A jovem Go Youn-jung, como Cho Yoo-jung, entrega uma performance delicada e crucial que adiciona uma camada extra de emoção. É um esquadrão de talentos que entrega tudo.
O que me impressiona na direção de Lee Jung-jae, ao lado do roteiro que ele co-escreveu com Jo Seung-hee, é como a tensão é construída. Não é só bala e explosão – embora, claro, haja muitas cenas de ação de cair o queixo, com coreografias que farão qualquer fã de filmes de espionagem aplaudir. É a maneira como cada olhar, cada silêncio pesado, cada suspiro, contribui para o ambiente de sufoco. Ele usa a câmera de um jeito que a gente se sente parte da investigação, como se o ar no escritório apertado, cheio de fumaça de cigarro e segredos, também nos atingisse. O ritmo varia, sabe? Tem momentos de pura adrenalina onde o coração dispara, e outros mais lentos, reflexivos, onde a gente sente o peso das decisões e das consequências.
E a ambientação na Coreia do Sul dos anos 80, sob o regime autoritário de Chun Doo-hwan, não é apenas um pano de fundo. É uma personagem em si. O filme mergulha nas inter-relações entre as Coreias, na paranoia da Guerra Fria e na constante ameaça de infiltração. As palavras-chave como “national intelligence service (nis)”, “inter-korean relations” e “korea president” ganham vida ali, mostrando como a política e a segurança nacional podem moldar, e muitas vezes esmagar, vidas individuais.
Operação Hunt é um daqueles filmes que te fazem questionar a linha entre o patriotismo e o fanatismo, entre a lealdade e a cegueira. É uma obra que mostra, de forma brutal e honesta, o custo de se estar preso em um sistema cruel, onde os ideais se deformam e os inimigos podem estar na mesa ao lado. É mais do que um thriller de espionagem; é um drama humano profundo sobre as escolhas que fazemos e as consequências que carregamos.
Desde sua estreia no Brasil, em 2 de fevereiro de 2023, Operação Hunt tem sido um filme que revisito na memória com frequência, e não só pela sua ação implacável. Mas sim pela maneira como ele tece uma narrativa complexa e emocionalmente densa, te envolvendo numa rede de mentiras e verdades que, no fim das contas, nos fazem refletir sobre a própria natureza do poder e da confiança. Se você ainda não viu, faça um favor a si mesmo. Prepare-se para ser caçado por essa história.




