Flash Gordon

Flash Gordon: O Brilho Descarado de uma Ópera Espacial Inesquecível

Sabe aquela sensação quando você revisita um filme que marcou sua infância ou adolescência e percebe que ele é ainda mais peculiar, audacioso e, de alguma forma, brilhante do que você se lembrava? Pois é, foi exatamente isso que aconteceu comigo ao mergulhar novamente no universo deslumbrante e kitsch de Flash Gordon, o filme de 1980. Não é apenas uma questão de nostalgia; é uma redescoberta de uma obra que, por vezes, foi subestimada ou mal compreendida na sua época, e que hoje, eu diria, brilha com uma intensidade única, quase como um diamante bruto num mar de produções mais “sérias”.

Imagine um imperador intergaláctico, Ming, cujo ego é tão vasto quanto o espaço que ele domina. Ele não está contente em apenas governar seu planeta Mongo; seu passatempo favorito é aterrorizar outros mundos, e adivinhe? A Terra é a bola da vez. Seus ataques tecnológicos, que ele orquestra com a maestria de um maestro macabro, causam estragos, e é num desses momentos de caos que um herói improvável emerge. Flash Gordon, um jogador de futebol americano com um nome que mais parece um super-herói, se vê preso num acidente aéreo com a charmosa Dale Arden, tudo culpa de uma dessas incursões cósmicas de Ming. A sorte (ou o destino) os leva a colidir, literalmente, com o Dr. Hans Zarkov, um cientista que não só prevê a invasão, como já está de malas prontas – ou melhor, de foguete pronto – para deter o tirano. E assim, sem nem pedir licença, nossos três heróis são arremessados num foguete rumo a Mongo, um alien planet que é um espetáculo à parte.

E que espetáculo é Mongo! Não espere a sobriedade cinzenta de algumas ficções científicas. Flash Gordon é um festival visual, uma explosão de cores primárias, cenários barrocos e figurinos que gritariam “excesso” em qualquer outra produção, mas aqui, eles são a alma da festa. Há um reino flutuante, cidades douradas que desafiam a gravidade e floating city que mais parece uma pintura art déco, e giant forest onde criaturas estranhas espreitam. É uma space opera que se recusa a pisar no freio da extravagância. E a trilha sonora? Ah, a trilha sonora! A banda Queen não apenas compôs; eles entregaram uma declaração de intenções, um hino roqueiro que acompanha cada explosão, cada duel e cada movimento de câmera com uma energia contagiante. É como se a música fosse outro personagem, narrando a aventura com seus riffs e vocais operísticos. Cada cena tem o DNA do rock and roll, pulsando em uníssono com a loucura visual.

AtributoDetalhe
DiretorMike Hodges
RoteiristaLorenzo Semple Jr.
ProdutorDino De Laurentiis
Elenco PrincipalSam J. Jones, Melody Anderson, Max von Sydow, Chaim Topol, Ornella Muti
GêneroFicção científica, Aventura, Ação
Ano de Lançamento1980
ProdutorasStarling Films, Universal Pictures, Famous Films Productions, Flash Gordon Productions, DDL Cinematografica

No centro dessa epopeia temos Sam J. Jones como Flash Gordon. E sim, podemos admitir que, em certos momentos, sua atuação é tão quadrada quanto o próprio Flash é musculoso. Mas quer saber? Funciona. Ele encarna o action hero clássico, o tipo que resolve tudo com um soco e um sorriso heroico, sem se preocupar muito com as sutilezas do universo. É o herói de quadrinhos que salta para a tela, um fighter nato. Dale Arden, interpretada por Melody Anderson, não fica muito atrás; sua vulnerabilidade é equilibrada por momentos de coragem e uma resiliência inesperada. E depois, temos os verdadeiros rouba-cenas. Max von Sydow como o evil dictator Imperador Ming? Puro gênio! Ele é a personificação da elegância maléfica, com um olhar que gela a espinha e um sorriso que promete desgraça. Ele não atua; ele é Ming, o tirano cósmico. Sua presença empresta uma gravidade teatral que eleva o tom campy a um nível de arte. E não podemos esquecer Ornella Muti como a Princesa Aura, uma figura sedutora e rebelde, filha de Ming, cujas intrigas e paixões são um tempero à parte na trama. Ou Chaim Topol, o Dr. Zarkov, o scientist excêntrico que nos arrasta para essa confusão toda com sua genialidade lunática.

A trama, ah, a trama! É um emaranhado delicioso de deception, duelos e fugas impossíveis. Desde o ataque inicial de Ming à Terra, que ele inicia com um solar eclipse artificialmente provocado, até os confrontos finais em seu palácio, tudo é construído com um senso de urgência e um charme descarado que só um filme que entende sua própria essência pode oferecer. O que Flash Gordon faz de forma magistral é abraçar seu lado camp. Ele nunca se leva muito a sério, e é exatamente aí que reside sua força. É uma carta de amor aos seriados da década de 30, àquele tipo de aventura pulp onde o mocinho sempre escapa por um triz e o vilão sempre tem um plano ainda mais elaborado. Não é uma ficção científica cerebral; é um mergulho sem fôlego em um mundo onde a lógica é secundária à pura diversão.

Olhando para trás, a 17 de outubro de 2025, e considerando o panorama cinematográfico atual, é fácil entender por que Flash Gordon pode ter sido inicialmente um tanto quanto “perdido na tradução”. Lançado logo após a explosão de “O Império Contra-Ataca”, que elevou a barra da ficção científica a um patamar mais sombrio e complexo, o brilho ostensivo e o humor descarado de Flash pareciam de outra era. Talvez o público daquele tempo ainda não estivesse pronto para o abraço apaixonado do camp que o filme propunha. Mas o tempo, como um bom vinho, foi generoso com ele. Hoje, ele é reverenciado por uma legião de fãs, não apenas pela nostalgia, mas pela coragem de ser quem ele é: um espetáculo cinematográfico sem remorso, que prefere a explosão de cores e o som de uma guitarra elétrica à sutileza. Ele nos lembra que o cinema, por mais que possa ser arte profunda, também tem o poder de ser uma fuga gloriosa, uma injeção de pura alegria.

Então, se você ainda não teve a chance de se jogar nessa aventura interplanetária, ou se faz tempo que não revisita Mongo, eu te digo: dê uma chance a Flash Gordon. Prepare-se para ser transportado para um universo onde o bom-humor reina, a extravagância é a norma e o emperor é tão icônico quanto o próprio Flash Gordon. É uma experiência que desafia as expectativas e nos presenteia com um tipo de magia que só os filmes mais corajosos – e um pouco malucos – conseguem conjurar. É uma joia de pura diversão, pronta para ser apreciada.

Trailer

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