Frank & Penelope

Quando a gente se entrega a uma história, muitas vezes buscamos o conforto do familiar, o alívio de um final feliz que nos faça crer que o bem sempre triunfa. Mas, às vezes, o que precisamos mesmo é um empurrão para fora da zona de conforto, uma sacudida que nos lembre que o amor pode florescer nos terrenos mais áridos e que a escuridão, meu caro leitor, tem uma capacidade assustadora de seduzir. É exatamente essa experiência, crua e visceral, que Frank & Penelope, lançado em 2022, me entregou e que, honestamente, ainda ressoa aqui dentro.

Por que falar de Frank & Penelope agora, em outubro de 2025? Porque certas obras não têm prazo de validade. Elas se infiltram na pele e lá ficam, provocando e questionando. O filme de Sean Patrick Flanery não é um conto de fadas, embora a sinopse possa evocar um “A Bela e a Fera” sob um céu diferente. Aqui, a fera é humana, e a beleza… bem, a beleza é perigosa e libertadora em igual medida.

Imagine um homem, Frank (Billy Budinich, com uma performance que é pura melancolia e desespero contido), arrastando-se por Austin, seu coração um caco, sua vida um emaranhado de arrependimentos. E então, ele a vê. Penelope (Caylee Cowan), uma dançarina exótica em um clube de strip decadente, irradiando uma luz em meio à penumbra e à fumaça. Ela não dança apenas para ele; ela dança para sua alma, para sua redenção. É um daqueles encontros que você sabe que vai mudar tudo, para o bem ou para o mal. E é essa a faísca que acende o pavio de uma jornada que nos leva para as vastas e implacáveis paisagens do Oeste do Texas.

A química entre Budinich e Cowan é palpável, quase elétrica. Ele, um lobo ferido, e ela, uma raposa astuta e vulnerável. Penelope não é apenas um objeto de desejo; ela é a âncora e o gatilho. Caylee Cowan entrega uma Penelope que é magnética, complexa, com um olhar que pode ser doce ou mortal. Não se trata de uma donzela em apuros, e sim de uma força da natureza que decide, por algum motivo insondável, se ligar ao destino tortuoso de Frank.

Atributo Detalhe
Diretor Sean Patrick Flanery
Roteirista Sean Patrick Flanery
Produtor Scott Dolezal
Elenco Principal Billy Budinich, Caylee Cowan, Johnathon Schaech, Brian Maillard, Sydney Scotia
Gênero Thriller, Terror, Crime
Ano de Lançamento 2022

É quando eles cruzam a linha invisível de uma cidade remota no Texas que o filme realmente se transforma, mergulhando de cabeça nos gêneros de thriller, terror e crime. Aquele trecho de crítica que fala em “Beauty and the Beast in West Texas” não poderia ser mais preciso, mas com uma ressalva: a “Bela” aqui é tão selvagem quanto a “Fera”, e o “Texas” não é só um cenário; é uma entidade, um predador à espreita.

Entra em cena Chisos, interpretado por um Johnathon Schaech que é um deleite de pura malícia e carisma distorcido. Chisos é o tipo de homem que sorri com os olhos, mas você sente o perigo pulsando por baixo da sua pele. Ele é o “sábio” carismático que se revela um guardião de segredos sombrios e práticas ainda mais macabras. É a partir desse encontro que a trama, já carregada de tensão romântica e fuga, se desdobra em uma espiral de violência e sobrevivência brutal. A ingenuidade de Frank e Penelope em buscar refúgio é rapidamente esmagada pela realidade de um lugar onde as regras são ditadas pela loucura e pela força bruta.

Sean Patrick Flanery, no papel de diretor e roteirista, mostra um domínio impressionante da narrativa. Ele não tem pressa em construir a atmosfera, deixando o suspense marinar lentamente antes de ferver em explosões de violência que são tão chocantes quanto inevitáveis. A maneira como ele tece a trama de amor e obsessão, de redenção e depravação, é digna de nota. Não é um filme que se preocupa em agradar, mas sim em impactar. A paleta visual é desoladora, mas bela à sua maneira, com paisagens que refletem a aridez emocional e a dureza dos personagens. Brian Maillard como Cleve e Sydney Scotia como Molly também contribuem para esse universo de estranheza e ameaça, com performances que adicionam camadas à bizarria dos habitantes locais.

Frank & Penelope é um lembrete vívido de que o amor, quando encontrado em circunstâncias desesperadoras, pode ser tanto um motor de salvação quanto um combustível para a autodestruição. É a história de dois párias que encontram um no outro a única coisa que realmente vale a pena lutar, mesmo que a luta os leve aos confins do inferno. Não é para todos, eu sei. Mas se você, como eu, aprecia um cinema que não tem medo de se sujar, de explorar os cantos mais escuros da psique humana e de nos lembrar que a linha entre o belo e o monstruoso é muitas vezes tênue e quase invisível, então Frank & Penelope é uma viagem que vale a pena fazer. Prepare-se para ser desconfortado, talvez até um pouco chocado, mas, acima de tudo, prepare-se para ser cativado por essa dança macabra entre amor e carnificina no coração do Oeste do Texas.

Trailer

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