Frankenstein: Entre Anjos e Demônios – Uma Resenha Décadas Depois
Onze anos. Onze anos se passaram desde que assisti a Frankenstein: Entre Anjos e Demônios. Onze anos de reflexões sobre monstros, imortalidade e a busca por redenção. O filme, lançado em 2014, me pegou de surpresa então, e mesmo com o tempo, a memória dele mantém uma certa aura peculiar. Trata-se de uma releitura ousada do clássico de Mary Shelley, que abandona a abordagem gótica tradicional para mergulhar em um universo de ação sobrenatural, com pitadas de fantasia. A sinopse, sem grandes revelações, nos apresenta ao monstro de Frankenstein, agora conhecido como Adam (Aaron Eckhart), lutando contra demônios, e 200 anos depois, envolvido em uma guerra entre clãs imortais em Darkhaven.
A direção de Stuart Beattie, que também assina o roteiro, é onde o filme realmente brilha – ou, em alguns momentos, tropeça. A estética é carregada, visualmente rica, com cenários sombrios e efeitos especiais que, considerando a época, se mantêm admiráveis. Há uma evidente tentativa de criar uma atmosfera gótica moderna, uma espécie de dark fantasy, e, em certos momentos, a combinação de elementos sobrenaturais com a ação frenética funciona de forma surpreendentemente eficaz. As cenas de luta são bem coreografadas, a cinematografia é competente, mas o roteiro, aqui, demonstra suas fragilidades. A trama, apesar da premissa intrigante, se perde em momentos, sofrendo com a pressa em entregar ação, sacrificando o desenvolvimento dos personagens e a construção de um conflito verdadeiramente envolvente.
O elenco, no entanto, é um trunfo inegável. Aaron Eckhart, com sua aura melancólica, entrega uma performance convincente como Adam, um ser atormentado pelo seu passado e pela busca por um lugar no mundo. Yvonne Strahovski, Bill Nighy e Jai Courtney oferecem atuações sólidas, ainda que os personagens, como um todo, careçam de profundidade. Miranda Otto, embora tenha um papel menor, adiciona um toque de elegância e mistério à narrativa. Sinto, entretanto, a falta de uma conexão mais palpável entre os personagens e a mitologia criada em torno dos clãs imortais. Eles poderiam ter se beneficiado de uma exploração mais profunda, permitindo que o público se envolvesse de forma mais visceral com os seus dilemas.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Stuart Beattie |
Roteirista | Stuart Beattie |
Produtores | Gary Lucchesi, Tom Rosenberg, Richard S. Wright, Andrew Mason, Sidney Kimmel |
Elenco Principal | Aaron Eckhart, Yvonne Strahovski, Bill Nighy, Jai Courtney, Miranda Otto |
Gênero | Terror, Thriller |
Ano de Lançamento | 2014 |
Produtoras | Lionsgate, Lakeshore Entertainment, Sidney Kimmel Entertainment, Hopscotch Features |
Os pontos fortes de Frankenstein: Entre Anjos e Demônios residem em sua audácia e em sua estética. A tentativa de reimaginar o monstro de Frankenstein em um contexto contemporâneo, misturando elementos de terror, ação e fantasia, é admirável. O design de produção é impecável, e a trilha sonora contribui significativamente para a atmosfera sombria e tensa. Por outro lado, a fragilidade do roteiro, com seu desenvolvimento apressado e personagens pouco explorados, é o seu maior calcanhar de Aquiles. Falta coesão narrativa, momentos de desenvolvimento de personagens e uma construção de mundo mais consistente.
O filme explora temas clássicos como a natureza do bem e do mal, a busca pela redenção e a imortalidade. Adam, o monstro, tornou-se um anti-herói numa luta por sobrevivência contra forças sobrenaturais. Sua jornada, apesar das deficiências do roteiro, traz reflexões interessantes sobre a culpa, o perdão e a eterna busca pela aceitação. A dinâmica entre Adam e Terra (Yvonne Strahovski), uma personagem fundamental, permanece, para mim, uma das partes mais atraentes do filme, mesmo que subdesenvolvida.
Em retrospectiva, Frankenstein: Entre Anjos e Demônios não é um filme perfeito. A recepção crítica em 2014 foi mista, e olhando para trás, concordo com muitas das críticas negativas. No entanto, a sua ousadia, sua estética e as performances dos atores principais impedem que o descarte completamente. Se você é fã de filmes de ação sobrenatural com um toque gótico e não se importa com algumas falhas narrativas, pode valer a pena dar uma chance a ele, principalmente em plataformas de streaming. Mas, para um apreciador de tramas mais sólidas e personagens complexos, talvez existam outras opções mais satisfatórias. Para mim, ele fica mais como uma curiosidade interessante do que uma obra-prima do gênero, algo que me faz pensar no potencial inexplorado da premissa.