Galveston: Um Thriller que Busca a Profundidade, Mas Se Perde no Caminho
Sete anos se passaram desde o lançamento de Galveston, e a lembrança do longa-metragem dirigido por Mélanie Laurent continua a me assombrar, não por sua excelência incontestável, mas por seu potencial desperdiçado. Baseado no romance de Nic Pizzolatto, o filme promete uma jornada tensa e visceral pelas entranhas do submundo criminoso, uma fuga frenética de um passado sombrio em direção a um futuro incerto. A premissa é envolvente: um assassino moribundo, Roy Cady (Ben Foster, em uma performance que beira a exaustão física e emocional), resgata uma jovem prostituta, Rocky (Elle Fanning, surpreendentemente contida), e foge com ela para Galveston, Texas, buscando vingança e redenção.
A direção de Mélanie Laurent é, em alguns momentos, brilhante. Ela consegue construir uma atmosfera carregada de tensão, utilizando a paisagem desolada e o clima opressivo de Galveston como um personagem a parte, algo que contribui fortemente para a sensação de claustrofobia e desesperança que permeia a narrativa. A fotografia é excelente, retratando com precisão a melancolia e a decadência que envolvem os personagens. No entanto, a diretora parece oscilar entre uma abordagem visceral e uma quase contemplativa, que às vezes interrompe o ritmo frenético que o roteiro, em seus momentos melhores, consegue estabelecer.
O roteiro de Pizzolatto, embora carregue a marca registrada de sua escrita cínica e complexa, sofre de alguns desvios de rumo. A trama, por vezes, se arrasta de forma desnecessária, perdendo a força em meio a diálogos arrastados e subplots que não se integram de forma orgânica à narrativa principal. A tentativa de explorar temas complexos como a redenção, a culpa e a fragilidade da condição humana é louvável, mas a execução falha em alcançar a profundidade desejada, ficando muitas vezes na superfície.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretora | Mélanie Laurent |
| Roteirista | Nic Pizzolatto |
| Produtor | Tyler Davidson |
| Elenco Principal | Ben Foster, Elle Fanning, Beau Bridges, Lili Reinhart, Adepero Oduye |
| Gênero | Thriller |
| Ano de Lançamento | 2018 |
| Produtoras | Jean Doumanian Productions, Low Spark Films |
Apesar dos problemas de roteiro, as atuações são, em sua maioria, impecáveis. Ben Foster entrega uma performance visceral e inesquecível, mostrando um Roy Cady desgastado, ferido e desesperado. Elle Fanning, por sua vez, compõe uma Rocky enigmática e resilient, que mesmo sob a sombra de um passado traumático, mantém uma força interior surpreendente. O elenco de apoio, com nomes como Beau Bridges e Lili Reinhart, contribui para a atmosfera sombria e realista do filme.
Galveston é um filme ambivalente. Possui momentos de pura genialidade, cenas carregadas de tensão e atuações memoráveis. Por outro lado, sofre com um ritmo irregular, um roteiro que, por vezes, se perde em divagações, e uma falta de foco que prejudica o impacto final da história. Ele tenta ser um thriller visceral, um drama introspectivo e um road movie melancólico ao mesmo tempo, e no final, não consegue ser completamente nenhum deles com total êxito.
O filme foi recebido com uma recepção morna pela crítica em 2018. Lembro-me das críticas mistas, algumas admiradoras de seus momentos mais intensos, enquanto outras apontavam sua lentidão e falta de coesão narrativa, exatamente como nas citações fornecidas. Concordo parcialmente com essas avaliações. Galveston é um filme que merece ser visto, principalmente por causa da força bruta das atuações centrais e da atmosfera visualmente impactante. Mas, não se deixe enganar: este não é um filme para todos. Ele requer paciência e uma certa tolerância às suas falhas estruturais. Recomendo-o somente para aqueles que apreciam thrillers mais contemplativos e complexos, dispostos a se envolver com a complexidade – e as imperfeições – de uma obra que tenta, e quase consegue, atingir grandeza.




