Gen V: Uma herança digna de The Boys? A resposta é… complexa.
Lançada em 2023, Gen V prometia ser a explosão de adrenalina que os fãs de The Boys ansiavam, um spin-off mergulhando no universo sombrio e satírico dos Supes, mas com a perspectiva crua e rebelde da juventude. A premissa é simples: um grupo de jovens super-heróis em treinamento na Universidade Godolkin, a escola da Vought, luta pela supremacia e pela chance de ingressar nos Sete, a equipe de elite da poderosa corporação. A competição é implacável, os segredos são densos, e a moralidade, bem, ela é tão elástica quanto os poderes dos personagens.
O que encontramos, porém, é uma experiência mais ambivalente do que o esperado. A série, criada por Craig Rosenberg, Evan Goldberg e Eric Kripke (sim, o mesmo mastermind por trás de The Boys), tenta equilibrar o humor ácido e a violência gráfica que consagraram a série original com um drama adolescente que, em alguns momentos, se perde na própria pretensão.
A direção, apesar de ter seus momentos de brilho, sofre de uma inconsistência que se espalha por toda a temporada. Há cenas brilhantemente coreografadas, carregadas de violência visceral e efeitos visuais impactantes, tipicamente esperadas de uma produção Amazon. No entanto, outras sequências parecem apressadas, com uma edição que privilegia o ritmo frenético em detrimento da construção de tensão e emoção. O roteiro, por vezes, cai em clichês do gênero adolescente, o que, ironicamente, contrasta com a sutileza e a complexidade moral presente em The Boys.
Atributo | Detalhe |
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Criadores | Craig Rosenberg, Evan Goldberg, Eric Kripke |
Elenco Principal | Jaz Sinclair, Lizze Broadway, Maddie Phillips, London Thor, Derek Luh |
Gênero | Action & Adventure, Drama, Ficção Científica e Fantasia |
Ano de Lançamento | 2023 |
Produtoras | Sony Pictures Television, Amazon Studios, Kripke Enterprises, Point Grey Pictures, Original Film, Fazekas & Butters, Kickstart Entertainment, NightSky Productions, Amazon MGM Studios |
O elenco jovem, no entanto, é um ponto alto indiscutível. Jaz Sinclair como Marie Moreau, Lizze Broadway como Emma Meyer/Little Cricket, Maddie Phillips como Cate Dunlap, e London Thor como Jordan Li entregam performances sólidas, dando profundidade e nuances a personagens que poderiam facilmente cair no estereótipo. Eles conseguem transmitir a angústia, a sede de poder e a confusão moral dos seus personagens com autenticidade. A química entre os atores também é palpável, o que ajuda a sustentar o interesse mesmo diante de alguns tropeços da narrativa.
Um dos maiores pontos fortes de Gen V é sua exploração da corrupção sistêmica da Vought e a sua desconstrução do mito do herói. A série não se esquiva das implicações morais do poder absoluto e da busca desenfreada pelo sucesso, colocando os jovens personagens em situações éticas complexas que ecoam os temas centrais de The Boys. No entanto, o tom da série oscila entre a sátira mordaz e o melodrama adolescente, resultando numa experiência inconstante.
Por outro lado, a série parece às vezes tentar fazer muito de uma vez só. Tentando agradar a ambos os públicos, o fãs de The Boys e novos espectadores, ela dilui a força de sua própria identidade, tornando-se uma sombra da original em vez de uma extensão orgânica. Esse equacionamento, ao meu ver, é o maior pecado de Gen V. O resultado é uma série que, apesar de ter momentos excepcionais, falha em alcançar a coesão narrativa e a profundidade temática de sua predecessora.
Ao avaliar a recepção crítica em retrospecto (já em setembro de 2025), percebemos que as críticas iniciais eram bastante divididas, espelhando exatamente minhas próprias impressões ambivalentes. Algumas resenhas, como a que citei anteriormente, foram severas, acusando a série de ser um drama adolescente banal com alguns elementos de super-herói. Outras, em contraponto, defenderam a série como uma continuação natural do universo sombrio de The Boys. Acredito que ambas as visões possuem um grão de verdade.
Em conclusão, Gen V é uma série que tem potencial, mas não consegue totalmente realizar a promessa implícita em seu nome. É um produto interessante, com ótimas atuações e momentos de puro brilho, mas que padece de uma inconsistência narrativa e tonal que impede de alcançar a excelência. Recomendo Gen V aos fãs de The Boys que estejam dispostos a uma experiência mais irregular, mas não a considero uma obra-prima. Se você busca um drama adolescente com pitadas de super-heróis e um toque de humor negro, poderá gostar. Se espera algo tão visceral e coeso quanto The Boys, prepare-se para uma leve frustração.