Glimmer Man: Uma Viagem No Tempo (e na Frustração)
Olha, vamos ser francos: 1996 foi um ano estranho para o cinema de ação. E Glimmer Man: O Homem das Sombras resume bem essa estranheza. Visto em 2025, o filme se apresenta como uma cápsula do tempo, um curioso exemplar de um gênero que se reinventou inúmeras vezes desde então. A premissa é simples: um detetive durão (Steven Seagal, no auge – ou seria na decadência? – de sua carreira) investiga um assassino em série que tem como assinatura a eliminação de famílias inteiras, e, para piorar a situação, sua ex-mulher e o novo marido dela aparecem mortos, colocando-o na linha de frente das suspeitas.
Ação, Sim, Mas de Qual Tipo?
John Gray, na direção, se esforça para entregar cenas de ação, mas, em 2025, elas parecem um tanto… datadas. Não há a fluidez frenética dos filmes de ação atuais. As lutas, com Seagal no seu estilo característico (lento, quase balético, mas com alguns momentos eficazes), não são tão impressionantes quanto poderiam ser. A coreografia das lutas de artes marciais, que era a promessa do filme, fica aquém do esperado, e a idade pesa no desempenho físico do protagonista. Há uma certa sensação de peso morto em algumas cenas de ação, mesmo com os esforços de Keenen Ivory Wayans, que tenta (e consegue em alguns momentos) dar um toque de humor à trama sombria.
O roteiro de Kevin Brodbin, por sua vez, é um misto de clichês de filmes policiais e de suspense. A trama tem seus momentos de tensão, mas também sofre com reviravoltas previsíveis e alguns furos narrativos que são difíceis de ignorar, mesmo considerando o contexto de sua época. O desenvolvimento dos personagens, com exceção do próprio Seagal, é superficial, deixando a desejar em termos de profundidade emocional. Brian Cox, como sempre, se destaca, mesmo com um papel secundário relativamente misterioso.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | John Gray |
Roteirista | Kevin Brodbin |
Produtores | Julius R. Nasso, Steven Seagal |
Elenco Principal | Steven Seagal, Keenen Ivory Wayans, Bob Gunton, Brian Cox, Michelle Johnson |
Gênero | Ação, Crime, Thriller |
Ano de Lançamento | 1996 |
Produtoras | Seagal/Nasso Productions, Warner Bros. Pictures |
Seagal e o Peso da Lenda (ou a Falta Dela)
A atuação de Steven Seagal… ah, Steven Seagal. É difícil falar sobre “Glimmer Man” sem falar dele. Ele é, sem dúvida, a figura central do filme, carregando toda a responsabilidade do carisma e da ação. Mas, em 2025, é difícil negar que sua performance, mesmo sendo carregada de seu usual ar de superioridade taciturna, demonstra um certo esgotamento. Sua famosa impassibilidade se torna aqui, em muitos momentos, apenas letargia. É como se ele estivesse participando do filme por obrigação, sem a mesma entrega vista em seus filmes anteriores. Ainda assim, há alguns momentos de brilho em sua interpretação. O personagem de Jack Cole tem um passado nebuloso que é revelado gradativamente, adicionando uma pequena camada de profundidade à sua frieza habitual.
Um Filme para a História (porém, não necessariamente para o prazer)
Os pontos fortes do filme residem principalmente na atmosfera sombria e no clima de suspense que ele consegue criar, especialmente na primeira metade. A fotografia, com suas tonalidades escuras e atmosfera opressiva, contribui para criar uma sensação de mistério e apreensão que prendem o espectador. Porém, os pontos fracos superam em muito os positivos. O roteiro previsível, as lutas desanimadoras e a performance irregular de Seagal prejudicam severamente o resultado final. A ideia de um “buddy cop” entre Seagal e Wayans é interessante no papel, mas a química entre os dois atores não funciona plenamente.
O filme tenta explorar temas como a obsessão, a vingança e as consequências das escolhas do passado. No entanto, esses temas não são aprofundados o suficiente para deixar uma marca duradoura no espectador. A mensagem, se é que existe uma, se perde no meio de reviravoltas pouco convincentes e um desenvolvimento apressado da trama.
Conclusão: Uma Relíquia dos Anos 90
Glimmer Man: O Homem das Sombras é um filme que deve ser apreciado como uma peça da história do cinema de ação dos anos 90. Não espere um thriller impecável, nem uma obra-prima de artes marciais. Se você é um fã fervoroso de Steven Seagal e tem uma certa tolerância para filmes de ação que envelheceram mal, talvez encontre algum prazer nostálgico na experiência. Caso contrário, sugiro que você busque opções mais recentes no vasto universo do streaming. É um filme que, honestamente, é mais interessante de se analisar em retrospecto do que de se assistir em 2025. Assistam por curiosidade histórica, mas não esperem grandes emoções.