Grimm: Um conto de fadas sombrio que ainda assombra (e encanta)
Quatorze anos após sua estreia em 2011, a série Grimm continua a mexer comigo. Recentemente, voltei a mergulhar nesse universo de criaturas sobrenaturais e detetives destemidos, e a experiência, acredite, foi tão impactante quanto da primeira vez. A série acompanha Nick Burkhardt, um detetive de Portland, Oregon, que descobre ser um Grimm, um descendente de uma longa linhagem de caçadores de criaturas mitológicas. Sua vida se transforma num turbilhão de casos de assassinato grotescos, rituais obscuros e criaturas saídas diretamente dos contos de fadas mais sombrios. Ao lado de seu amigo Monroe, um Wesen (como são chamadas essas criaturas) gentil e conhecedor do mundo sobrenatural, e do cético, mas leal, Hank Griffin, Nick luta para equilibrar sua vida normal com a responsabilidade de proteger os inocentes de ameaças sobrenaturais.
Uma mistura deliciosa de suspense e horror
O que me cativou em Grimm desde o início, e que permanece latente até hoje, é a mistura inteligente de elementos policiais com a mitologia de contos de fadas. A série não se limita a simplesmente apresentar criaturas; ela cria uma mitologia rica e consistente, explorando a história e a cultura por trás de cada Wesen. O roteiro, embora às vezes escorregue em clichês do gênero policial, é geralmente bem escrito, com reviravoltas surpreendentes e uma trama central que prende a atenção do espectador até o final. A direção, por sua vez, é competente, criando uma atmosfera sombria e tensa que acompanha perfeitamente a natureza sombria do enredo. A fotografia, com sua paleta de cores escura e muitas vezes saturada, contribui para essa estética de filme noir sobrenatural.
A atuação do elenco principal também merece destaque. David Giuntoli, como Nick Burkhardt, entrega uma performance crível e envolvente, transmitindo com maestria a luta interna do protagonista entre seu dever e sua vida pessoal. Silas Weir Mitchell, como Monroe, rouba a cena com seu humor sarcástico e sua lealdade inabalável, criando um personagem memorável e cativante. O restante do elenco – Russell Hornsby, Sasha Roiz, Reggie Lee – também se destaca em seus respectivos papéis, construindo personagens complexos e multifacetados que evoluem ao longo das seis temporadas.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Criadores | David Greenwalt, Jim Kouf, Stephen Carpenter |
| Elenco Principal | David Giuntoli, Silas Weir Mitchell, Russell Hornsby, Sasha Roiz, Reggie Lee |
| Gênero | Drama, Mistério, Ficção Científica e Fantasia |
| Ano de Lançamento | 2011 |
| Produtoras | Universal Television, Hazy Mills Productions, Universal Media Studios |
Pontos fortes e fracos de um universo cativante
Grimm brilha em sua criatividade na criação de um mundo fantástico baseado em contos de fadas clássicos, porém, com uma versão muito mais sombria e realista. A construção desse universo, rica em detalhes e com uma mitologia consistentemente expandida ao longo das temporadas, é um dos maiores trunfos da série. A série conseguiu o que muitos outros trabalhos de fantasia não conseguem: o world building é cuidadoso e detalhado, construindo uma mitologia que dá profundidade e verossimilhança ao mundo apresentado, mesmo que esse mundo seja povoado por criaturas fantásticas. Por outro lado, a série às vezes se perde em subtramas pouco relevantes e em alguns arcos narrativos que se arrastam excessivamente, prejudicando o ritmo da trama. Em alguns momentos, a série se apega a fórmulas previsíveis e clichês de procedimentais policiais.
Temas e mensagens além da fantasia
Além do entretenimento puro, Grimm explora temas relevantes, como a natureza do bem e do mal, a luta contra a discriminação, a importância da família e a busca por justiça. A série não apresenta respostas fáceis ou soluções mágicas para os problemas apresentados, e a complexidade dos personagens e das situações contribui para uma reflexão sobre a natureza humana e as consequências de nossas ações. Ao explorar estes temas através da lente de uma mitologia reinventando os contos de fadas, a série proporciona uma camada a mais de profundidade e significado.
Conclusão: Um legado duradouro
Embora tenha seus defeitos, Grimm é uma série que merece ser vista, revisitada e celebrada. Sua combinação de ação, suspense, horror e uma mitologia fascinante a torna uma obra única e memorável. A série me proporcionou, em 2025, a mesma satisfação que senti em 2011. Recomendo fortemente Grimm para todos os fãs de fantasia, suspense e séries policiais com um toque sobrenatural. A série está disponível em diversas plataformas digitais de streaming e, após a minha revisitação, posso garantir que ainda mantém seu poder de cativar e assombrar os espectadores. Aquele comentário que li anos atrás sobre a série, “This is the kind of show that my father (rest his soul) loved and the childhood me would also have loved…and for the same reasons. It did world building right and that world was intricate…”, realmente ressoa na minha experiência. Grimm é uma obra que atravessa gerações e continua relevante até os dias de hoje.




