Guilhotinas: Uma Ode à Violência e à Beleza da Dinastia Qing
Ao revisitar “Guilhotinas” em 2025, treze anos após seu lançamento original, me vejo tomado por uma complexa gama de emoções. Este longa-metragem de ação histórico, dirigido por Liu Weiqiang e estrelado por um elenco de peso do cinema chinês, não é apenas um filme de artes marciais; é uma experiência visceral que mergulha nas profundezas da política, poder e brutalidade da Dinastia Qing. A sinopse, sem spoilers, revela a ascensão e queda de um esquadrão de elite, os Guilhotinas, sob o comando de dois imperadores com visões contrastantes do governo. A trama gira em torno da utilização desta força letal, inicialmente ferramenta de controle do Imperador Yong Zheng, para fins cruéis e opressores sob o governo de seu filho, Qian Long.
A direção de Liu Weiqiang é, sem dúvida, um dos pontos altos do filme. As cenas de ação são coreografadas com maestria, uma dança frenética de espadas e kung fu que cativa o olhar. A violência é gráfica, sem apelar para a gratuita, servindo como um reflexo brutal do período histórico retratado. No entanto, o cineasta equilibra habilmente a brutalidade com momentos de beleza visual, explorando as paisagens e a arquitetura da China imperial com um talento impressionante. A fotografia é deslumbrante, transmitindo a opulência e a decadência da corte imperial, contrapondo-se à dureza do cotidiano da população.
O roteiro, por sua vez, apresenta algumas falhas. A transição entre o reinado de Yong Zheng e o de Qian Long, apesar de importante para a narrativa, poderia ter sido mais bem elaborada, sentindo-se um pouco abrupta em momentos chave. A complexidade dos personagens, apesar de apresentar personagens com motivações ambíguas, é superficial em alguns pontos, principalmente em relação às suas jornadas internas. Embora a trama carregue peso histórico, a profundidade dos dilemas morais e políticos fica aquém do que o tema permitiria.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | 劉偉強 |
Roteiristas | Joyce Chan Ka-Yi, Chit Ka-Kei, Guo Junli, Lui Koon-Nam, Aubrey Lam Oi-Wah, Jojo Hui Yuet-Chun |
Produtores | 陈可辛, 劉偉強, Jojo Hui Yuet-Chun |
Elenco Principal | 黄晓明, 阮經天, 余文樂, 李宇春, 井柏然 |
Gênero | Ação, História, Aventura, Drama |
Ano de Lançamento | 2012 |
Produtoras | We Pictures, Media Asia Films, Stellar Mega Films, Polyface Films, Basic Pictures |
No entanto, as atuações compensam em parte as deficiências do roteiro. Huang Xiaoming, Ruan Jingtian e Yu Wenle estão excelentes em seus papéis, transmitindo a complexidade e a fragilidade de seus personagens. A química entre eles é palpável, conduzindo as tensas relações de poder e lealdade. A performance de Li Yuchun, apesar de diferente do usual, adiciona uma camada de mistério e intriga ao enredo.
Os pontos fortes de “Guilhotinas” residem na sua estética visual arrebatadora, nas coreografias de luta impecáveis e no elenco talentoso. O filme acerta ao não romantizar a violência, exibindo a brutalidade do regime de forma direta e impactante, algo que se tornou raridade no cinema de ação contemporâneo. Por outro lado, a superficialidade em alguns aspectos da narrativa e a transição narrativa mal elaborada são suas maiores fraquezas. Apesar dessas falhas, o filme consegue transmitir uma forte mensagem sobre o abuso de poder e as consequências das ações políticas, mergulhando o espectador na atmosfera opressiva da corte imperial.
Em última análise, “Guilhotinas” é uma obra que transita entre o espetáculo e a reflexão. É um filme que, apesar de seus defeitos, consegue prender a atenção do público com sua cinematografia deslumbrante e atuações memoráveis. Ao revisitar o filme em 2025, me vejo menos inclinado a perdoar suas falhas narrativas do que quando o assisti pela primeira vez, mas ainda o considero uma peça significativa do cinema de ação chinês, valendo a pena para aqueles que apreciam filmes de artes marciais históricos e com um toque de visceralidade. Recomendo “Guilhotinas” para quem busca um entretenimento explosivo, desde que esteja ciente de suas limitações narrativas. O filme está disponível em diversas plataformas digitais e vale a experiência, principalmente para apreciar a maestria da direção de Liu Weiqiang.