Hancock: Um Super-Herói Inconveniente, Mas Fascinante
Em 2008, Peter Berg nos presenteou com Hancock, um filme que, 17 anos depois (de 18/09/2025), continua a mexer comigo. Não se trata de uma obra-prima impecável, longe disso. Mas sua audácia, sua vontade de subverter o gênero de super-heróis, e a química explosiva de Will Smith e Charlize Theron garantem um lugar especial na minha memória cinéfila. A sinopse, sem spoilers, é simples: Hancock é um super-herói poderoso, mas extremamente problemático, que precisa lidar com a própria imagem pública e com uma crise existencial.
Um Balanço Precário entre Comédia e Drama
A direção de Peter Berg, embora não seja revolucionária, funciona a favor do roteiro escrito por Vince Gilligan e Vincent Ngo. A câmera, em alguns momentos, abraça a estética grandiosa de uma cena de ação, enquanto em outros, torna-se íntima, explorando as nuances das relações entre os personagens. O roteiro, por sua vez, é a alma do longa. Ele equilibra, de forma nem sempre perfeita, mas sempre ousada, o humor ácido e o drama existencial de um ser imortal e cansado. A promessa de uma comédia de super-heróis com uma pitada de romance se concretiza, mesmo que o resultado não seja totalmente homogêneo.
As atuações carregam o filme nas costas. Will Smith, longe do estereótipo do galã, entrega uma performance visceral, complexa, com o timing cômico impecável. Charlize Theron, como Mary, rouba a cena com sua fragilidade e força interior, criando um personagem tão fascinante quanto o protagonista. Jason Bateman, como Ray, funciona como um contraponto à brutalidade de Hancock, e sua química com Smith sustenta alguns dos momentos mais hilários do filme.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Peter Berg |
Roteiristas | Vince Gilligan, Vincent Ngo |
Produtores | Michael Mann, James Lassiter, Will Smith, Akiva Goldsman |
Elenco Principal | Will Smith, Charlize Theron, Jason Bateman, Jae Head, Eddie Marsan |
Gênero | Fantasia, Ação |
Ano de Lançamento | 2008 |
Produtoras | Columbia Pictures, Relativity Media, Blue Light, Weed Road Pictures, Overbrook Entertainment |
Pontos Fortes e Fracos: Um Herói com Defeitos
O principal ponto forte de Hancock é, sem dúvida, a ousadia. Ele questiona a própria natureza do herói, mostrando um indivíduo com defeitos, vícios (o alcoolismo de Hancock é bem explorado), e falhas morais. A relação complexa entre Hancock e Mary, com seus momentos de paixão, afeição e conflitos, é outro ponto alto. A construção do personagem de Mary é fascinante, uma mulher que ama incondicionalmente, apesar dos defeitos flagrantes de seu amado.
Por outro lado, o filme peca em alguns momentos de ritmo e em um terceiro ato que, para alguns, pode parecer apressado. A crítica de 2008 apontava para uma falta de humor que muitos de nós não esperávamos de um filme com o ator Will Smith. A meu ver, o humor é ácido e sarcástico, embora não seja a comédia pastelão que alguns podem esperar. Alguns aspectos do roteiro também se tornam um pouco previsíveis. A grande reviravolta, embora bem executada, não é totalmente surpreendente para quem já está acostumado ao gênero.
Temas e Mensagens: Além do Cabo da Esperança
Hancock explora temas complexos, como a redenção, o amor incondicional, e a dificuldade de lidar com a fama e a responsabilidade. A mensagem central, embora não explicitamente declarada, parece ser a de que até mesmo os seres mais poderosos e aparentemente invulneráveis precisam de amor e aceitação. A jornada de Hancock é uma metáfora para a nossa própria busca pela redenção e pela descoberta do amor verdadeiro. O elemento de “amor proibido” entre Hancock e Mary, e até mesmo a própria figura de Hancock como um tipo de “loser” que precisa de redenção, é algo que realmente me marcou.
Conclusão: Uma Experiência Cinéfila Singular
Hancock, apesar de suas imperfeições, é um filme singular. Não é uma obra-prima impecável, mas é um filme ousado, engraçado, e emocionalmente envolvente. É um filme que questiona o que significa ser um herói, que explora as nuances complexas do amor e da redenção, e que, mesmo com 17 anos de distância, ainda consegue me surpreender. Recomendo sua exibição, especialmente para aqueles que apreciam filmes de super-heróis com uma pitada de drama existencial e uma dose generosa de humor ácido. A pós-crédito (durantecreditsstinger) ainda é um achado! Aquele final me deixa com a sensação gostosa de um filme bem feito, apesar das críticas de que “cheirava a podre” ou que era “fraco e desinteressante”. O filme não se encaixa perfeitamente em nenhuma caixa, e talvez seja aí que reside sua maior beleza. Para quem gosta de Will Smith e de filmes que ousam ser diferentes, Hancock é uma aposta segura.