O Homem-Aranha balançou para o terceiro ato em 2007, e olhando para trás, 18 anos depois (de 2007 a 2025), Homem-Aranha 3 permanece um filme fascinante, uma prova do quanto um terceiro ato pode se tornar um campo minado, mesmo para uma franquia tão bem estabelecida. O longa-metragem nos apresenta novamente ao Peter Parker, dividido entre sua vida amorosa com Mary Jane e as responsabilidades de ser o Homem-Aranha. A paz, no entanto, é uma miragem, e novos desafios, tanto pessoais quanto sobrenaturais, ameaçam desestabilizar o nosso amigável herói da vizinhança.
Um Símbolo Negro e a Teia de Conflitos
Sem spoilers, posso dizer que Homem-Aranha 3 amplia o universo do herói, introduzindo elementos cósmicos e mergulhando mais fundo na psique de Peter. A trama explora as consequências de suas escolhas, as sombras que assombram sua jornada e as pressões externas que o transformam. A dinâmica entre Peter e Mary Jane é testada, e a relação com Harry Osborn, o Duende Verde, ganha novos contornos. O surgimento de novos vilões, impulsionados por suas próprias tragédias, cria uma teia de conflitos que se emaranham com a vida pessoal do herói, culminando em um confronto épico.
Raimi, o Mestre do Exagerado (com Algumas Falhas)
Sam Raimi, com sua assinatura visual exagerada e seu amor pelo grotesco, entrega um filme que, embora dividido em sua execução, é visualmente rico. A cena do simbionte negro se fundindo ao traje do Aranha é visceral e memorável. As sequências de ação são, em grande parte, bem coreografadas, com a exceção de alguns momentos que parecem confusos e apressados. A construção dos vilões, por outro lado, é onde o filme patina. A tentativa de equilibrar tantos antagonistas – Homem-Areia, Venom e o Duende Verde – dilui o impacto de cada um, deixando-os com menos desenvolvimento do que o merecido.
O roteiro, assinado por Alvin Sargent, Sam Raimi e Ivan Raimi, demonstra uma ambição talvez excessiva. A tentativa de incorporar tantos elementos da mitologia do Homem-Aranha, aliada a uma trama romântica um tanto quanto cansativa e preguiçosa, resulta em um filme irregular, com momentos de brilho e outros de profunda apatia. A atuação de Tobey Maguire ainda é convincente, capturando a fragilidade interior de Peter. Kirsten Dunst, no entanto, parece subutilizada, e o resto do elenco, com exceção de um memorável Thomas Haden Church como o Homem-Areia, fica preso a personagens mal desenvolvidos.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Sam Raimi |
Roteiristas | Alvin Sargent, Sam Raimi, Ivan Raimi |
Produtores | Avi Arad, Grant Curtis, Laura Ziskin |
Elenco Principal | Tobey Maguire, Kirsten Dunst, James Franco, Thomas Haden Church, Topher Grace |
Gênero | Ação, Aventura, Ficção científica |
Ano de Lançamento | 2007 |
Produtoras | Laura Ziskin Productions, Marvel Studios, Columbia Pictures |
Pontos Fortes e Fracos: Um Equilíbrio Precário
Um dos maiores pontos fortes do filme é, sem dúvida, sua exploração do lado negro do herói. A transformação de Peter sob a influência do simbionte é uma das sequências mais bem realizadas do longa, explorando a fragilidade emocional do personagem e as consequências de ceder à escuridão. A direção de arte, especialmente nas cenas noturnas, é impressionante. Mas o excesso de personagens e subtramas acaba prejudicando o filme como um todo. O tom oscila entre comédia e drama de forma desequilibrada, e o ritmo narrativo fica irregular. O excesso de humor, frequentemente forçado e fora de contexto, compromete a seriedade de determinados momentos.
Super-heróis e a Busca pela Redenção
Homem-Aranha 3 explora temas de identidade, redenção e as consequências das nossas escolhas. A luta interna de Peter com seu lado sombrio, e a busca pelo perdão tanto para si mesmo quanto para os que o cercam, são o cerne da narrativa. A perda, a vingança e o narcisismo são temas recorrentes, refletidos nos vilões e na jornada emocional do próprio Peter. Porém, apesar da intenção, esses temas não são explorados com a profundidade que mereciam, ficando um tanto superficiais em sua abordagem.
Conclusão: Uma Experiência Complexa
Ao contrário de muitos, não considero Homem-Aranha 3 um filme ruim. É um filme complexo, irregular, com momentos de puro brilhantismo, perdidos em meio a um mar de decisões narrativas questionáveis. É um filme que, ao longo dos anos, se tornou um objeto de estudo para entender os desafios de se fazer uma trilogia de super-heróis. Acho que a obra pode ainda ser apreciada, principalmente por fãs que possuem nostalgia da época, ou por aqueles que estão interessados em analisar a evolução do gênero de filmes de super-heróis. Recomendo sua assistida em plataformas digitais, mas com uma boa dose de compreensão e preparação mental para os seus defeitos. Se você gosta de filmes de super-heróis que arriscam na estética e na construção de personagens, mesmo que de forma irregular, Homem-Aranha 3 pode ser uma experiencia interessante. Se busca um roteiro impecável e uma narrativa coesa, talvez seja melhor procurar outra opção.