Honra ao Mérito

Honra ao Mérito: Uma jornada visceral pela dor e resiliência

Passaram-se oito anos desde que Honra ao Mérito chegou aos cinemas brasileiros, em 7 de março de 2018, e, olhando para trás, a obra de Jason Hall se mantém como um estudo de caso fascinante sobre o impacto devastador da guerra na psique humana. O filme acompanha a vida de diversos soldados norte-americanos após o retorno do Iraque e Afeganistão, lutando contra as sequelas físicas e psicológicas deixadas pela experiência bélica, principalmente o transtorno de estresse pós-traumático (PTSD). É uma história sobre o peso do sacrifício, a fragilidade da família e a luta árdua pela recuperação, sem cair na armadilha de ser apenas um retrato miserabilista.

A direção de Hall, também responsável pelo roteiro, é contida, mas eficaz. Ele opta por não romantizar a guerra, mostrando-a na sua brutalidade crua e nas suas consequências prolongadas, sem um único instante de heroísmo vazio. A câmera se aproxima dos personagens, nos permitindo sentir sua angústia e desespero de perto. A escolha de usar um elenco majoritariamente desconhecido para o público brasileiro em 2018 (salvo Miles Teller, já um nome mais familiar) foi uma decisão acertada; isso contribuiu para uma imersão maior na dor dos personagens, evitando qualquer tipo de estereótipo ou projeção de fama que pudesse minar a veracidade da narrativa.

As atuações são, de fato, o ponto alto do filme. Miles Teller, como Adam Schumann, entrega uma performance visceral e repleta de nuances, capturando a fragilidade e a raiva contida de um homem quebrado. Haley Bennett, como sua esposa Saskia, também brilha, retratando a luta de quem tenta segurar os pedaços de uma família desmoronando. Joe Cole, Amy Schumer e Beulah Koale completam o elenco com performances igualmente sólidas, cada um adicionando uma camada de complexidade à narrativa coletiva. Não foi à toa que o filme teve uma recepção positiva, em sua maioria, pela crítica especializada na época do seu lançamento.

Os pesos da guerra e as cicatrizes invisíveis

Um dos maiores trunfos de Honra ao Mérito é sua capacidade de humanizar os soldados que sofrem de PTSD. O filme não os apresenta como heróis despedaçados ou vítimas indefesas; são homens com suas fraquezas e suas forças, lutando para se reintegrar à sociedade após uma experiência que nenhum manual preparou. A obra, com sensibilidade, explora o impacto do trauma não só nos soldados, mas também em suas famílias, que sofrem em silêncio, lidando com a ausência física e emocional de seus entes queridos. A mensagem é clara: a guerra tem um custo alto, e suas cicatrizes vão muito além do campo de batalha.

Apesar de suas qualidades, o filme não é isento de falhas. Algumas vezes, a narrativa pode parecer um pouco lenta, o que, dependendo da sensibilidade do espectador, pode ser um ponto negativo. A escolha de focar em vários personagens, embora enriqueça a complexidade do tema, poderia ter sido trabalhada de forma a evitar que alguns deles parecessem menos desenvolvidos. No entanto, estas são falhas menores diante da profundidade emocional que a película consegue alcançar.

Um legado duradouro

Honra ao Mérito não é um filme fácil de assistir; é uma obra que exige do espectador um mergulho profundo na dor e na resiliência humanas. Ao terminar o filme, dificilmente você o esquecerá, pois suas imagens e suas emoções permanecerão com você por um bom tempo. Em 2025, olhando para trás, considero-o uma obra-prima, uma verdadeira joia pouco celebrada pelo grande público que merece ser redescoberta em plataformas digitais, seja em streaming ou compra. Recomendo fortemente este filme para aqueles que buscam um drama visceral e profundamente humano, que trata de temas relevantes e cruciais com rara sensibilidade e veracidade. Se você busca um filme de guerra tradicional, repleto de ação e heroísmo exacerbado, este não é o seu filme. Mas se você busca algo mais profundo, mais humano, prepare-se para uma experiência comovente e inesquecível.