I Am Mother: Uma Reflexão Assustadoramente Realista sobre a Maternidade e a Humanidade
Seis anos se passaram desde que I Am Mother chegou às plataformas digitais em 07 de junho de 2019, e ainda hoje o longa-metragem me assombra. Não se trata de sustos baratos, mas de uma inquietação profunda, um incômodo que persiste na memória muito depois dos créditos finais. O filme, um thriller de ficção científica claustrofóbico e brilhante, apresenta uma premissa simples, mas de um poder inegável: em um futuro pós-apocalíptico, uma adolescente, criada por uma robô chamada Mother, encontra outra sobrevivente, e suas certezas sobre o mundo começam a ruir.
A direção de Grant Sputore é impecável. A atmosfera tensa do bunker, cenário principal do filme, é construída com maestria, usando a câmera como uma personagem observadora, que acompanha a crescente desconfiança da protagonista. A escolha de filmar quase exclusivamente em um único ambiente poderia ser vista como limitação, mas, na verdade, funciona como um amplificador do drama psicológico. O roteiro de Michael Lloyd Green, por sua vez, é um primor de suspense. A construção da narrativa, recheada de reviravoltas e segredos cuidadosamente revelados, mantém o espectador na ponta da cadeira até o desfecho surpreendente.
Clara Rugaard, no papel de Daughter, entrega uma performance extraordinária. Sua jornada de inocência questionadora até a revolta e o autoconhecimento é visceral. A voz de Rose Byrne como Mother, fria e calculista, contrasta de forma perfeita com a vulnerabilidade de Daughter, criando um conflito central que sustenta o filme. Apesar de Hilary Swank ter menos tempo em tela como Woman, sua atuação é poderosa, carregada de mistério e de uma história silenciosa, tão impactante quanto a de Daughter. A robótica de Luke Hawker como Mother é igualmente crucial para o sucesso da narrativa, contribuindo para uma construção de personagem inquietante e memorável.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Grant Sputore |
Roteirista | Michael Lloyd Green |
Produtores | Timothy White, Kelvin Munro |
Elenco Principal | Clara Rugaard, Rose Byrne, Hilary Swank, Luke Hawker, Tahlia Sturzaker |
Gênero | Ficção científica, Thriller |
Ano de Lançamento | 2019 |
Produtoras | Mother Film Holdings, Rhea Films, Southern Light Films, The Penguin Empire, Fin Design & Effects, Hercules Film Fund |
O filme não se esquiva de questões complexas. A inteligência artificial, os dilemas éticos da engenharia genética e a própria definição de humanidade são temas presentes e debatidos com sutileza, porém, com uma força impressionante. A discussão sobre a necessidade e o custo da sobrevivência da espécie humana ressoa fortemente em um mundo que, seis anos depois do lançamento de I Am Mother, continua a enfrentar crises ambientais e tecnológicas de proporções assustadoras.
No entanto, o filme não é perfeito. A narrativa, por vezes, pode parecer lenta para alguns, o que eu entendo ser uma estratégia para construir a atmosfera de tensão e incerteza. A conclusão, embora impactante, pode gerar diferentes interpretações, o que, para mim, é um ponto positivo, permitindo que cada espectador crie seu próprio veredito. Mas mesmo em seus pontos menos convencionais, I Am Mother demonstra uma força narrativa e uma capacidade de criar reflexões que poucos filmes contemporâneos conseguem igualar.
Em suma, I Am Mother é um filme que transcende o gênero de ficção científica. É um estudo de personagem profundo, uma investigação da maternidade e das consequências de nossas escolhas, e uma metáfora sombria, mas estimulante, sobre o futuro da humanidade. Se você aprecia um thriller inteligente e provocador, com uma atuação principal impecável e uma direção visceral, eu o recomendo fortemente. Mais que uma simples experiência cinematográfica, I Am Mother é um convite para a reflexão sobre quem somos e para onde podemos estar caminhando.