Infiltrado

Infiltrado: Uma Viagem Apressada por Los Angeles

Guy Ritchie, o mestre do estilo frenético e diálogos afiados, nos presenteia com Infiltrado, um thriller que, apesar de promissor em sua premissa, acaba se perdendo em um labirinto de ação exagerada e um roteiro que, por vezes, se sente mais preocupado com a estética do que com a substância. A trama gira em torno de H (Jason Statham), um enigmático segurança de carros-fortes que opera nas sombras de Los Angeles, movimentando somas astronômicas de dinheiro. Quando suas habilidades de combate excepcionais são expostas durante a frustrada tentativa de um assalto, o jogo muda, e uma rede de conspirações começa a se desvendar, revelando segredos que abalam a ordem estabelecida.

A direção de Ritchie, como esperado, é uma explosão visual. A câmera se move com a mesma agilidade de H, ora em câmera lenta, exibindo coreografias de luta impecáveis, ora em um frenesi de cortes rápidos que, enquanto eficazes em criar uma atmosfera tensa, podem ser excessivos, deixando o espectador um pouco tonto. O estilo frenético, tão característico do diretor, funciona em alguns momentos, mas em outros se torna um obstáculo, prejudicando a compreensão da narrativa e, por consequência, o engajamento emocional.

O roteiro, assinado por Ritchie em parceria com Ivan Atkinson e Marn Davies, apresenta um universo de personagens intrigantes, embora pouco explorados. Jason Statham, como sempre, entrega uma performance sólida, encarnando a frieza e a eficiência de H com naturalidade. Holt McCallany, como Bullet, consegue dar uma pitada de humanidade à trama. Porém, a performance de Josh Hartnett, como Boy Sweat Dave, conforme antecipado em algumas críticas que li, realmente decepciona, parecendo mais um ator em piloto automático do que uma figura crucial na narrativa.

Apesar da estética visual impactante e do carisma inegável de Statham, Infiltrado tropeça em seu próprio ritmo acelerado. A trama, inicialmente promissora, se perde em subplots e reviravoltas previsíveis, deixando a desejar em termos de profundidade e desenvolvimento de personagens. A busca pela estética, em detrimento da narrativa, resulta num filme que, apesar de entreter momentaneamente com suas sequências de ação, carece de um núcleo emocional mais consistente.

Os temas explorados, como a ambiguidade da justiça, as complexidades da lealdade e a busca por vingança, ficam subdesenvolvidos, servindo mais como pano de fundo para as cenas de ação do que como elementos fundamentais da narrativa. A mensagem, se houver alguma, fica diluída no frenesi de tiroteios e perseguições de carros.

No fim das contas, Infiltrado é um filme paradoxal. Visualmente estimulante e com momentos de ação de tirar o fôlego, mas sofre de uma narrativa pouco coesa e personagens pouco desenvolvidos. Recomendo-o apenas para fãs incondicionais de Jason Statham e do estilo peculiar de Guy Ritchie, que se contentam com um filme de ação estilizado, priorizando a forma sobre o conteúdo. Para quem busca uma trama mais substanciosa e personagens complexos, talvez seja melhor procurar outras opções no catálogo de streaming.