Invasores – Nenhum Sistema Está à Salvo: Um Thriller Alemão que Ainda Resiste ao Tempo
Onze anos se passaram desde que assisti a Invasores – Nenhum Sistema Está à Salvo (2014), e a lembrança do filme ainda me persegue. Não como um fantasma, mas como uma eletricidade persistente, um eco de uma experiência cinematográfica que, apesar de suas falhas, me marcou. O filme acompanha Benjamin, um jovem prodígio da informática, recrutado por um grupo de hackers subversivos que opera nas sombras de Berlim. A trama se desenrola em um jogo de gato e rato com as autoridades, com segredos, traições e uma escalada crescente de riscos. Mas a jornada de Benjamin não é apenas sobre códigos e invasões; é sobre a busca por pertencimento, a sedução do perigo e as consequências de desafiar o sistema.
A direção de Baran bo Odar, o mesmo cineasta que nos presenteou com a excelente “Dark”, já demonstrava naquele filme de 2014 uma maestria em construir tensão. A câmera se move com a agilidade dos próprios hackers, alternando entre a frieza das telas de computador e a claustrofobia dos encontros clandestinos. Bo Odar e Jantje Friese, na roteirização, criam uma atmosfera carregada, repleta de suspense que prende o espectador até o final, mesmo prevendo alguns dos desdobramentos. No entanto, como alguns críticos apontaram na época, e eu concordo, o roteiro peca um pouco ao simplificar demais o aspecto técnico da invasão de sistemas. A prioridade é a narrativa de suspense e o drama humano, e não uma demonstração didática de hacking.
O elenco é impecável. Tom Schilling, como Benjamin, equilibra a vulnerabilidade com a inteligência ardilosa. A química entre ele e Elyas M’Barek (Max), o líder carismático e imprevisível do grupo, é um dos pontos altos do filme. Wotan Wilke Möhring e Antoine Monot Jr. completam o time de hackers com nuances interessantes, enquanto Hannah Herzsprung, como Marie, adiciona uma dimensão emocional importante à história, com uma atuação que surpreende pela profundidade.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Baran bo Odar |
| Roteiristas | Baran bo Odar, Jantje Friese |
| Produtores | Max Wiedemann, Quirin Berg |
| Elenco Principal | Tom Schilling, Elyas M'Barek, Wotan Wilke Möhring, Antoine Monot Jr., Hannah Herzsprung |
| Gênero | Thriller |
| Ano de Lançamento | 2014 |
| Produtoras | Seven Pictures, Deutsche Columbia Filmproduktion, Wiedemann & Berg Film |
Um dos grandes trunfos de “Invasores” reside na sua atmosfera: a Berlim fria e cinzenta funciona como personagem, criando um cenário perfeito para esse thriller tecnológico e sombrio. O filme toca em temas relevantes, como a crescente dependência da tecnologia e a fragilidade dos sistemas de segurança, mas se aprofunda mais na questão da identidade e pertencimento, refletindo, inclusive, em certos aspectos, os ecos do “Fight Club” de Chuck Palahniuk. Apesar disso, não se aprofunda o suficiente em suas implicações políticas ou sociais, deixando um gosto de “e daí?” no ar. Essa é, talvez, a maior crítica que posso fazer ao filme.
Enquanto pontos fortes, destaco a excelente direção de Baran bo Odar, as performances convincentes do elenco principal e a atmosfera tensa que permeia toda a narrativa. Por outro lado, a superficialidade do aspecto técnico e a falta de aprofundamento em temas relevantes são, sem dúvida, pontos fracos.
Concluindo, Invasores – Nenhum Sistema Está à Salvo é um thriller alemão que, apesar de alguns deslizes, consegue prender a atenção. Não se trata de uma obra-prima do cinema, mas sim de um filme que diverte e instiga, principalmente para aqueles que apreciam o gênero. Recomendo sua visualização, especialmente para quem busca uma produção europeia com ares de suspense e uma boa atuação de Tom Schilling. Se já foi lançado em alguma plataforma de streaming, recomendo buscar por lá, caso contrário, vale a pena procurar em locadoras físicas ou procurar para compra. A experiência pode não ser tão marcante quanto a de “Dark”, mas certamente deixa uma marca.




