It: A Coisa

It: A Coisa – Um mergulho aterrador na infância perdida (e reencontrada)

Oito anos se passaram desde que Derry, Maine, foi palco de um terror sem precedentes, narrado em It: A Coisa, de 2017. Recordo-me vividamente do frenesi em torno do lançamento, e como, mesmo à distância de 2025, aquele palhaço ainda me assombra de forma fascinante. Este longa-metragem, baseado no romance de Stephen King, acompanha um grupo de crianças, o “Clube dos Perdedores”, que enfrenta Pennywise, uma entidade malévola que se alimenta dos medos infantis e aterroriza a cidade a cada 27 anos. Sem revelar muito, a trama acompanha a jornada desses jovens para superarem seus traumas individuais e derrotarem uma força sobrenatural que parece inabalável.

A direção de Andy Muschietti é impecável. Ele equilibra o suspense crescente com momentos de comovente amizade, construindo uma atmosfera claustrofóbica que reflete a fragilidade e o medo inerentes à infância. As cenas de terror são eficazmente pontuadas, sem cair no exagero gratuito que desvaloriza o impacto. A fotografia acentua o clima sombrio de Derry, transformando a cidade em um personagem à parte, quase um ser vivo e maléfico.

O roteiro, embora sofra algumas adaptações em relação ao livro, captura a essência da obra de King. A trama principal é bem conduzida, e os arcos individuais dos personagens, apesar de resumidos para um filme, são apresentados com suficiente profundidade para gerar empatia. O ritmo, apesar do tempo de duração considerável, se mantém envolvente, mantendo a tensão em alta. A escrita, diga-se, é certeira na construção de personagens memoráveis, cada um com seus medos e inseguranças que servem como combustível para Pennywise.

E que falar das atuações? Bill Skarsgård, como Pennywise, entrega uma performance memorável. Ele transcende a imagem de um palhaço estereotipado, construindo um antagonista verdadeiramente perturbador e arrepiante, que justifica todos os elogios que recebeu. O elenco infantil também brilha, cada ator capaz de transmitir vulnerabilidade, força e resiliência com notável naturalidade. A química entre os jovens atores é palpável, e a crer nas palavras de algumas resenhas lidas após o lançamento, esta força do elenco juvenil foi um dos pontos altos na aceitação do filme pelo grande público.

Porém, nem tudo são flores em Derry. Um dos pontos fracos reside na condensação da trama do livro. A adaptação para as telas inevitavelmente sacrifica alguns detalhes e personagens, e alguns críticos acharam que o filme comprometeu a profundidade da narrativa original. Embora Muschietti consiga manter o tom geral, há momentos em que o ritmo acelerado se torna um pouco confuso, obscurecendo a complexidade emocional da obra. Outro ponto controverso: alguns achavam as cenas de terror excessivamente violentas para o público mais sensível; eu pessoalmente não os enxergo assim.

It: A Coisa vai muito além do terror puro. O filme explora temas importantes como bullying, traumas de infância, amizade e o poder da memória. A jornada dos Perdedores é uma metáfora poderosa do processo de cura e superação, mostrando como a união e a coragem podem superar os nossos medos mais profundos. O filme, de forma sublime, explora os traumas da infância e a forma como eles nos moldam, ao longo da vida adulta.

Em suma, It: A Coisa é um filme de terror excepcional que permanece impressionante mesmo após oito anos. O elenco, a direção e a atmosfera criada são elementos que garantem uma experiência cinematográfica inesquecível. Apesar de algumas fragilidades inerentes à adaptação de uma obra extensa, o longa-metragem captura a essência da história de Stephen King, entregando uma narrativa envolvente e emocionante. Se você aprecia filmes de terror com uma dose de drama e profundidade emocional, eu recomendo fortemente que você assista a It: A Coisa em qualquer plataforma digital, pois certamente vai te causar medo, e depois, uma imensa vontade de rever o filme. E, quem sabe, ler o livro também, para ter uma imersão ainda maior na experiência.