Jason Bourne

Jason Bourne: Um Retorno à Sombra, com Algumas Manchas

Nove anos se passaram desde que assisti, pela última vez, a Matt Damon encarnar o amnésico agente da CIA Jason Bourne. Em 2016, Paul Greengrass, o mestre do suspense frenético, nos presenteou com mais uma rodada de perseguições alucinantes e intrigas políticas em Jason Bourne. O filme, que chegou aos cinemas brasileiros em 28 de julho de 2016, reúne Bourne, agora afastado há uma década, a um mundo que se tornou ainda mais perigoso e conectado, mergulhando-o novamente em uma teia de conspirações e violência. A sinopse oficial entrega pouco: um agente letal, há muito tempo perdido, se vê forçado a confrontar uma organização sombria que explora a tecnologia para controlar o poder global.

Greengrass, mais uma vez, demonstra sua maestria na construção de sequências de ação visceralmente reais. As câmeras tremem, acompanham os movimentos frenéticos de Bourne, mergulhando o espectador no turbilhão de adrenalina. A cena em que Bourne se infiltra em uma manifestação política em Atenas ou as perseguições de veículos em Las Vegas são verdadeiras aulas de como filmar ação sem recorrer a efeitos visuais exagerados. O ritmo frenético, marca registrada do diretor, está presente, mas, olhando com os olhos de 2025, percebo algumas escolhas que poderiam ser aprimoradas. A edição, apesar de tensa, se torna, em alguns momentos, excessivamente rápida, dificultando o acompanhamento de certos detalhes da trama.

O roteiro, escrito por Greengrass e Christopher Rouse, tenta equilibrar a ação visceral com uma trama de conspiração política. Porém, este equilíbrio é o ponto mais fraco do longa. Enquanto as sequências de ação são impecáveis, a trama se mostra previsível, repleta de clichês de filmes de espionagem. A narrativa se perde em alguns pontos, deixando lacunas na construção dos personagens secundários, que, apesar do talento de atores como Tommy Lee Jones, Alicia Vikander e Vincent Cassel, não conseguem alcançar a profundidade de Bourne e Nicky Parsons (Julia Stiles, sempre excelente).

AtributoDetalhe
DiretorPaul Greengrass
RoteiristasPaul Greengrass, Christopher Rouse
ProdutoresPaul Greengrass, Gregory Goodman, Matt Damon, Frank Marshall, Jeffrey M. Weiner, Ben Smith
Elenco PrincipalMatt Damon, Tommy Lee Jones, Alicia Vikander, Vincent Cassel, Julia Stiles
GêneroAção, Aventura, Thriller
Ano de Lançamento2016
ProdutorasThe Kennedy/Marshall Company, Captivate Entertainment, Pearl Street Films, Perfect World Pictures

A atuação de Matt Damon é, como esperado, impecável. Ele domina a performance física e a expressividade contida que definem a persona de Bourne. Sua performance quase muda de personagem a personagem a depender da quantidade de flashbacks que se interpolam na sua trajetória. Por outro lado, as performances de apoio – apesar de talentosos – parecem servir mais como peças do quebra-cabeça da ação do que como personagens com arcos narrativos completos. É como se os roteiristas tivessem se focado demais na coreografia dos eventos, esquecendo-se de dar vida aos personagens que os cercavam.

O filme, lançado em um contexto de crescente preocupação com a vigilância governamental e o uso da tecnologia para o controle social, explora temas relevantes, como a privacidade, a manipulação de informações e o poder das agências governamentais. Ainda que a trama não se aprofunde muito nesses temas, o filme, ao menos, os levanta para uma reflexão.

Mas o que fica na memória, a verdade, é a experiência visceral da ação. A sensação de estar junto a Bourne naquela correria insana, nas perseguições de tirar o fôlego, é inegável. Greengrass entrega, mais uma vez, um filme que pulsa na tela. No entanto, alguns pontos fracos, principalmente na trama, me impedem de exaltá-lo como uma obra-prima. É um bom filme de ação, um bom filme de Bourne, mas não chega ao nível de excelência dos filmes anteriores.

Concluindo, Jason Bourne de 2016 é uma experiência cinematográfica que vale a pena, principalmente para os fãs da franquia. A ação é impecável, e a atuação de Matt Damon continua a encantar. Entretanto, a trama previsível e os personagens secundários pouco desenvolvidos impedem que o filme atinja seu pleno potencial. Recomendo-o com a ressalva de que a experiência será mais completa para aqueles que já apreciam o universo de Bourne. Para os espectadores que buscam uma trama complexa e personagens profundamente desenvolvidos, talvez ele não seja a melhor opção. Acho que, nos nove anos que se passaram desde a sua estreia, a visão crítica sobre ele amadureceu, permitindo uma análise mais cuidadosa. Afinal, o que realmente importa em um filme de ação? A pura e sincera emoção de estar mergulhado num espetáculo de adrenalina. E nesse aspecto, Jason Bourne cumpre o seu papel.

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