Jay Kelly

Ah, Baumbach. A cada novo anúncio que vejo sair do forno da mente dele, sinto aquela coceira familiar, um misto de ansiedade e uma curiosidade quase insaciável. É como se eu soubesse que vou ser fisgado, que ele vai me apresentar a um pedaço da vida – talvez um pedaço que eu reconheça em mim mesmo, talvez um que eu jamais tenha imaginado –, e vai dessecá-lo com uma precisão cirúrgica, mas sempre com um sorriso de canto de boca, sabe? E agora, com Jay Kelly batendo à porta, a antecipação tá me corroendo os ossos.

Não é só mais um filme. É um Baumbach com George Clooney no papel principal. Pensa bem: um diretor conhecido por escavar as entranhas das relações humanas, a complexidade da identidade na meia-idade, e o absurdo agridoce da existência, unindo forças com um ator que encarna, para muitos, o ideal de estrela de Hollywood. O roteiro, que ele co-escreveu com Emily Mortimer – uma combinação que me deixa intrigado e esperançoso –, parece prometer um mergulho ainda mais profundo nos labirintos da fama e da vida pessoal. Lançamento em novembro, e por aqui só em dezembro… É uma tortura planejada, eu diria.

O que me puxa para Jay Kelly não é apenas o elenco estelar, embora seja um espetáculo à parte. É a promessa de Baumbach de nos mostrar as fissuras por trás da fachada polida. Jay Kelly, um ator famoso, um “manager” – essa palavra já carrega um peso, não é? Ele gerencia sua carreira, sua imagem, talvez sua família, e a si mesmo, tudo sob o escrutínio implacável de quem vive sob os holofotes. E o fato de a história ter um pé na Europa sugere uma fuga, uma busca por algo, ou talvez uma reflexão sobre o que se deixou para trás. Imagino Jay, com seu charme inegável, mas com um cansaço nos olhos que só o tempo e a experiência podem esculpir, vagando pelas ruas de alguma cidade europeia, tentando se reconectar com quem ele realmente é, longe do tapete vermelho.

E é aí que a comédia se entrelaça com o drama, no que se convencionou chamar de dramedy. Baumbach é mestre nisso. Ele te faz rir de uma situação que, no fundo, é de uma melancolia cortante. Ele expõe a hipocrisia e o autoengano com um humor que te faz engasgar. Penso em George Clooney, que carrega um ar de sofisticação e autoconfiança que pode ser incrivelmente divertido de ver desmoronar, ou ser usado como uma armadura frágil contra as verdades inconvenientes. E se tem uma coisa que Baumbach sabe fazer é derrubar armaduras.

AtributoDetalhe
DiretorNoah Baumbach
RoteiristasEmily Mortimer, Noah Baumbach
ProdutoresDavid Heyman, Amy Pascal, Noah Baumbach
Elenco PrincipalGeorge Clooney, Adam Sandler, Laura Dern, Billy Crudup, Riley Keough, Grace Edwards, Stacy Keach, Jim Broadbent, Patrick Wilson, Eve Hewson
GêneroDrama, Comédia
Ano de Lançamento2025
ProdutorasPascal Pictures, Heyday Films, NB/GG Pictures

O elenco, meu Deus, o elenco! George Clooney como Jay Kelly é uma escolha que já me faz antecipar as camadas. Ele tem a gravitas, a ironia, a inteligência para navegar pelas águas turbulentas que o roteiro certamente preparou. E Adam Sandler como Ron Sukenick? Essa é uma dupla que já se provou em “Os Meyerowitz: Histórias de Família”. Sandler, sob a direção de Baumbach, transcende o comediante para se tornar um poço de vulnerabilidade e neurose. Ron pode ser o amigo leal, o agente sofrido, ou talvez a consciência irritante de Jay. É essa a nuance que me excita.

E tem Laura Dern, a Liz. Depois de vê-la em “História de um Casamento”, sei que ela pode entregar uma performance com a força de um furacão e a delicadeza de uma brisa. Ela é capaz de comunicar volumes com um único olhar, com a ponta de um sorriso. O que ela trará para a dinâmica de Jay Kelly? Será uma ex-esposa, uma parceira de negócios, uma paixão antiga? As possibilidades são infinitas e deliciosamente complexas.

Não posso esquecer as conexões familiares que parecem estar no centro: Riley Keough como Jessica Kelly e Grace Edwards como Daisy Kelly, que imagino serem suas filhas, e Stacy Keach como o pai de Jay. As relações pai-filha, a herança familiar, as expectativas impostas e as decepções veladas são temas que Baumbach explora com uma honestidade brutal. Isso, para mim, é o coração que pulsa em seus filmes. A forma como as gerações se conectam – ou se desconectam – é sempre um terreno fértil para a comédia e o drama que ele tanto domina.

A ideia de um ator famoso, um “ícone”, lidando com as minúcias de sua existência, talvez em crise ou em busca de um novo propósito, ressoa com as palavras-chave que me vêm à mente: “manager”, “europa”, “dramedy”, “actor”, “famous actor”. Não é sobre o glamour da fama, mas sobre a estranha solidão que ela pode trazer, as escolhas que se fazem, as identidades que se moldam e se perdem. Baumbach tem um talento único para pegar essas grandes questões da vida e as reduzir a momentos íntimos, a conversas desajeitadas, a silêncios carregados de significado. Ele mostra, por exemplo, a tensão de um jantar familiar onde as palavras não ditas pesam mais que as proferidas.

Minha expectativa para Jay Kelly não é de um filme que vai me dar respostas fáceis. Pelo contrário, espero que ele me deixe com mais perguntas, com aquela sensação agridoce que só as grandes histórias de vida – aquelas que se parecem muito com as nossas, embora vividas por outros – conseguem evocar. Espero sair da sala de cinema pensando sobre minhas próprias escolhas, sobre as pessoas que eu “gerencio” em minha vida e, quem sabe, sobre o meu próprio “eu” famoso que tento manter em certos círculos.

É essa a magia de Noah Baumbach, e por que eu mal posso esperar para mergulhar na vida de Jay Kelly. É uma promessa de que, por algumas horas, vamos rir das nossas próprias misérias e, quem sabe, encontrar alguma verdade escondida nas rugas de um rosto familiar. O ar de novembro já carrega um cheiro de pipoca e histórias complexas, e eu, como um lobo faminto, já estou pronto para devorá-las.

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