Jogada de Amor: Uma Comédia Romântica que Acerta (e Erra) no Saque
Riccardo Milani, diretor conhecido por seu talento para misturar humor e emoção, nos presenteou em 2022 com “Jogada de Amor”, uma comédia romântica italiana que, apesar de algumas escorregadas, consegue conectar-se com o espectador de maneira surpreendentemente eficaz. O filme acompanha Gianni, um mulherengo inveterado, que, pressionado por seus amigos, arquiteta um plano audacioso: fingir ser deficiente para se aproximar de Chiara, uma talentosa tenista paraplégica. A trama se desenvolve a partir dessa premissa, explorando as consequências da mentira de Gianni e a inesperada conexão que surge entre os dois personagens.
A direção de Milani é, como de costume, eficiente. Ele equilibra bem os momentos de comédia, muitas vezes escrachados e até um tanto grosseiros, com momentos de genuína ternura e reflexão. A fotografia, vibrante e solar, captura a beleza da paisagem italiana, contrastando com a complexidade emocional dos personagens. No entanto, senti falta de uma maior ousadia estética, uma assinatura mais marcante que diferenciasse o filme de outras produções do gênero. A edição, por sua vez, demonstra uma certa pressa em alguns momentos, deixando algumas transições um pouco abruptas.
O roteiro, assinado por Furio Andreotti, Giulia Calenda e o próprio Milani, apresenta um conflito central interessante, mas peca por alguns desvios narrativos que parecem apressados e pouco desenvolvidos. A trajetória de Gianni, da mentira à redenção, poderia ter sido explorada com mais profundidade, permitindo uma melhor compreensão de sua evolução. Existem alguns clichês do gênero que poderiam ter sido evitados, principalmente no que se refere aos amigos de Gianni, personagens caricatos que, embora forneçam momentos cômicos, acabam por se tornar um tanto unidimensionais.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Riccardo Milani |
Roteiristas | Furio Andreotti, Giulia Calenda, Riccardo Milani |
Elenco Principal | Pierfrancesco Favino, Miriam Leone, Vanessa Scalera, Michele Placido, Pietro Sermonti |
Gênero | Comédia, Romance |
Ano de Lançamento | 2022 |
Produtoras | Wildside, Vision Distribution |
O elenco, porém, é impecável. Pierfrancesco Favino, como Gianni, entrega uma atuação convincente, transitando com maestria entre o cinismo e a vulnerabilidade. Miriam Leone, como Chiara, rouba a cena com sua força e carisma, construindo uma personagem complexa e memorável, que transcende o estereótipo da “mulher forte”. A química entre os dois atores é palpável, o que eleva significativamente a qualidade do filme. Vanessa Scalera, Michele Placido e Pietro Sermonti completam o elenco com atuações sólidas, dando suporte ao núcleo principal.
Um dos pontos fortes de “Jogada de Amor” reside em sua exploração (ainda que superficial) de temas como a superação de limites e a busca pela autenticidade. O filme aborda a deficiência física de Chiara com uma certa sensibilidade, evitando a pieguice, mas sem aprofundar-se de forma significativa na temática. A mensagem central, a respeito da importância da honestidade e do amor verdadeiro, é concisa e eficiente, mesmo que previsível.
Por outro lado, a comédia, embora funcione em alguns momentos, torna-se, em outros, excessivamente pastelona, comprometendo a verossimilhança da trama. A construção de alguns personagens secundários deixa a desejar, e o ritmo narrativo, como já mencionado, apresenta algumas oscilações.
Em resumo, “Jogada de Amor” é um filme que me deixou com sentimentos contraditórios. A excelente atuação do elenco principal, a beleza da fotografia e a proposta inicial intrigante compensam as falhas de roteiro e a comédia em alguns momentos forçada. Trata-se de um filme leve e despretensioso, ideal para uma sessão descompromissada, mas que não deixa marcas profundas na memória do espectador. Recomendo-o para quem busca uma comédia romântica italiana agradável, sem grandes pretensões artísticas. No entanto, apesar de ter estreado em 2022, ainda em 2025, sua recepção continua a gerar debates, com opiniões divididas entre aqueles que o consideram uma obra charmosa e os que o acham previsível demais. O tempo, como sempre, será o melhor juiz.