John Wick 3: Parabellum – Um Balé Sangrento que Quase Erra o Passo
Seis anos se passaram desde o lançamento de John Wick 3: Parabellum (16/05/2019). Olhando para trás, em 2025, percebo que a franquia, como um todo, teve um impacto profundo no gênero de ação, elevando o nível da coreografia de luta a um patamar quase balé-artístico. Mas, enquanto a maioria das sequências tende a perder o gás, Parabellum, apesar de seus acertos, beira o esgotamento da própria fórmula.
A sinopse é direta: John Wick, ex-assassino, está com a cabeça a prêmio após quebrar as regras do Hotel Continental. Com 14 milhões de dólares pendurados na sua cabeça, ele se vê em uma luta desesperada pela sobrevivência, navegando pelas ruas de Nova York, o deserto do Saara e os labirínticos subterrâneos de organizações criminosas globais. O que se segue é uma sequência incessante de tiroteios estilizados, artes marciais brutais e perseguições de tirar o fôlego.
Chad Stahelski, na direção, entrega mais uma vez uma aula de mise-en-scène. As cenas de ação são, sem sombra de dúvida, o ponto alto do filme. A coreografia é impecável, cada movimento carregado de precisão e violência visceral. A câmera dança ao redor dos atores, quase participando da luta, aproximando o espectador da brutalidade sem perder o controle visual. É um espetáculo cinematográfico que, em alguns momentos, beira a obra de arte. No entanto, as tomadas longas e complexas, em momentos, se tornam um tanto repetitivas, comprometendo, em certas partes, a fluidez narrativa e o ritmo do filme.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Chad Stahelski |
Roteiristas | Marc Abrams, Chris Collins, Derek Kolstad, Shay Hatten |
Produtores | Basil Iwanyk, Erica Lee |
Elenco Principal | Keanu Reeves, Halle Berry, Ian McShane, Laurence Fishburne, Mark Dacascos |
Gênero | Ação, Thriller, Crime |
Ano de Lançamento | 2019 |
Produtoras | Thunder Road, Lionsgate, 87Eleven |
O roteiro, assinado por Marc Abrams, Chris Collins, Derek Kolstad e Shay Hatten, sofre de um mal que parece assombrar muitos filmes de ação modernos: a falta de profundidade em seus personagens. A trama, embora funcional, é basicamente uma desculpa para mais sequências de ação impressionantes, a serviço de um roteiro que, apesar de sua energia frenética, não desenvolve os personagens além de suas funções narrativas. A construção de alguns personagens, como Zero, chega a ser superficial, apesar da performance brilhante de Mark Dacascos.
Apesar das falhas no roteiro, a performance de Keanu Reeves, como sempre, é impecável. Ele encarna John Wick com uma frieza estoica e uma precisão física que é admiravelmente convincente. Halle Berry, como Sofia, e Laurence Fishburne, como o Bowery King, adicionam camadas interessantes à narrativa, suas performances contribuindo para a diversidade e o charme do filme. Ian McShane, como Winston, é a âncora emocional do filme, mantendo-se como um pilar de sua história.
Os pontos fortes de Parabellum são inegáveis: a coreografia de luta, a cinematografia e a atuação de Keanu Reeves. Os pontos fracos, entretanto, residem na superficialidade do roteiro e na excessiva dependência da fórmula de ação, que, mesmo sendo brilhante, torna o longa repetitivo em certos momentos.
A mensagem principal parece ser a inevitabilidade das consequências, especialmente no mundo subterrâneo de assassinos profissionais. A amizade inusitada com o cachorro é uma exceção sentimental, em um mundo onde a lealdade é uma mercadoria rara e extremamente valiosa. O humor negro, sutilmente presente, alivia a tensão, mas nunca diminui o tom sombrio da narrativa.
Em resumo, John Wick 3: Parabellum é um filme de ação espetacular, um balé sangrento com momentos de rara beleza cinematográfica, mas que, em sua avidez por espetáculo, falha em atingir sua plena potencia narrativa. Recomendo para quem aprecia filmes de ação com coreografias deslumbrantes e a performance majestosa de Keanu Reeves. Entretanto, aqueles que buscam uma narrativa mais profunda e personagens mais desenvolvidos podem se sentir um tanto desapontados, especialmente considerando que o filme já passou por sua janela de lançamento na maioria das plataformas digitais. No fim, fica a pergunta: será que a franquia conseguirá manter esse nível frenético de ação sem perder a substância em suas próximas iterações? O tempo dirá.