Juntos

Juntos: Um Romance Assombrado que Divide Opiniões

Saiu há apenas alguns dias, em 14 de agosto de 2025, e já Juntos está gerando debates acalorados entre os críticos e, imagino, entre os espectadores também. Confesso que cheguei a ele com expectativas moderadas, alimentadas por algumas críticas iniciais, digamos, pouco entusiásticas. Mas, ao contrário do que muitos previram, encontrei em Juntos algo mais profundo e perturbador do que um simples filme de terror genérico.

A sinopse já entrega a essência: um casal, Tim (Dave Franco) e Millie (Alison Brie), em busca de um recomeço, se muda para uma casa isolada no campo. O que deveria ser um refúgio tranquilo se transforma em um pesadelo quando uma força sobrenatural começa a corroer seu relacionamento, suas mentes e até mesmo seus corpos. A fuga de um passado conturbado logo se torna uma luta pela própria sanidade, forçando-os a confrontar um horror muito maior do que qualquer um poderia imaginar. E acreditem, a promessa de terror é cumprida com maestria.

Michael Shanks, que assume a direção e o roteiro, demonstra uma sensibilidade incomum para o gênero. Ao contrário daqueles filmes de terror que se apoiam apenas em sustos baratos, Shanks constrói uma atmosfera densa, carregada de suspense psicológico e um crescente sentimento de pavor. A fotografia escura e a trilha sonora inquietante intensificam a sensação de clausura e isolamento, refletindo o estado mental dos protagonistas. A escolha de locações, com a imensidão implacável das florestas e a sinistra presença de uma caverna misteriosa, contribui significativamente para criar um palco perfeito para o sobrenatural se manifestar. Há momentos em que a câmera se torna quase um personagem, insinuando-se pelos cantos escuros da casa, revelando detalhes perturbadores que nos deixam na mesma apreensão que o casal.

As atuações são impecáveis. Dave Franco e Alison Brie, um casal na vida real, entregam uma química explosiva e convincente, transmitindo a fragilidade e o desespero de Tim e Millie com uma intensidade brutal. A dinâmica entre eles é o coração do filme, e acompanhar sua transformação, o crescente afastamento e a luta pela sobrevivência, é angustiante. O restante do elenco, embora com papéis menores, cumpre seu papel com excelência, contribuindo para a atmosfera opressiva.

Mas Juntos não é perfeito. Concordo com alguns críticos que acharam o desenvolvimento um tanto lento em alguns momentos. A narrativa, apesar de eficaz em criar suspense, poderia ter sido mais direta em certos pontos. Há, também, um certo ar de ambiguidade que pode irritar alguns espectadores, deixando algumas pontas soltas. Para mim, no entanto, essa falta de clareza contribui para a inquietante atmosfera do filme, que permanece na mente muito depois dos créditos finais.

O filme explora temas fascinantes: a fragilidade do relacionamento, a busca por redenção, os limites da sanidade e a natureza do medo. A mensagem, embora não seja explícita, é poderosa: a verdadeira monstruosidade pode não estar nas sombras, mas naquilo que escondemos de nós mesmos e daqueles que amamos. A jornada do casal é uma metáfora da luta contra nossos próprios demônios, com a força sobrenatural atuando como uma personificação das nossas próprias fraquezas e traumas. A mistura de horror sobrenatural e psicológico se integra organicamente, criando uma experiência cinematográfica singular e marcante.

Apesar das pequenas falhas, Juntos é, para mim, um filme imperdível. Ele não se contenta em ser apenas mais um filme de terror. Ele é uma obra de arte sombria e envolvente, que se insinua na sua mente e não a deixa em paz. Recomendo a todos que apreciam uma experiência cinematográfica perturbadora, cheia de suspense e atuações memoráveis. Se você está procurando por sustos baratos, talvez Juntos não seja para você. Mas se você deseja uma imersão profunda em um universo de terror psicológico e uma reflexão sobre a natureza das relações humanas, então vá assistir. Você não se arrependerá. Pelo menos, eu não me arrependo da experiência.