Jurassic World: Domínio

É engraçado, você sabe, como certas histórias se fixam na nossa memória afetiva e nunca mais nos abandonam. Para mim, a primeira vez que vi um dinossauro na tela grande – aquele T-Rex majestoso, o copo d’água tremendo – foi um divisor de águas. Não era só um filme; era uma promessa, um vislumbre de um mundo que nunca seria o mesmo. Então, quando Jurassic World: Domínio surgiu, com a promessa de fechar um ciclo, de trazer de volta a tríade original e de, finalmente, nos mostrar o mundo com dinossauros vivendo entre nós, meu coração de criança cinéfila deu um salto. É por isso que escrevo sobre isso, anos depois do seu lançamento: porque é uma parte da minha história, e as expectativas eram, para dizer o mínimo, colossais.

A ideia central de “Domínio” é, por si só, de tirar o fôlego: quatro anos após a queda da Ilha Nublar, os dinossauros não são mais uma atração de parque ou uma ameaça isolada. Eles estão por aí. Caçando. Respirando o mesmo ar que nós. A sinopse não mente quando fala desse equilíbrio frágil, dessa redefinição do futuro. Quem é o predador alfa agora? É uma pergunta que ecoa desde o primeiro rugido de T-Rex em 1993, e que Colin Trevorrow e Emily Carmichael tiveram a chance de explorar com uma liberdade sem precedentes.

Eles nos lançam direto nesse caos. Vemos Owen Grady (Chris Pratt) e Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) em um isolamento quase ermitão, protegendo a enigmática Maisie Lockwood (Isabella Sermon). A menina, como sabemos, é uma peça-chave nesse xadrez genético, uma “concepção milagrosa”, como a crítica bem apontou, e a sua busca incessante por respostas, e a subsequente ameaça do seu sequestro, formam a espinha dorsal de um dos arcos do filme. É um cenário de pura sobrevivência, de instinto parental levado ao extremo, com pais fazendo o impossível para proteger sua cria num mundo que parece ter virado de cabeça para baixo. A tensão é palpável, e a forma como Pratt e Howard exalam essa urgência é um dos pontos altos da narrativa, mostrando que o amor pode ser o motor mais potente para a ação.

Mas, poxa vida, o que realmente acelerou o coração de muita gente – o meu incluído – foi o retorno triunfal de Laura Dern como Dra. Ellie Sattler, Sam Neill como Dr. Alan Grant e Jeff Goldblum como o icônico Dr. Ian Malcolm. Só de ver a Ellie e o Alan juntos novamente em um cenário de investigação, a faísca da velha química ainda lá, é um presente para quem cresceu com esses personagens. Eles são arrastados para uma trama de conspiração que envolve uma empresa de biotecnologia chamada Biosyn e uma praga de gafanhotos geneticamente modificados que ameaça a cadeia alimentar global – um claro exemplo de “science goes awry”, para usar uma das palavras-chave, e de como a ambição humana pode levar a resultados catastróficos. É a paleontologia encontrando a ética em um duelo contra a megalomania corporativa.

AtributoDetalhe
DiretorColin Trevorrow
RoteiristasEmily Carmichael, Colin Trevorrow
ProdutoresFrank Marshall, Patrick Crowley
Elenco PrincipalChris Pratt, Bryce Dallas Howard, Laura Dern, Sam Neill, Jeff Goldblum
GêneroAventura, Ação, Ficção científica
Ano de Lançamento2022
ProdutorasAmblin Entertainment, Universal Pictures

O filme, contudo, é um emaranhado de grandes ideias que, por vezes, parecem brigar por espaço. Por um lado, temos a aventura visceral de Owen e Claire, uma perseguição quase de filme de espionagem com dinossauros no meio das ruas de Malta, onde somos jogados em um cenário de giant monster urbano. Por outro, a investigação mais cerebral dos veteranos de Jurassic Park. A tentativa de tecer essas duas narrativas em um só cobertor – o sequestro de Maisie e a praga dos gafanhotos – leva a uma complexidade que nem sempre se resolve de forma fluida. Há momentos em que você se pergunta: estamos em um filme sobre dinossauros caçando humanos, sobre clones e ética genética, ou sobre uma conspiração ecológica?

E é aí que a nuance entra. Você lê por aí que “Jurassic World Dominion is a massive disappointment on virtually every level”, e eu entendo de onde vem a frustração. A promessa de ver dinossauros vivendo livremente entre nós, de forma orgânica, escorregou um pouco pelos dedos. O filme passa muito tempo confinado a uma espécie de “santuário animal” (a Biosyn, novamente) que, embora seja visualmente espetacular, limita um pouco a escala que a premissa “dinossauros em todo o mundo” poderia ter oferecido. Eu esperava mais do “mundo” e menos de uma nova ilha-laboratório, sabe?

Mesmo assim, há sequências de ação que valem o ingresso. A perseguição em Malta, com a agilidade dos Atrocirraptores, o perigo iminente em cada esquina, o Chris Pratt no seu melhor estilo “cavaleiro de dinossauros” – isso te prende na cadeira. O T-Rex, sempre ele, ainda comanda a tela com sua imponência. E a sensação de perigo constante, a luta pela survival, está ali, vivida através de cada respiração ofegante, de cada sombra que se move na floresta ou nos corredores subterrâneos.

“Domínio” é uma tapeçaria ambiciosa, tecida com fios de nostalgia e inovação. Ele tenta ser muitas coisas ao mesmo tempo: um filme de ação puro, um thriller de espionagem, uma reflexão sobre a responsabilidade científica e, acima de tudo, uma despedida para uma era. Ver Ellie e Alan de mãos dadas novamente, Ian Malcolm destilando sua ironia filosófica, e os jovens heróis lutando lado a lado com os veteranos, é um sentimento agridoce. Não é um filme perfeito, longe disso. Há buracos na trama que te fazem coçar a cabeça, e o potencial da premissa se dilui em alguns momentos. Mas, para mim, o valor reside também na ousadia, na tentativa de fechar uma saga que marcou gerações.

E no final das contas, quando os créditos sobem, e a imagem final nos lembra de que o mundo é agora, irreversivelmente, um lugar onde humanos e dinossauros coexistem – ou tentam coexistir – fica a pergunta: será que aprendemos alguma coisa? Ou estamos fadados a repetir os erros do passado, brincando de Deus com o poder da genética? Jurassic World: Domínio pode não ter sido a conclusão épica e unânime que muitos esperavam, mas é um capítulo necessário, um lembrete pulsante de que, neste nosso planeta, talvez nunca tenhamos sido realmente os únicos predadores. E essa é uma reflexão que, para mim, vale o passeio.

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