Kayara: Uma Princesa Inca que Merece Mais do que a Coroa
Lançado em 20 de fevereiro de 2025, “Kayara – A Princesa Inca” chegou aos cinemas prometendo uma aventura animada para toda a família ambientada no esplendor do Império Inca. A sinopse, sem spoilers, nos apresenta Kayara, uma jovem que sonha em se tornar uma mensageira imperial, um cargo exclusivo para homens. Sua busca pela igualdade em um mundo rigidamente estruturado por tradições ancestrais é o fio condutor dessa animação que, apesar de alguns deslizes, consegue entreter e provocar reflexões importantes.
Uma Missão Audaciosa em Terras Incas
A animação, dirigida por Cesar Zelada, a partir de um roteiro assinado por Brian e Jason Cleveland, e pelo próprio diretor, tenta equilibrar a aventura com a sensibilidade cultural. Visualmente, o filme é um banquete para os olhos. A riqueza da paisagem andina é retratada com maestria, os detalhes das vestimentas e a arquitetura inca são impressionantes. A animação, apesar de não estar no mesmo nível de estúdios gigantes, demonstra um esforço significativo em retratar a beleza e a imponência do Império.
No entanto, a comparação com “Mulan”, citada em uma crítica que li antes de assistir ao filme, é inevitável. Assim como a heroína Disney, Kayara quebra barreiras de gênero e luta por seu lugar no mundo. Mas enquanto “Mulan” apresenta uma narrativa mais épica e conflitos mais grandiosos, “Kayara” opta por uma abordagem mais intimista, focando na jornada pessoal da protagonista. Essa decisão, embora tenha seus pontos positivos, também é uma de suas fraquezas. O filme se perde em alguns momentos, sem desenvolver totalmente o potencial de seu universo.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Cesar Zelada |
| Roteiristas | Brian Cleveland, Jason Cleveland, Cesar Zelada |
| Produtores | Sergio Zelada, José Zelada, Dirk Hampel |
| Elenco Principal | Naomi Serrano, Nate Begle, Charles Gonzales |
| Gênero | Animação, Aventura, Família |
| Ano de Lançamento | 2025 |
| Produtoras | Tunche Films, B-Water Animation Studios |
As atuações de voz, principalmente a de Naomi Serrano como Kayara, são competentes, transmitindo a determinação e a vulnerabilidade da personagem. Nate Begle e Charles Gonzales também cumprem seus papéis com eficácia, mas falta aquele “algo a mais” que tornaria os personagens verdadeiramente memoráveis. A trilha sonora, embora agradável, não deixa uma marca tão forte na memória.
Entre o Sucesso e a Necessidade de Refinamento
O maior trunfo de “Kayara – A Princesa Inca” é, sem dúvida, sua mensagem. O filme aborda temas relevantes como a quebra de estereótipos de gênero, a luta pela igualdade e a preservação da cultura. Em um mundo que ainda luta contra a desigualdade, essa mensagem precisa ser amplificada. Entretanto, a maneira como esses temas são trabalhados no roteiro poderia ser mais sutil e menos didática. Em certos momentos, a narrativa se torna um tanto previsível.
O ponto que mais me incomodou, e concordo com parte da crítica que li, é a questão da autoria do roteiro. A direção precisa encontrar um equilíbrio entre a inspiração em outras obras e a criação de uma narrativa genuinamente autêntica. A sensação de que “Kayara” se inspira muito em outros filmes do gênero, sem construir sua própria identidade, prejudica a experiência como um todo.
Um Filme que Merecia Mais
Em resumo, “Kayara – A Princesa Inca” é um filme que tem boas intenções e momentos de brilho, mas não consegue alcançar todo o seu potencial. A animação é bonita, a mensagem é importante, mas a narrativa, em alguns pontos, peca pela previsibilidade e falta de originalidade. Recomendo o filme para famílias com crianças, principalmente para aquelas que apreciam animações com um toque de aventura e mensagens inspiradoras. A experiência certamente não será decepcionante, porém, não se trata de um filme inesquecível. A produção, mesmo que realizada pela Tunche Films e B-Water Animation Studios e com os produtores Sergio Zelada, José Zelada e Dirk Hampel, demonstra potencial para melhorar em futuros trabalhos, explorando melhor a riqueza da cultura inca e desenvolvendo narrativas mais ousadas. A recepção crítica, a julgar pelo que li, é dividida, mas acredito que o filme merece uma chance. Apesar dos seus problemas, “Kayara” é uma pequena joia que, com algumas modificações, poderia brilhar ainda mais.




