Kiskisan: Um olhar apaixonado e imperfeito sobre o amor feminino
Vivamax nos presenteou em 2024 com Kiskisan, um filme que, mesmo passado um ano desde sua estreia, continua a ecoar em minha memória. O longa, dirigido por Bobby Bonifacio, acompanha a delicada e complexa jornada de Bea (Apple Dy) e Cheska (Skye Gonzaga) e, mais do que um simples romance lésbico, oferece um mergulho profundo na dinâmica de afeto, desejo e dependência entre duas mulheres. O elenco, que conta ainda com Juan Calma, Robb Guinto e Tabs Sumulong, entrega performances que, apesar de algumas imperfeições, elevam o filme além de sua classificação “softcore”.
A delicadeza na aspereza
Bobby Bonifacio opta por uma direção que privilegia a intimidade. As cenas de maior carga erótica são filmadas com uma sensibilidade notável, evitando a vulgaridade e buscando, ao contrário, retratar a paixão de maneira visceral e quase poética. Porém, esse foco na intimidade, por vezes, se mostra um obstáculo. Algumas transições narrativas me pareceram abruptas, como se o roteiro, embora carregado de emoção bruta, precisasse de um pouco mais de tempo para respirar e desenvolver suas nuances.
As atuações, no entanto, são o ponto alto de Kiskisan. Apple Dy e Skye Gonzaga demonstram uma química explosiva, entregando performances nuançadas que transcendem a mera representação de um casal apaixonado. Seus olhares, seus gestos sutis, carregam a força da história e revelam a complexidade de suas personagens. O suporte do restante do elenco também é fundamental, criando um contexto familiar palpável que dá profundidade à relação central.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Bobby Bonifacio |
Elenco Principal | Apple Dy, Skye Gonzaga, Juan Calma, Robb Guinto, Tabs Sumulong |
Gênero | Drama |
Ano de Lançamento | 2024 |
Produtora | Vivamax |
Pontos fortes e fracos: o equilíbrio precário
A ousadia de Kiskisan em abordar o sexo feminino de forma tão franca e sem julgamentos é louvável. O filme não se esquiva da complexidade das relações humanas, mostrando o amor em sua faceta mais vulnerável, possessiva e, sim, até mesmo egoísta em alguns momentos. A fotografia, em tom quente e quase onírico, reforça a atmosfera íntima e carregada de emoção. Mas, em contrapartida, alguns diálogos soam um tanto artificiais e a narrativa, em alguns momentos, se perde em detalhes desnecessários, prejudicando o ritmo do filme.
Temas e mensagens: além do softcore
Kiskisan não é apenas um filme “sexy” – embora, admito, sua classificação seja justa. Trata-se de uma obra que explora a dinâmica de poder numa relação amorosa, a busca por validação, a dependência emocional e a dificuldade em se libertar de padrões tóxicos. A representação LGBTQIA+ é um ponto forte, apresentando personagens femininas complexas, longe de estereótipos, o que é fundamental em um cenário onde a representatividade ainda é escassa.
Um final que ecoa
Ao final da projeção de Kiskisan, senti uma mistura de admiração e frustração. Admiração pela coragem da Vivamax em produzir um filme tão ousado e pelas atuações brilhantes. Frustração por algumas escolhas narrativas e de roteiro que poderiam ter sido melhor trabalhadas. Apesar de suas imperfeições, Kiskisan é uma obra que merece ser vista e discutida. Ele nos convida a um debate sobre amor, sexo e a construção de identidade em um contexto que, por vezes, pode ser hostil. Recomendo fortemente a todos aqueles que apreciam um cinema que não tem medo de explorar a complexidade das relações humanas, mesmo que isso signifique aceitar algumas imperfeições no caminho. Se você busca um romance lésbico sensual e emocionalmente envolvente, com o diferencial de um olhar honesto sobre temas complexos, Kiskisan é uma experiência cinematográfica que vale a pena.