Krejlerkongen: Um Talk Show que Transcende o Tempo (ou Não?)
Dez anos depois de sua estreia em 2015, me peguei revisitando Krejlerkongen, o talk show dinamarquês apresentado por Lasse Rimmer. A promessa era simples: conversas despretensiosas e um olhar peculiar sobre a sociedade. A realidade, como sempre, se mostrou mais complexa e, por vezes, frustrante. O que restou, em 24/09/2025, é uma série que me deixa com uma sensação ambígua, uma mistura de nostalgia e uma pitada de “e daí?”.
A premissa central de Krejlerkongen é enxuta: Lasse Rimmer, no papel de anfitrião, conduz entrevistas com personalidades diversas, explorando temas que transitam entre o trivial e o profundamente reflexivo. Nada de grandes dramas ou reviravoltas narrativas; a força do programa reside na dinâmica entre Rimmer e seus convidados. É um programa que se orgulha de sua simplicidade, mas essa simplicidade se mostrou, para mim, um tanto quanto um trunfo e um obstáculo.
A Direção, o Roteiro (ou a Ausência Dele) e o Mestre de Cerimônias
Kasper Hausig, na direção, opta por uma estética minimalista que, inicialmente, funciona bem. A ausência de firulas visuais permite que o foco permaneça nos diálogos. Contudo, essa escolha minimalista, em alguns momentos, se torna monótona, especialmente em episódios mais longos. O roteiro, ou melhor, a falta de um roteiro rígido, é o ponto crucial da série. A informalidade funciona por um tempo, mas a ausência de uma estrutura mais sólida ocasiona momentos de dispersão e inconsistência. Lasse Rimmer, contudo, é brilhante. Seu carisma natural e sua habilidade de improvisar são imprescindíveis para segurar a série. Ele é o coração pulsante de Krejlerkongen, e o faz com uma maestria que pouquíssimos apresentadores conseguem alcançar.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Criador | Carsten Colling |
| Diretor | Kasper Hausig |
| Produtor | Nicolai Würtz |
| Elenco Principal | Lasse Rimmer |
| Gênero | Talk |
| Ano de Lançamento | 2015 |
| Produtora | TV 2 |
Pontos Fortes e Fracos: Uma Equação Delicada
Krejlerkongen brilha nos momentos em que Rimmer consegue estabelecer uma conexão genuína com seus convidados, criando conversas espontâneas e reveladoras. A espontaneidade é o trunfo da série. Porém, essa mesma espontaneidade, como já mencionei, pode ser um obstáculo, levando a longos silêncios ou digressões sem foco. O programa também sofre com uma inconsistência na qualidade dos convidados. Alguns episódios são memoráveis, outros são simplesmente esquecíveis. A produção da TV 2 se mantém impecável, garantindo uma qualidade técnica consistente, embora não revolucionária.
Temas e Mensagens: Um Espelho da Sociedade Dinamarquesa?
Ao longo de suas temporadas, Krejlerkongen aborda temas diversos, como política, cultura, e relações interpessoais, sempre com um viés tipicamente dinamarquês. A série serve, em certa medida, como um espelho da sociedade, reflexo de suas inquietações e de suas nuances. No entanto, a ausência de uma linha argumentativa mais definida impede que essas reflexões alcancem um nível de profundidade que poderia ser mais impactante.
Conclusão: Uma Releitura Necessária, Mas Nem Sempre Gratificante
Ao concluir esta revisita, em 2025, a minha impressão sobre Krejlerkongen permanece ambígua. É uma série que tem momentos de genialidade, impulsionados pelo talento nato de Lasse Rimmer. Porém, a falta de estrutura e a inconsistência na seleção de convidados prejudicam o conjunto da obra. Recomendo Krejlerkongen para aqueles que apreciam talk shows despretensiosos, com um foco mais na interação humana do que em uma narrativa estruturada. Para os que buscam algo mais dinâmico e consistente, talvez seja melhor procurar outras opções. A série é um documento de época interessante, mas não necessariamente uma experiência televisiva memorável para todos.




