Kubo e as Cordas Mágicas: Uma Ode à Perda e à Aceitação, Nove Anos Depois
Nove anos se passaram desde que Kubo e as Cordas Mágicas encantou (e talvez até um pouco assombrou) o público em 2016. Revisitar a obra da LAIKA em 2025 é como reencontrar um amigo querido, cujas nuances e profundidades só se revelam plenamente com o tempo. O filme conta a história de Kubo, um jovem que vive uma vida aparentemente pacata com sua mãe em uma vila japonesa, até que um passado sombrio, personificado por espíritos vingativos, o força a uma jornada épica em busca de uma armadura mágica.
A sinopse, embora pareça simples, esconde uma riqueza narrativa surpreendente. Não se trata apenas de uma aventura com samurais e criaturas fantásticas – embora essas existam em abundância, com um visual deslumbrante e único. Kubo e as Cordas Mágicas é uma profunda exploração da perda, da culpa, da busca pela identidade e, acima de tudo, do poder do perdão.
A direção de Travis Knight, estreia dele no comando de um longa-metragem, é simplesmente magistral. A técnica de stop-motion, aprimorada com elementos digitais, resulta em uma estética visualmente deslumbrante. Cada cena é um poema em movimento, repleta de detalhes intrincados e uma paleta de cores vibrante que captura a atmosfera mágica e sombria do Japão feudal. A influência da arte japonesa, do origami à pintura tradicional, é evidente e extremamente bem integrada à narrativa, sem cair em arquétipos folclorizados superficiais. Não é à toa que o filme foi tão aclamado pela criatividade e pela beleza visual, que, a meu ver, não envelhecem.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Travis Knight |
| Roteiristas | Marc Haimes, Chris Butler |
| Produtores | Travis Knight, Arianne Sutner |
| Elenco Principal | Art Parkinson, Charlize Theron, Brenda Vaccaro, Cary-Hiroyuki Tagawa, Meyrick Murphy |
| Gênero | Animação, Aventura, Família |
| Ano de Lançamento | 2016 |
| Produtora | LAIKA |
O roteiro, escrito por Marc Haimes e Chris Butler, equilibra habilmente ação e emoção. A jornada de Kubo é pontuada por momentos de grande suspense, com perseguições eletrizantes e combates impressionantes, mas também por momentos de profunda introspecção e lirismo. A relação complexa entre Kubo e sua mãe, interpretada com maestria por Charlize Theron, é o coração do filme. A performance vocal de Theron, aliás, assim como a de todo o elenco, se destaca pelo tom justo e emotivo. Art Parkinson como Kubo também carrega nas costas a carga dramática da personagem, entregando uma performance além da idade.
Apesar dos pontos positivos inegáveis, o filme não está isento de críticas. Algumas sequências podem parecer um pouco lentas para o público mais jovem, o que acaba afetando, em certo ponto, a narrativa, que embora bela, é um tanto extensa. No entanto, esses momentos de pausa são cruciais para a construção da atmosfera e para o desenvolvimento dos personagens. A construção deste arco emotivo é de admirar, sendo, na minha visão, mais um dos acertos da obra.
A mensagem central do filme é profundamente comovente: a importância de confrontar o passado, de aceitar a perda e de encontrar a força para seguir em frente. Kubo, através de sua jornada, aprende a perdoar, tanto a si mesmo quanto aos outros. A história se torna uma jornada interior, onde o herói não apenas busca uma armadura mágica, mas também uma reconciliação pessoal e a força para recomeçar. Esse aspecto é o que realmente eleva Kubo e as Cordas Mágicas além de uma simples aventura infantil, transformando-o em uma experiência cinematográfica profunda e memorável.
Em conclusão, Kubo e as Cordas Mágicas é uma obra-prima da animação, que mescla habilmente ação, aventura, e uma narrativa emocionalmente rica. Apesar de alguns momentos que poderiam ser mais dinâmicos, a beleza visual deslumbrante, a direção impecável e o roteiro comovente compensam qualquer pequena falha. Recomendo fortemente este filme para todos aqueles que buscam uma experiência cinematográfica que transcenda o entretenimento superficial. A obra da LAIKA é uma prova de que a animação stop-motion continua a ser uma poderosa ferramenta de expressão artística, capaz de criar histórias atemporais e profundamente humanas. O filme merece, sem dúvidas, um lugar de destaque entre os grandes clássicos da animação. Busque-o em plataformas digitais, você não se arrependerá.




