Loucos e Perigosos

Loucos e Perigosos: Uma Comédia de Ação que Cai em Suas Próprias Armadilhas

Em 2017, o mundo do cinema recebeu Loucos e Perigosos, uma comédia de ação estrelada por Bruce Willis e Jason Momoa. Oito anos depois, revisitar este longa-metragem me trouxe uma experiência… complexa. A premissa é simples: o detetive particular Steve Ford (Willis) precisa resgatar seu cachorro sequestrado das garras de uma gangue liderada pelo implacável Spyder (Momoa). A solução? Realizar alguns “serviços” para o chefe do crime. Esta sinopse básica esconde uma narrativa que oscila entre momentos de diversão e um mar de previsibilidade.

A direção dos irmãos Cullen, Mark e Robb, demonstra uma falta de foco evidente. Há uma energia frenética em alguns momentos, mas falta coesão na construção da trama. A edição, em especial, parece desorganizada, com transições abrupta que prejudicam o ritmo e a imersão. O roteiro, também assinado pelos Cullens, tropeça em seu próprio humor. Há piadas que funcionam, sim, mas muitas outras caem no lugar-comum e na repetição, comprometendo o potencial cômico do filme. A sensação é que a dupla tentou encaixar muitas ideias sem conseguir dar a cada uma delas o desenvolvimento necessário.

As atuações são um ponto de destaque… e de decepção ao mesmo tempo. Willis, em 2017, já demonstrava aquele ar de “já vi isso antes” que marcaria seus trabalhos posteriores. Ainda assim, há um certo charme em sua performance, um esforço em dar vida ao personagem que não se deixa afogar totalmente pela mediocridade do roteiro. Momoa, por outro lado, se mostra mais engajado e entrega um vilão caricato, mas divertido. Goodman, como sempre, eleva a cena com sua presença marcante e um talento para interpretar personagens complexos mesmo dentro de uma produção menos inspirada. Middleditch e Janssen cumprem seus papéis sem grandes brilhos.

O filme acerta em sua premissa central – a busca pelo cachorro funciona como um motor dramático interessante para a narrativa. A dinâmica entre Willis e Momoa, apesar do roteiro aquém, gera alguns momentos de tensão e humor genuíno. No entanto, a trama é recheada de clichês do gênero, com reviravoltas previsíveis e um desenvolvimento de personagens superficial. A tentativa de equilibrar ação, comédia e suspense falha miseravelmente. O resultado é um filme que não consegue se definir e acaba agradando poucos. A escolha de Los Angeles como cenário ajuda a criar um ambiente visualmente interessante, mas isso não compensa as falhas narrativas.

Loucos e Perigosos tenta navegar em temas de lealdade, redenção e a natureza ambivalente da justiça, mas todos eles são tratados de forma superficial, sem profundidade ou nuance. A mensagem, se é que existe uma, é tão vaga quanto a própria execução do filme. No fundo, parece uma produção que priorizou o retorno financeiro acima de uma ambição artística mais ousada. Lembra vagamente aqueles filmes feitos para serem lançados diretamente em plataformas de streaming, mas que tiveram, inexplicavelmente, uma estreia nos cinemas.

Em suma, Loucos e Perigosos é um filme divertido em alguns momentos, mas que se perde em sua própria falta de foco. A premissa interessante é desperdiçada por um roteiro fraco, direção pouco inspirada e um ritmo irregular. As atuações de Willis e Momoa salvam a produção de um completo fracasso, mas não são suficientes para justificar uma recomendação entusiástica. Se você está procurando uma comédia de ação leve para assistir em uma tarde descompromissada, talvez ele funcione, mas não espere uma obra-prima cinematográfica. Sua permanência no catálogo de plataformas de streaming, a partir de hoje, 19/09/2025, deve-se, provavelmente, mais à presença dos atores do que à qualidade do filme em si. Se você não se importar com uma experiência mediana e espera apenas diversão despretensiosa, pode dar uma chance. Caso contrário, sugiro que você procure por algo mais elaborado e satisfatório.