Confissões de um Cético Convertido: Uma Resenha de Luta Pela Fé: A História do Padre Stu
Há filmes que te marcam, e há filmes que te desafiam. Luta Pela Fé: A História do Padre Stu, lançado em 26 de maio de 2022 no Brasil, se encaixa na segunda categoria, e talvez por isso mesmo, me acompanha ainda em 16 de setembro de 2025. Não é um filme perfeito, longe disso, mas sua honestidade brutal e a performance visceral de Mark Wahlberg o elevam acima da média, mesmo considerando a recepção inicialmente dividida que teve.
A trama acompanha Stuart Long, um boxeador que, após uma lesão, ruma para Los Angeles com o sonho de se tornar ator. Enquanto trabalha em um supermercado, conhece Carmen, uma professora católica que o inspira a questionar sua própria descrença. Após um acidente quase fatal de moto, Stuart encontra uma nova direção, uma surpreendente vocação pelo sacerdócio. Essa jornada de um agnóstico rebelde a um padre católico é o coração do filme, repleta de altos e baixos, fé e dúvidas, e claro, muita, muita luta.
A direção de Rosalind Ross, que também assina o roteiro, é, digamos, peculiar. Há momentos de pura poesia visual, contrastando com outros de uma crueza quase documental. A câmera acompanha Stu com uma intensidade quase sufocante, nos colocando diretamente em sua pele, em seus dilemas e sofrimentos. Entretanto, o roteiro, embora baseado em uma história real fascinante, peca em alguns momentos por uma certa previsibilidade e por um desenvolvimento ligeiramente apressado de certos aspectos da transformação de Stu. A escolha por não suavizar os personagens, tornando-os em alguns momentos desagradáveis ou mesmo antipáticos, como apontam alguns críticos, eu entendo, mas não considero necessariamente um ponto negativo. Ela soa mais verdadeira, mais humana.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretora | Rosalind Ross |
| Roteirista | Rosalind Ross |
| Produtores | Mark Wahlberg, Stephen Levinson, Jordan Foss |
| Elenco Principal | Mark Wahlberg, Mel Gibson, Jacki Weaver, Teresa Ruiz, Malcolm McDowell |
| Gênero | Drama |
| Ano de Lançamento | 2022 |
| Produtoras | Municipal Pictures, Palm Drive Productions |
A atuação de Mark Wahlberg é sem dúvida o pilar central do filme. Ele se entrega completamente ao papel, mostrando uma vulnerabilidade que raramente vemos em suas atuações mais conhecidas. A transformação física é impressionante, mas é a sua entrega emocional que de fato te conquista. Mel Gibson, como seu pai, e Jacki Weaver, como sua mãe, oferecem performances sólidas, mas é Wahlberg quem rouba a cena. Teresa Ruiz, como Carmen, é uma presença serena e carismática que funciona como um contraponto perfeito para a energia explosiva de Stu.
O filme, contudo, não é isento de defeitos. A transição entre o personagem cínico e o devoto, apesar de poderosa, poderia ser mais sutilmente explorada. A jornada espiritual de Stu, por mais impactante, em alguns momentos se sente apressada, atropelando nuances que poderiam enriquecer a narrativa. E há momentos em que a estética, apesar de ousada, beira o melodrama.
Apesar desses pontos fracos, Luta Pela Fé: A História do Padre Stu me tocou profundamente. O filme aborda temas poderosos: fé, redenção, perdão, e a busca pelo propósito de vida. Ele não se esquiva das complexidades da fé, mostrando a jornada espiritual de Stu como um processo árduo e cheio de dúvidas, afastando-se da narrativa piegas que poderia ter tomado. A mensagem central, a ideia de que a verdadeira fé se encontra não na ausência de dúvidas, mas na perseverança diante delas, ressoou em mim com uma força inesperada.
Considerando tudo, recomendaria este filme? Sim, mas com ressalvas. Se você busca um filme impecável em termos técnicos, talvez se decepcione. Mas se você estiver disposto a se envolver numa história inspiradora, bruta e profundamente humana, com uma atuação memorável de Mark Wahlberg, então Luta Pela Fé: A História do Padre Stu é uma experiência cinematográfica que você precisa viver. Você pode assisti-lo em plataformas digitais ou serviços de streaming, e eu o aconselho a dar uma chance. Afinal, a vida, como o filme nos mostra, é cheia de surpresas, e alguns dos melhores presentes vêm em embalagens inesperadas.




