Lutando Pela Família: Mais do que um filme de luta livre
Seis anos se passaram desde que assisti a Lutando Pela Família, e a lembrança daquela comédia dramática ainda me aquece. Dirigido e roteirizado por Stephen Merchant, o longa-metragem de 2019, lançado no Brasil em 03 de agosto do mesmo ano, acompanha a jornada de Saraya-Jade Bevis, uma jovem de Norfolk, Inglaterra, com um sonho aparentemente inatingível: se tornar uma lutadora profissional na WWE. A sinopse, sem spoilers, resume a história como a busca incansável dessa jovem, interpretada magistralmente por Florence Pugh, para equilibrar suas ambições com a realidade da sua família, uma trupe hilária e disfuncional, repleta de amor, rivalidades e muita, muita luta.
A direção de Merchant é um dos pontos altos do filme. Ele equilibra com maestria o humor físico e o drama familiar, criando uma atmosfera autêntica e palpável. A câmera acompanha Saraya com uma proximidade íntima, nos mostrando suas inseguranças, suas dúvidas e sua paixão incandescente pelo wrestling. O roteiro, também assinado por Merchant, é inteligente e perspicaz, sem cair nas armadilhas do clichê. Ele evita o sentimentalismo fácil, optando por um tom realista e frequentemente hilário, que consegue extrair o melhor da dinâmica familiar. Os diálogos são afiados, autênticos, e demonstram um profundo entendimento das relações familiares, especialmente as complexas relações entre irmãos e entre pais e filhos.
O elenco é impecável. Florence Pugh entrega uma performance inesquecível. Sua atuação é visceral, crua, e completamente cativante. Ela consegue capturar a vulnerabilidade de Saraya, sua força de vontade e sua complexa relação com a família. Lena Headey e Nick Frost, como os pais de Saraya, são igualmente brilhantes, construindo personagens complexos e memoráveis. A química entre os atores é notável, e a dinâmica familiar transborda energia para a tela, nos envolvendo em seus altos e baixos. Vince Vaughn, como o treinador Hutch Morgan, adiciona um toque de leveza e sarcasmo, enquanto Jack Lowden complementa o elenco com sua atuação como o irmão de Saraya.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Stephen Merchant |
| Roteirista | Stephen Merchant |
| Produtores | Michael J. Luisi, Kevin Misher, Dwayne Johnson, Stephen Merchant, Dany Garcia |
| Elenco Principal | Florence Pugh, Lena Headey, Nick Frost, Vince Vaughn, Jack Lowden |
| Gênero | Comédia |
| Ano de Lançamento | 2019 |
| Produtoras | WWE Studios, Misher Films, Seven Bucks Productions, Film4 Productions, The Ink Factory, Metro-Goldwyn-Mayer |
Apesar dos seus incontáveis acertos, o filme não é perfeito. Alguns podem achar que a narrativa se arrasta em certos momentos, e outros podem criticar a sua precisão biográfica. Na verdade, concordo com parte das críticas que vi em 2019: Lutando Pela Família não é um filme sobre wrestling, mas sim com o wrestling como pano de fundo para uma história muito mais profunda sobre família e ambição. Essa é, na minha visão, a sua maior força e, ao mesmo tempo, a sua maior fraqueza para quem busca um retrato fiel do universo da luta livre profissional.
O tema central do filme é a importância da família, mesmo com suas imperfeições. O filme explora as complexidades das relações familiares, a pressão para atender às expectativas dos pais e a dificuldade de seguir seus sonhos. Embora o enredo gire em torno da busca por sucesso no mundo do wrestling, a mensagem principal é universal: a necessidade de apoio, compreensão e amor incondicional dos que nos são próximos para nos ajudar a alcançar nossos objetivos, mesmo que isso signifique quebrá-los no processo.
Ao final da projeção, em 2019, saí do cinema com uma sensação de carinho e admiração por essa família improvável. Apesar das suas pequenas falhas, Lutando Pela Família é um filme profundamente humano e genuíno, que celebra os laços familiares e a busca incansável por nossos sonhos, mesmo quando eles parecem impossíveis. Recomendo fortemente o filme para quem aprecia comédias dramáticas com personagens memoráveis e uma história cativante. Se você busca um filme que o faça rir, chorar e se conectar com a jornada de uma família peculiar, procure-o em alguma plataforma de streaming. Vale muito a pena revisitar, mesmo seis anos depois de seu lançamento. Afinal, algumas histórias, assim como a família Knight, ficam para sempre em nossos corações.
