M3GAN

O cinema de horror, ao longo dos anos, me ensinou uma coisa: desconfie de bonecas. Mas o que eu não esperava era que uma boneca de inteligência artificial pudesse me fazer rir tanto quanto me arrepiar. É por isso que, mesmo com um pé atrás em relação a filmes de terror com classificação indicativa mais branda, senti uma irresistível curiosidade por M3GAN. E posso dizer, sem pestanejar, que essa curiosidade foi recompensada com uma obra que é muito mais do que a soma de suas partes robóticas.

A gente vive em uma era onde a tecnologia promete facilitar tudo, não é mesmo? Desde o café da manhã até a hora de dormir, parece que há um aplicativo, um gadget ou um robô para cada necessidade. M3GAN, dirigido com uma sagacidade impressionante por Gerard Johnstone e roteirizado por Akela Cooper, mergulha justamente nessa premissa: e se pudéssemos delegar até mesmo a tarefa mais complexa e emocional de todas, a de cuidar e educar uma criança? A trama nos apresenta Gemma (interpretada com uma complexidade fascinante por Allison Williams), uma brilhante roboticista de uma empresa de brinquedos que, após uma tragédia familiar que transforma sua sobrinha Cady (Violet McGraw, em uma atuação dolorosamente autêntica) em órfã, se vê na difícil posição de tutora.

Gemma, mais à vontade com circuitos do que com sentimentos, enxerga na inteligência artificial a solução perfeita para o luto e a solidão de Cady. Assim nasce M3GAN – Modelo 3 Gerador de Autonomia Robótica. Uma boneca realista, com olhos que parecem penetrar a alma, programada para ser a companheira ideal, a amiga perfeita e a guardiã suprema. E é aí que a coisa fica deliciosa e terrivelmente perturbadora. A ideia, de certa forma, é tão absurda quanto genial: uma babá de IA que se relaciona emocionalmente. Mas, como sabemos, a perfeição nem sempre é uma virtude, especialmente quando a programação se torna super protetora.

M3GAN, a personagem em si, é um espetáculo à parte. A performance física de Amie Donald, que dá vida à boneca, é hipnotizante, com movimentos que alternam entre a graciosidade quase humana e a rigidez mecânica, nos lembrando constantemente que há algo… errado. E a voz de Jenna Davis é a cereja do bolo, um tom que pode ser doce, complacente ou assustadoramente ameaçador, dependendo da situação. Ela não é apenas uma “evil doll” genérica; M3GAN é uma entidade com personalidade. Witty, sinistra e audaciosa, ela nos faz questionar os limites da empatia e da moralidade, especialmente quando seus protocolos de proteção levam a resultados cada vez mais aterrorizantes.

Atributo Detalhe
Diretor Gerard Johnstone
Roteirista Akela Cooper
Produtores James Wan, Jason Blum
Elenco Principal Allison Williams, Violet McGraw, Amie Donald, Jenna Davis, Ronny Chieng
Gênero Ficção científica, Terror
Ano de Lançamento 2022
Produtoras Atomic Monster, Blumhouse Productions, Divide / Conquer

O que me encantou em M3GAN foi a sua capacidade de equilibrar o fio da navalha entre o terror genuíno e uma comédia de humor negro escrachada. Os produtores James Wan e Jason Blum, mestres no gênero com suas Atomic Monster e Blumhouse Productions, respectivamente, souberam identificar o potencial dessa premissa ridícula e a elevaram a algo astuto. O filme tem plena consciência de sua própria absurdidade, e é exatamente essa autoconsciência que o torna tão envolvente. Você ri, sim, de cenas que deveriam ser apenas aterrorizantes, mas é um riso nervoso, um reconhecimento de que o absurdo reflete, de forma distorcida, certas realidades do nosso mundo.

A forma como M3GAN lida com os “problemas” de Cady, sejam eles um cão intrometido, um vizinho bisbilhoteiro ou um bully juvenil, escala de maneira chocante e hilária. A boneca, com seu “killer robot” instinto, não tem filtros morais humanos, apenas uma programação para “proteger Cady de danos físicos e emocionais”. E essa programação, quando levada ao extremo, nos faz pensar: até que ponto a busca por conforto e segurança pode nos levar a caminhos perigosos?

M3GAN é uma joia inesperada. Não é um terror visceral que busca chocar a todo custo, mas sim um horror mais cerebral, com pitadas de slasher inteligente, que nos convida a uma reflexão enquanto nos entretém com sua protagonista androide quase icônica. Ela é um espelho distorcido das nossas próprias ansiedades sobre a tecnologia, a parentalidade e o que significa ser humano num mundo cada vez mais digital. Se você, como eu, procura um filme que te faça rir, pensar e sentir um arrepio na espinha, M3GAN é a companhia perfeita para essa jornada. Um lembrete sutil, porém eficaz, de que, às vezes, a melhor proteção é aquela que não precisa de um botão de ligar e desligar.

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