Maalikaya: Uma Ode à Intimidade ou um Simples Estudo de Caso?
Confesso, cheguei a Maalikaya com certo ceticismo. O lançamento em 13 de setembro de 2025, a associação com a Vivamax, o rótulo “softcore”… tudo isso pintava um quadro, digamos, previsível. Esperava mais um filme que explorasse a sexualidade de forma superficial, descartável. Mas, para minha surpresa (e talvez decepção para aqueles que esperavam exatamente isso), Maalikaya transcendeu, em certos aspectos, suas próprias expectativas, mesmo que não sem tropeços.
A sinopse, sem entrar em detalhes, nos apresenta Lila, Kara, e um grupo de mulheres em meio a um drama de relações complexas, permeado por romance e, sim, cenas de nudez. A trama se desenrola com uma lente focada na intimidade feminina, na busca por conexão e autodescoberta. Não espere uma narrativa linear e previsível. Maalikaya opta por um ritmo mais contemplativo, que, para alguns, pode se tornar arrastado, mas que, para outros, como eu, revelará camadas sutis de emoção e vulnerabilidade.
A direção de Roman Perez Jr. é, sem dúvida, o ponto mais forte do filme. Ele consegue capturar a atmosfera de tensão e desejo com sutileza, evitando a vulgaridade que facilmente poderia ter manchado a obra. A fotografia, embora não seja tecnicamente impressionante, contribui para a criação de uma estética melancólica e introspectiva, que se encaixa perfeitamente ao tom da narrativa. A trilha sonora, sutil e evocativa, complementa este trabalho sensorial de forma primorosa.
Atributo | Detalhe |
---|---|
Diretor | Roman Perez Jr. |
Roteiro | Não disponível |
Produção | Não disponível |
Elenco Principal | Jenn Rosa, Aliya Raymundo, Ruby Ruiz, Sheena Cole, Karen Lopez |
Gênero | Drama, Romance |
Ano de Lançamento | 2025 |
Produtoras | Vivamax, Pelikula Indiopendent |
Porém, o roteiro – cujo nome do autor não foi disponibilizado – demonstra suas fragilidades. Em alguns momentos, a narrativa se perde em divagações, falhando em aprofundar o desenvolvimento de seus personagens secundários. A construção da trama, embora tenha momentos de brilho, carece de uma coesão mais firme, o que torna a experiência de assistir Maalikaya um pouco irregular.
E as atuações? Jenn Rosa como Lila e Aliya Raymundo como Kara carregam a responsabilidade do peso emocional do filme nos ombros, e o fazem com louvor. A química entre elas é palpável, transmitindo de forma convincente o turbilhão de emoções que as personagens experimentam. Ruby Ruiz, Sheena Cole e Karen Lopez, embora com papéis menores, adicionam nuances importantes ao universo feminino apresentado no filme.
Maalikaya busca confrontar as normas sociais em torno da sexualidade feminina e da representação da mulher no cinema, mas nem sempre consegue expressar sua mensagem com clareza. A ambiguidade, enquanto um recurso que funcionaria bem em determinados trechos, se torna um problema em outros, deixando lacunas na compreensão da história. Os temas de autoaceitação e a construção da identidade feminina são, sem dúvidas, o coração do filme, mas a abordagem, por vezes, superficial, impede que esses temas alcancem todo o seu potencial.
No fim das contas, Maalikaya é uma experiência cinematográfica ambivalente. É um filme que se atreve a explorar temas complexos e relevantes, mas que peca pela execução desigual. É um filme que consegue momentos de beleza e sensibilidade, mas que também se perde em momentos de incerteza narrativa. Recomendo-o, porém, com ressalvas. Se você procura um drama romântico ousado que valorize a intimidade feminina, Maalikaya pode lhe oferecer alguns momentos inesquecíveis. Mas se espera um enredo impecável e sem tropeços, talvez seja melhor procurar outras opções. A beleza de Maalikaya reside em sua fragilidade, numa honestidade em suas falhas, que o torna, paradoxalmente, genuíno. É uma obra que certamente gerará debates, e este é um dos seus maiores méritos.