MadS: Uma Viagem Alucinante para o Abismo da Realidade
Meu Deus, que filme! MadS, lançado em 2024, chegou às plataformas digitais no ano passado e, acreditem, ainda estou processando a experiência. A sinopse básica é simples: um adolescente, antes de uma noite de farra, encontra seu traficante para testar uma nova droga. No caminho de volta, um encontro casual com uma mulher ferida desencadeia uma espiral descendente para um território surreal e aterrorizante. Parece clichê? É, mas acreditem, o filme transcende as expectativas.
David Moreau, na direção e roteiro, faz um trabalho primoroso. Ele tece uma narrativa que te prende do início ao fim, explorando a fragilidade mental de seu protagonista num ritmo impecável. A atmosfera claustrofóbica, construída com maestria pela fotografia, te acompanha durante toda a trama, amplificando a sensação de crescente pavor. Não é um terror explícito, mas sim um terror psicológico que te cutuca, que te incomoda profundamente, que se instala em você como uma sombra sinistra.
As atuações, sem exceção, são impressionantes. Lucille Guillaume, como Julia, e Laurie Pavy, como Anaïs, são particularmente notáveis. Elas constroem personagens complexos, com nuances sutis que contribuem para a densidade emocional da história. A interpretação de Sasha Rudakova, como a mulher no caminho, é breve, mas inesquecível, deixando uma marca na mente que se prolonga muito depois dos créditos finais. Milton Riche e Yovel Lewkowski também entregam performances sólidas, complementando o elenco.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | David Moreau |
Roteirista | David Moreau |
Produtor | Yohan Baiada |
Elenco Principal | Lucille Guillaume, Laurie Pavy, Milton Riche, Yovel Lewkowski, Sasha Rudakova |
Gênero | Terror, Thriller |
Ano de Lançamento | 2024 |
Produtora | Les Enfants Terribles |
Entretanto, o roteiro, apesar de brilhante na construção da atmosfera, apresenta algumas falhas. Algumas escolhas narrativas no terceiro ato se sentem apressadas, um pouco gratuitas, comprometendo minimamente a coerência interna da história. No entanto, isso é uma crítica menor diante da força do conjunto da obra.
Os pontos fortes de MadS são inúmeros: a direção segura de Moreau, as atuações excepcionais, a atmosfera carregada de tensão, e a exploração inteligente do subgênero de terror psicológico. O filme é uma metáfora potente sobre a fragilidade da sanidade e a assustadora fragilidade da realidade, explorando os temas da perda de controle, da dependência química, e o quanto um simples desvio na jornada pode conduzir ao desconhecido, ao inevitável. O filme funciona como um estudo de caso sobre o poder das drogas e seus efeitos devastadores na psique humana.
Porém, o filme não está isento de críticas. Como já mencionado, o terceiro ato poderia ser mais bem trabalhado. Além disso, MadS, apesar da força temática, pode não ser para todos. Se você procura sustos baratos e violência explícita, provavelmente se sentirá decepcionado. A obra busca, acima de tudo, um impacto psicológico profundo, algo que pode ser desconfortável para alguns espectadores.
Em resumo, MadS é um filme intenso, perturbador, e memorável. É um exercício de estilo que se destaca pela sua atmosfera opressiva e pelas atuações brilhantes. Apesar de alguns pequenos deslizes, ele se estabelece como uma obra importante dentro do gênero terror psicológico, com uma mensagem perturbadora e relevante para os tempos atuais. Recomendo fortemente para aqueles que apreciam filmes que desafiam o espectador, que instigam reflexões e que não se limitam a fórmulas batidas. A experiência pode ser desconfortável, sim, mas vale cada segundo. Você não se esquecerá de MadS tão cedo.