Malévola: Uma Bruxa com Alma (ou Será?) – Uma Resenha em 2025
Onze anos se passaram desde que Malévola chegou aos cinemas em 2014, e, olhando para trás, percebo que o filme ocupa um lugar curioso na minha memória cinéfila. Não se trata de uma obra-prima indiscutível, mas sim de uma experiência complexa, repleta de nuances que continuam a me fascinar – e, em alguns momentos, a me irritar. A premissa é simples: uma releitura do conto de fadas da Bela Adormecida, desta vez sob a perspectiva da icônica vilã. Mas a execução, como veremos, é bem mais intrigante do que o esperado.
O filme acompanha a trajetória de Malévola, uma fada poderosa e protetora de um reino mágico, que sofre uma profunda traição, culminando em uma maldição terrível lançada sobre a princesa Aurora. A sinopse, porém, esconde a riqueza de camadas presentes na narrativa. Há um romance trágico, uma jornada de redenção, e uma exploração da natureza do bem e do mal, tudo isso embalado por uma estética visual deslumbrante.
A direção de Robert Stromberg merece elogios. A fotografia é de tirar o fôlego, com uma paleta de cores vibrantes e sombrias que acompanham o tom da história. Os efeitos visuais, considerando o ano de lançamento, impressionam ainda hoje, principalmente as sequências envolvendo as asas de Malévola, verdadeiras obras de arte digital. No entanto, o roteiro de Linda Woolverton, apesar de suas ambições narrativas, apresenta algumas inconsistências e momentos de melodrama excessivo. O ritmo oscila, com alguns trechos arrastados e outros que parecem atropelados, e a transição entre os atos não é sempre fluida.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Robert Stromberg |
Roteirista | Linda Woolverton |
Produtor | Joe Roth |
Elenco Principal | Angelina Jolie, Elle Fanning, Imelda Staunton, Sharlto Copley, Lesley Manville |
Gênero | Fantasia, Aventura, Ação, Família, Romance |
Ano de Lançamento | 2014 |
Produtoras | Walt Disney Pictures, Roth Films |
Angelina Jolie, no papel-título, é simplesmente fenomenal. Sua Malévola é uma figura complexa, imponente e ao mesmo tempo vulnerável, capaz de transmitir uma gama surpreendente de emoções com apenas um olhar. A química entre Jolie e Elle Fanning, como a princesa Aurora, funciona bem, construindo um relacionamento maternal intrigante que transcende a relação “vilã-princesa” tradicional. As atuações de apoio, com destaque para Imelda Staunton e Lesley Manville como as fadas protetoras de Aurora, são sólidas, embora o papel de Sharlto Copley como Stefan seja um tanto unidimensional, caindo em alguns clichês.
Entre os pontos fortes de Malévola, destaco a beleza visual deslumbrante, a performance excepcional de Angelina Jolie e a abordagem inovadora do conto de fadas clássico. O filme questiona os rótulos morais preconcebidos e apresenta uma visão mais matizada da vilania, mostrando como as circunstâncias e a traição podem levar até mesmo os seres mais puros à escuridão.
Por outro lado, o roteiro nem sempre consegue acompanhar a ambição da direção, falhando em explorar adequadamente certos aspectos da história. Algumas reviravoltas são previsíveis, e a mensagem central, embora bem intencionada, às vezes fica um pouco diluída em meio ao excesso de elementos fantasiosos.
A recepção da crítica em 2014 foi, na minha opinião, um pouco dividida. Muitos elogiaram a estética e a atuação de Jolie, mas outros criticaram o roteiro. Acredito que, em 2025, o filme se beneficia de uma observação mais madura, capaz de apreciar suas qualidades sem se prender tanto às falhas. A reinterpretação da clássica história da Bela Adormecida é corajosa e, em muitos aspectos, bem-sucedida.
Em resumo, Malévola é um filme que diverte, emociona e, acima de tudo, faz pensar. Não é perfeito, mas sua beleza visual, a performance marcante de Angelina Jolie e a sua abordagem ousada ao material de origem o tornam uma experiência cinematográfica memorável. Recomendo para aqueles que buscam um conto de fadas diferente, que não se limita aos tradicionais padrões de bem e mal, e para os apreciadores de um bom trabalho de direção de arte. Se você já assistiu e achou irregular, talvez uma nova visão, com a perspectiva do tempo, revele a magia que este filme carrega.