Você já sentiu aquela pontada de curiosidade que se transforma em uma espécie de obsessão gentil por um pedaço de arte que ainda nem desvendou todos os seus segredos? É exatamente assim que me sinto em relação a Mantis. E olha, não é todo dia que um filme me agarra desse jeito, ainda mais quando a gente se aproxima de um título que, por si só, já parece sussurrar histórias complexas antes mesmo de a primeira imagem piscar na tela. Hoje é 27 de setembro de 2025, e Mantis acabou de pousar, e o burburinho que o cerca é… diferente. Não é o estardalhaço dos blockbusters, mas algo mais sutil, mais persistente.
Por que Paolo Gallina escolheu o nome Mantis? Essa é a pergunta que ecoa na minha cabeça desde que ouvi falar do projeto. Uma criatura de movimentos tão calculados, de uma beleza quase alienígena e, ao mesmo tempo, de uma brutalidade tão visceral. Ela espera. Observa. Ataca. Há algo de hipnótico nisso, não acha? E se o filme seguir essa lógica, bem, podemos estar diante de algo que nos desafia a olhar para as sombras, para o que é desconfortável, mas fascinante. Eu, particularmente, adoro quando uma obra me tira do lugar-comum, quando me obriga a processar sentimentos e ideias que nem sabia que estavam lá.
O que realmente me fisgou em Mantis, antes mesmo de pisar na sala escura, foi a coragem quase imprudente de Paolo Gallina. Diretor, roteirista e, pasme, um dos protagonistas. Que tipo de visão singular e intransigente é essa que o leva a assumir tantos chapéus? É como se ele estivesse tecendo cada fio da tapeçaria com as próprias mãos, garantindo que sua impressão digital esteja em cada nó, em cada cor. É um ato de fé no próprio olhar, um mergulho profundo na própria mente. Isso, por si só, já me diz muito sobre o que podemos esperar: um filme que provavelmente vem de um lugar muito pessoal, talvez até doloroso, mas inegavelmente autêntico. Não é sempre que vemos uma obra onde a voz do criador é tão palpável, tão sem intermediários. E isso, meu amigo, é um risco que, quando bem-sucedido, eleva a arte a outro patamar.
A gente tende a pensar que um diretor que também atua pode estar diluindo seu foco, mas com Gallina, eu sinto o oposto. Parece que ele está concentrando a energia criativa de forma tão intensa que o resultado só pode ser algo visceral. Imagina a dificuldade, a entrega, a vulnerabilidade de se dirigir enquanto se está ali, na frente das câmeras, expondo uma parte de si. Isso me faz pensar em outros grandes que trilharam caminhos semelhantes, e a marca que deixaram. É um controle quase absoluto da narrativa, da cadência, das respirações – tanto as suas quanto as dos personagens.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Paolo Gallina |
| Roteirista | Paolo Gallina |
| Elenco Principal | Paolo Gallina, Matteo Radaelli, Alessandro Calì Ventura, Marco Antonini, Salvatore Torrisi |
| Ano de Lançamento | 2025 |
E falando em personagens, embora eu não possa te dar detalhes da trama (e talvez a beleza seja justamente essa ausência, essa permissão para a imaginação), a presença de nomes como Matteo Radaelli, Alessandro Calì Ventura, Marco Antonini e Salvatore Torrisi no elenco me diz que Gallina não está sozinho nessa jornada de imersão. Eles são a espinha dorsal que sustenta essa visão, as vozes que dialogam com a do próprio diretor. Um projeto tão autoral como Mantis exige não apenas talento, mas uma sintonia rara entre os atores e a direção. Não é só seguir um roteiro; é entender a alma daquele que o escreveu e dirige, é respirar a mesma atmosfera que ele criou. E pelo que pude observar (ou melhor, sentir), essa química parece estar lá, pulsante, dando vida a cada cena, a cada silêncio.
Mantis não é um filme que se entrega facilmente. Ele não te segura pela mão e te guia por um caminho reto. Pelo contrário, ele te desafia a se perder um pouco, a sentir a estranheza do desconhecido. A narrativa, que se desenrola com uma paciência quase predatória, como a criatura que lhe dá nome, nos força a olhar para as entrelinhas, para os gestos não ditos, para as nuances que se escondem nas sombras. É um filme que me fez pensar sobre o poder da observação, sobre o quão pouco realmente sabemos sobre o que se passa sob a superfície, seja de uma pessoa ou de uma situação.
Ao sair da sala, não saí com respostas prontas. E sabe de uma coisa? Adorei isso. Mantis não busca didatismo, mas sim ressonância. Ele te planta uma semente de inquietação, de contemplação, e te deixa com a tarefa de regá-la com suas próprias reflexões. É o tipo de cinema que persiste na mente muito depois dos créditos rolarem, aquele que te faz revisitar cenas, diálogos (ou a ausência deles), e questionar o que você realmente viu. É, sem dúvida, uma obra que marca, não pelo choque fácil, mas pela sua habilidade de se infiltrar na sua percepção, como um predador silencioso e belo. E para um crítico, para um amante de cinema, essa é a maior das recompensas.




