Mar em Chamas

Gente, sabe aquela sensação de quando a gente se senta para assistir a um filme e, lá no fundo, tem aquela esperança de ser transportado, de sentir algo real, algo que ressoa? Pois é, foi exatamente isso que me puxou para Mar em Chamas (ou “The North Sea”, como é conhecido lá fora), um filme norueguês que chegou aos cinemas brasileiros em setembro de 2022 e que, mesmo três anos depois, ainda ecoa na minha cabeça. Não vou mentir, minha curiosidade foi atiçada por um misto de fascínio com o poder destrutivo da natureza e, claro, pela promessa de que vinha dos mesmos produtores de “Terremoto”. E quem não gosta de um bom desastre bem orquestrado na tela grande, não é?

O filme, dirigido por John Andreas Andersen e com roteiro de Lars Gudmestad e Harald Rosenløw-Eeg, mergulha, literalmente, nas profundezas do Mar do Norte, um cenário que, por si só, já evoca uma grandiosidade implacável e uma certa melancolia. A premissa é um soco no estômago: a exploração desenfreada de petróleo começa a cobrar seu preço, e uma plataforma de perfuração entra em colapso. É aí que entra Sofia (interpretada com uma intensidade palpável por Kristine Kujath Thorp), uma piloto de submarino e pesquisadora que, de repente, se vê no epicentro de uma catástrofe iminente. Ela não é só uma especialista; ela é a personificação da resiliência humana diante de um mundo que parece desmoronar.

O que me prendeu em Mar em Chamas não foi apenas o espetáculo visual da destruição – que, diga-se de passagem, é de tirar o fôlego, com efeitos práticos e digitais que te jogam para dentro do inferno que se instala no oceano. Foi a humanidade crua que transborda da tela. Sofia, por exemplo, não é uma heroína invencível. Vemos seus nós dos dedos ficarem brancos enquanto ela aperta os controles do submarino, o suor escorrendo pela testa, os olhos refletindo uma mistura de desespero e uma determinação quase obstinada. Ela erra, ela tem medo, mas ela segue em frente. E é essa vulnerabilidade que nos conecta a ela, que nos faz torcer, prender a respiração a cada tremor da estrutura metálica.

Os roteiristas não se contentaram em entregar um filme de ação superficial. Há uma camada sutil, mas profunda, de drama e thriller que permeia toda a narrativa. A exploração do petróleo, essa faca de dois gumes do progresso, é mostrada em toda a sua complexidade. Não há um vilão caricato; o “vilão” é a própria ambição humana, a busca incessante por recursos que nos leva a lugares cada vez mais extremos, cada vez mais perigosos. Mar em Chamas nos força a questionar: qual é o limite? Vale a pena o risco? Quando a plataforma range e explode, não é apenas metal se retorcendo, é a nossa própria consciência ambiental sendo testada.

Atributo Detalhe
Diretor John Andreas Andersen
Roteiristas Lars Gudmestad, Harald Rosenløw-Eeg
Produtores Catrin Gundersen, Martin Sundland, Therese Bøhn
Elenco Principal Kristine Kujath Thorp, Henrik Bjelland, Rolf Kristian Larsen, Anders Baasmo Christiansen, Bjørn Floberg
Gênero Ação, Thriller, Drama
Ano de Lançamento 2021
Produtoras Fantefilm, Chezville, Nordisk Film Norway

O elenco, aliás, merece aplausos. Kristine Kujath Thorp entrega uma performance magnética, carregando o peso da trama em seus ombros de forma convincente. Henrik Bjelland como Stian, Rolf Kristian Larsen como Arthur, Anders Baasmo Christiansen como Ronny e o sempre competente Bjørn Floberg como William Lie, todos contribuem para criar um microcosmo de pessoas presas em uma situação desesperadora. As interações, os olhares de desamparo e esperança, as decisões rápidas tomadas sob pressão – tudo isso constrói um tecido narrativo que é tão humano quanto claustrofóbico. A gente sente o cheiro do óleo misturado com a água salgada, a pressão esmagadora do fundo do mar, o desespero que consome os personagens.

A direção de John Andreas Andersen é um show à parte. Ele consegue alternar momentos de suspense silencioso, onde o único som é o estalo da estrutura ou a respiração ofegante de Sofia, com sequências de ação explosivas que te deixam sem ar. O ritmo é implacável, mas nunca cansativo. Há uma pausa aqui, um fôlego ali, apenas para te jogar de volta no turbilhão da catástrofe. É como uma montanha-russa emocional, onde você não sabe o que esperar na próxima curva, mas sabe que vai ser intenso. As transições entre os cenários – da superfície caótica para o interior apertado do submarino, para as profundezas escuras onde tudo pode dar errado – são fluidas e contribuem para a imersão total.

Mar em Chamas é mais do que um filme sobre um desastre; é um espelho para nossas próprias escolhas, nossos medos e a fragilidade do nosso controle sobre a natureza. É um thriller de ação que te mantém na ponta da cadeira, um drama que te faz pensar e uma experiência cinematográfica que, para mim, permanece vívida. Se você, assim como eu, aprecia um cinema que não tem medo de mergulhar em temas complexos enquanto entrega um espetáculo visual e emocional, dê uma chance a este filme norueguês. Ele prova que não precisamos de grandes orçamentos hollywoodianos para sentir o peso de uma catástrofe iminente e a força inabalável do espírito humano. E convenhamos, num mundo que anda tão caótico, um lembrete da nossa própria capacidade de lutar, mesmo contra as maiores forças, nunca é demais.

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