Marco

Sabe, a gente que respira cinema vive uma busca incessante por filmes que nos tirem do eixo, que nos provoquem a pensar, mesmo que nos deixem com um gosto amargo na boca. E eu, veja bem, tive essa experiência recentemente com Marco. Não foi uma jornada fácil, não senhor, e talvez seja exatamente por isso que sinto uma urgência quase palpável em falar sobre ele. Em meio a tantos lançamentos que chegam por aqui, Marco, dirigido e roteirizado por Haneef Adeni, da Cubes Entertainments, é daquele tipo que não pisa em ovos e, para ser bem honesto, me deixou com os nervos à flor da pele, questionando os limites do que consideramos um “herói” de ação.

Quando o título Marco ecoou pela primeira vez, e eu soube que era um thriller de ação e crime, a expectativa era de adrenalina pura. Mas o que Adeni nos entrega é algo que vai muito além de meras sequências de porradaria. Ele nos joga num caldeirão onde a vingança não é um prato que se come frio; ela é fervida, borbulhante, e exala um vapor quase tóxico. A performance de Unni Mukundan como Marco Jr. é o coração, ou talvez o punho, que pulsa no centro dessa história. Marco não é o herói convencional que você torce sem pestanejar. Ele é um “family man” que, por alguma reviravolta brutal – e o filme não nos poupa dos detalhes das suas motivações –, se transforma em uma máquina de “revenge killing”. E é aí que a complexidade começa a nos corroer.

Unni Mukundan veste a pele desse Marco Jr. com uma intensidade que te prende, mesmo quando você quer desviar o olhar. A agressividade dele não é gratuita; ela é visceral, uma linguagem bruta de dor e perda. Lembro de uma cena específica onde ele não fala uma palavra, mas a maneira como seus olhos apertam, a mandíbula travada enquanto ele observa seus alvos, é mais eloquente do que qualquer diálogo. Ele é um homem à beira do abismo, e sua fúria é um abismo ainda maior que ele cava para os outros. Sim, ele se encaixa na descrição de “action hero”, mas com uma camada de crueldade que me fez, em vários momentos, sentir genuinamente “disgusted” pela violência que ele inflige, e ainda assim, eu não conseguia parar de assisti-lo. É essa dualidade que Haneef Adeni explora com maestria: a atração pelo espetáculo da ação e a repulsa pela sua brutalidade intrínseca.

O elenco de apoio é a engrenagem que permite que essa máquina de vingança gire. Siddique, como George D’Peter, e Ishan Shoukath, como Victor D’Peter, são o tipo de antagonistas que te fazem entender, ainda que não justificar, a fúria de Marco. Eles constroem personagens que são pilares da corrupção e do poder, criando um cenário crível para a espiral de violência. E Kabir Duhan Singh, como Cyrus Issac, acrescenta outra camada de ameaça, um lembrete constante de que a busca de Marco não é um caminho solitário, mas um jogo mortal com múltiplos jogadores.

AtributoDetalhe
DiretorHaneef Adeni
RoteiristaHaneef Adeni
ProdutoresShareef Muhammed CIG, Abdul Ghadaf
Elenco PrincipalUnni Mukundan, Siddique, Ishan Shoukath, Jagadish, Abhimanyu Thilakan, Kabir Duhan Singh, Anson Paul, Ajith Koshy, Durva Thaker, Yukti Thareja
GêneroAção, Crime, Thriller
Ano de Lançamento2024
ProdutoraCubes Entertainments

Haneef Adeni não tem medo de mergulhar nas sombras. O roteiro dele é afiado, sem floreios, e a direção é calculada para nos manter na ponta da cadeira, mas também para nos confrontar com as consequências. A cinematografia é escura, opressiva, quase claustrofóbica em alguns momentos, acentuando a atmosfera de crime e thriller. Não espere um conto de fadas; espere um soco no estômago. E o ritmo? Ah, o ritmo é uma montanha-russa imprevisível. Há momentos de tensão sufocante, onde o silêncio é tão ensurdecedor quanto um tiro, alternados com explosões de ação que te fazem prender a respiração, o suor escorrendo pelas costas, como se você estivesse ali, no meio do caos.

Marco não é um filme para quem busca conforto ou respostas fáceis. Ele é uma meditação brutal sobre a vingança, sobre o que acontece quando um “family man” é empurrado ao seu limite e decide que a única justiça é aquela feita com as próprias mãos, não importa quão “toxic” essa jornada se torne. Saí do cinema com a cabeça cheia de perguntas, com a imagem de Marco Jr. pairando, não como um salvador, mas como um espectro da própria escuridão humana. E talvez, no final das contas, seja exatamente essa a intenção de Haneef Adeni. Mexer conosco, nos deixar desconfortáveis, nos fazer sentir, para que possamos, talvez, entender um pouco melhor a linha tênue que separa a justiça da barbárie. E eu, por mim, acho que é um trabalho bem-feito.

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